Migração da citricultura brasileira é impulsionada pelo HLB e demanda soluções integradas
Cinturão Citrícola Expandido ganha importância estratégica; especialistas alertam para a necessidade de controle contínuo da doença
A citricultura brasileira enfrenta um momento crítico com a expansão do Huanglongbing (HLB), conhecido como greening, a pior doença que afeta os citros em todo o mundo. O avanço da praga tem deslocado os plantios tradicionais do Cinturão Citrícola, formado por São Paulo (exceto litoral), Triângulo Mineiro e sudoeste de Minas Gerais, para novos estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Distrito Federal, criando o chamado Cinturão Citrícola Expandido (CCE).
Pesquisadores da Embrapa e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) estudam zoneamentos climáticos e fitossanitários para orientar os produtores na migração dos pomares e na mitigação de riscos, considerando fatores como déficit hídrico, temperaturas elevadas e vulnerabilidade da floração. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) tem sido essencial para identificar áreas limítrofes e avaliar riscos de perda de produção de até 40%.
Segundo o Fundecitrus, a migração dos pomares começou em 2023 e segue em expansão. Apesar da mudança para novas regiões, o HLB permanece uma ameaça constante, e os produtores precisam continuar adotando práticas rigorosas de monitoramento e manejo para proteger os pomares e assegurar a produtividade.
Especialistas reforçam que a mudança de local não substitui o controle da doença. Segundo Francisco de Carvalho, gerente comercial da Hydroplan-EB, “Mudar de local não elimina a necessidade de monitoramento e manejo integrado do HLB. É fundamental manter práticas contínuas de prevenção para garantir produtividade e sustentabilidade do setor”.
A Hydroplan-EB tem desenvolvido soluções sustentáveis para o combate ao psilídeo-dos-citros, vetor do HLB. Óleos essenciais como NARÃ, LIIN e Mullach mostraram-se eficazes em potencializar em até 30% os inseticidas convencionais, aumentando o controle de ninfas de 24,4% para até 90,8% quando usados corretamente. Segundo Danilo Franco, responsável técnico pelo estudo conduzido pela Farm Atac. “Essa eficiência é estratégica para reduzir a pressão da praga nas fases mais vulneráveis da cultura, especialmente nos brotos jovens”.
Desafios e estratégias
Além do controle da doença, produtores enfrentam desafios logísticos e de mão de obra ao migrar para regiões menos tradicionais. É essencial adotar tecnologias digitais de monitoramento contínuo e práticas de manejo integrado, combinando controle químico, físico, biológico e cultural, para proteger os pomares e manter a competitividade da citricultura brasileira.
Com a expansão do Cinturão Citrícola e o uso de tecnologias avançadas, o setor brasileiro busca não apenas manter a produção nacional de suco de laranja, mas também consolidar sua posição no mercado global, respondendo rapidamente aos desafios impostos pelo greening e garantindo sustentabilidade econômica e ambiental.