Déficit habitacional em São Paulo permanece elevado mesmo com expansão do MCMV
Dados reforçam importância de investimentos contínuos em habitação de interesse social
São Paulo enfrenta um déficit habitacional persistente, apesar dos avanços recentes na construção de moradias populares, só na capital, eram aproximadamente 370 mil domicílios em situação precária, com coabitação forçada ou aluguel comprometendo mais de 30% da renda familiar. A demanda projetada até 2025 aponta para a necessidade de 462 mil novas unidades habitacionais.
Um levantamento divulgado em maio deste ano mostrou que o déficit habitacional em todo o país chega a 5,9 milhões de unidades. Apesar de uma leve melhora em relação a anos anteriores, o número continua elevado, especialmente entre as famílias de baixa renda — aquelas com rendimento de até três salários mínimos — que enfrentam o peso do aluguel como principal obstáculo ao acesso à moradia digna.
Em relação à produção, estudos do setor estimam que São Paulo entrega hoje entre 24 mil e 30 mil unidades por ano, enquanto seriam necessárias cerca de 73 mil por ano até 2030 para reduzir o déficit de forma efetiva. A conta não fecha, além de revelar um descompasso claro entre oferta e acesso, além de problemas estruturais de valorização imobiliária e má distribuição dos imóveis.
Por que o mercado econômico, impulsionado pelo MCMV, continua essencial?
O programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), tem sido um pilar importante na tentativa de reverter esse cenário. Entre os principais fatores que explicam sua importância, destacam-se:
- Incentivos urbanísticos: o novo Plano Diretor e mecanismos como o Plano de Intervenção Urbana (PIU) Setor Central, permitem maior aproveitamento dos terrenos localizados próximos à infraestrutura urbana e transporte público, tornando viáveis financeiramente os empreendimentos de interesse social;
- Políticas locais mais ágeis: decretos recentes, como o 63.130 de 2024, e outras medidas municipais têm simplificado processos e aumentado a segurança jurídica para investidores no setor de habitação social;
- Aliança entre público e privado: a Prefeitura de São Paulo destinou, para 2025, cerca de R$ 5,5 bilhões ao programa Pode Entrar, voltado à produção e aquisição de moradias populares, ampliando significativamente os recursos disponíveis para este mercado.
“Essas medidas ajudaram a atrair incorporadoras para o segmento econômico, dinamizando a construção civil, gerando emprego e renda e, ao mesmo tempo, enfrentando diretamente a dificuldade de acesso à moradia para as camadas mais vulneráveis da população”, aponta Roberto Farias, diretor de Incorporação da EPH Incorporadora e Construtora.
“Mesmo com os avanços, a produção ainda está aquém da necessidade real”, explica. O especialista aponta três principais razões para a contínua elevação do déficit habitacional:
- Produção abaixo da demanda: o ritmo atual de entrega de unidades não acompanha a expansão da demanda habitacional, levando muitos anos para equilibrar a conta;
- Alta demanda na base da pirâmide: mais de 900 mil famílias paulistanas seguem comprometendo boa parte da renda com aluguel. A cidade também contabiliza dezenas de milhares de pessoas em situação de rua;
- Desperdício de estoque urbano: os mais de 675 mil imóveis vagos, embora numericamente expressivos, estão majoritariamente fora do alcance da população de baixa renda, seja por localização, estado de conservação ou valor de mercado.
São Paulo vive hoje uma nova fase na política habitacional, marcada por incentivos urbanos e aumento da produção imobiliária. Mas o desafio permanece: o déficit habitacional é estrutural, alimentado por décadas de crescimento desordenado, desigualdade social e políticas urbanas ineficazes.
Na opinião do diretor, “o caminho passa pela ampliação dos empreendimentos do MCMV, uso inteligente de imóveis desocupados, planejamento urbano centrado em inclusão social e maior integração entre poder público e setor privado. Só assim será possível garantir moradia digna para todos e transformar São Paulo em uma cidade mais justa e acessível”, finaliza.
Sobre a EPH Incorporadora
Fundada há 13 anos, a Empresa Paulista de Habitação (EPH Incorporadora) já entregou R$ 421 milhões em VGV e 2 mil unidades habitacionais na capital paulista e na Grande São Paulo. Focada na realização do sonho da casa própria, a empresa alia inovação, qualidade e compromisso social em cada empreendimento.