Mesmo com juros altos, setor logístico avança e registra expansão histórica no 2º trimestre de 2025
São Paulo concentra 76% da absorção líquida nacional; vacância recua, preços sobem e segmento reafirma protagonismo no mercado imobiliário corporativo
Mesmo diante de um cenário macroeconômico marcado por juros elevados e inflação acima da meta, o mercado brasileiro de galpões logísticos e industriais de alto padrão apresentou um desempenho surpreendente no segundo trimestre de 2025. Segundo levantamento da Cushman & Wakefield, a absorção líquida nacional totalizou 618.227 m², mais que o triplo do volume registrado no primeiro trimestre do ano.
O resultado reafirma a resiliência do segmento, impulsionado por uma combinação de retomada nas cadeias de abastecimento, crescimento do consumo e movimentos estratégicos de empresas em busca de eficiência logística. “Apesar da Selic em 15% e de um IPCA ainda pressionado, o setor logístico segue em trajetória de expansão. O segundo trimestre foi especialmente dinâmico, com ocupações relevantes e forte giro de contratos”, avalia Paulo Sampaio, gerente da divisão de industrial e logística da Cushman & Wakefield.
O Estado de São Paulo foi o protagonista do período, responsável por 471.226 m² líquidos absorvidos, o que representa cerca de 76% de toda a absorção nacional no trimestre. A absorção bruta paulista saltou de 95.176 m² no primeiro trimestre para 665.388 m² no segundo, evidenciando um movimento intenso de novas locações, expansões e realocações de empresas.
Outros destaques regionais incluem Minas Gerais, com 143.599 m² líquidos absorvidos, e o Rio de Janeiro, que registrou absorção negativa de -7.224 m². No total, o país recebeu 451.075 m² em novos empreendimentos no período, sendo 434.830 m² somente em São Paulo.
O levantamento da Cushman & Wakefield também aponta que, entre as transações com inquilinos identificados, o setor de comércio, atacado e varejo liderou as ocupações, com 309.685 m² locados. Operadores logísticos somaram 125.846 m², seguidos pela indústria automotiva (119.686 m²) e pelas empresas de ciência e tecnologia (82.827 m²).
Vacância em queda e valores de locação em alta
A taxa de vacância de galpões logísticos de alto padrão no Brasil encerrou o segundo trimestre de 2025 em 8,74%, mostrando uma redução consistente em relação aos 10,09% registrados no trimestre anterior. Esse movimento reflete a forte absorção líquida nacional, que superou o volume de novos empreendimentos entregues no período.
A região Sudeste foi o principal vetor dessa queda, com a taxa de vacância recuando de 10,9% para 9,3%. A região também concentrou grande parte das novas entregas (451.075 m²) e apresentou absorção líquida expressiva, somando 607.601 m².
Em um contexto de demanda aquecida, os valores médios de locação também subiram. O preço pedido médio no Brasil alcançou R$ 26,62/m², um aumento de 4,4% em relação ao trimestre anterior. O avanço foi impulsionado por novos empreendimentos com padrão mais elevado e pela revisão para cima nos preços praticados pelos proprietários.
O Sudeste segue liderando os maiores valores de aluguel, com destaque para o Estado de São Paulo, que atingiu média de R$ 28,44/m² — a mais alta entre os principais mercados do país. Em Minas Gerais, o valor médio ficou em R$ 26,87/m², enquanto no Rio de Janeiro foi de R$ 22,31/m².