‘Futuro da energia e do alimento tem sotaque brasileiro’, afirma CEO da JBS
Em congresso da Abag, Tomazoni defende posição do Brasil no cenário global e a metodologia brasileira de cálculo de emissões na pecuária
O CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que “o futuro da energia e o futuro da alimentação têm sotaque brasileiro” durante o 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) nesta segunda-feira (11), em São Paulo. O executivo participou do painel “Alimentos, Energias e Inovação”, em que defendeu o modelo de produção do país e a metodologia nacional de mensuração de sustentabilidade no setor.
A fala do CEO Global da JBS ressaltou a posição e a importância do Brasil como um dos grandes produtores globais de alimentos, essencial para abastecer o planeta e garantir a segurança alimentar mundial. O executivo apontou que, embora existam barreiras tarifárias, outras normas de regulação, como as ditadas pela Europa, representam obstáculos significativos para a entrada de produtos brasileiros no mercado global.
Em uma das contribuições do painel, Tomazoni defendeu uma metodologia de cálculo de emissões de carbono na pecuária, que, segundo ele, precisa considerar a capacidade de captura das pastagens, além da emissão de metano pelos rebanhos. “O ruminante é um animal extraordinário. Ele pega carbono e fibras e transforma em proteína”, disse o executivo, explicando que a gramínea consumida pelo gado sequestra CO2 do ar e o armazena no solo, e os dejetos dos animais, que contribuem para melhorar a saúde da terra.
Tomazoni ressaltou que a pecuária brasileira, especialmente quando integrada a sistemas de lavoura e floresta, é uma solução para o ambiente e não um problema. Ele defendeu que o Brasil deve combater as normas baseadas em uma agricultura temperada que não se aplicam ao contexto tropical. Para fortalecer essa posição, o executivo enfatizou a necessidade de apoiar as entidades representativas do setor. “É por meio delas que nós podemos ter uma força e representatividade junto aos governos”, afirmou.
Em sua fala, Tomazoni mencionou exemplos para validar a tese, como os estudos de 10 anos da Fazenda Roncador, no Vale do Araguaia, chancelados pela Embrapa. A intenção, segundo ele, é levar esses dados à COP30 e propor a inclusão do modelo de redução de carbono nas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) do Brasil. Ele mencionou ainda que a pecuária será tema de debate na Blue Zone, durante o evento.
Por fim, o CEO Global da JBS destacou a importância de o Brasil usar sua tecnologia e vantagem competitiva para fomentar o comércio global como agente de segurança alimentar. Ele ressaltou que o país tem uma grande oportunidade de ser a ponte necessária para levar tecnologia de produção a países que enfrentam insegurança alimentar, que atinge hoje 2,3 bilhões de pessoas de forma severa ou moderada. “O Brasil poderia usar o trade como entrada e levar a tecnologia desenvolvida no Brasil para desenvolver a produção local nesses países”, pontuou.
O painel, moderado pelo jornalista William Waack, também contou com a participação de Alfredo Miguel (diretor de Assuntos Corporativos, Comunicações e Cidadania para América Latina da John Deere), Larissa Wachholz (senior Fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais – Cebri) e Márcio Santos (CEO da Bayer Brasil e Presidente da Divisão Crop Science Brasil), que debateram sobre a importância das agroalianças para a competitividade e sustentabilidade do agronegócio, tema central do evento.
Acesse: https://www.jbs.com.br/