Avanços científicos e velocidade das transformações no campo são tema de mesa-redonda do 10º CNMA
“Da semente à pós-colheita” destaca revolução dos insumos nos últimos dez anos e o impacto na saúde humana, ambiental e social
A evolução da última década na geração de insumos e bioinsumos, sementes com edição gênica e nutrição de solos e plantas será debatida na mesa-redonda “Da semente à pós-colheita: a revolução disruptiva dos insumos do setor”, parte da programação do 10º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que ocorre dias 22 e 23 de outubro de 2025, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP).
Participam da mesa-redonda a sócia-fundadora e conselheira administrativa da Sementes Oilema, Carminha Gatto; a diretora regional de Originação da Cargill, Josi Andrade; a vice-presidente de Breeding da Divisão Agrícola da Bayer para América Latina, Léa Vargas Mayor; e o diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Ricardo Tortorella. A moderação será feita pela diretora de Bioinsumos da CropLife Brasil, Amália Borsari.
“No Brasil, os avanços em edição gênica e bioinsumos transformaram profundamente o sistema agroalimentar, com impactos positivos para a saúde humana e ambiental, além de oportunidades e desafios relevantes. Entre os benefícios, destaco o avanço dos bioinsumos e biofertilizantes, as práticas conservacionistas que garantem a preservação de recursos naturais, aumento de produtividade e segurança alimentar em um cenário de população crescente”, afirma Carminha.
Segundo ela, o agro brasileiro mantém protagonismo global em inovação, com um campo altamente tecnificado e práticas sustentáveis. “O desafio atual é democratizar o acesso a essas tecnologias para produtores de todos os portes e garantir formação contínua, para acompanhar o ritmo das inovações, ampliando ações estruturantes em educação, capacitação técnica, acesso, governança e valorização social”, ressalta.
Para Josi Andrade, o uso crescente de bioinsumos é mais um capítulo na evolução dos padrões de sustentabilidade no agronegócio brasileiro. Ela pontua que, na agricultura familiar e nas operações em larga escala, essa tecnologia chegou como uma alternativa viável, eficaz e segura, associando proteção de culturas à manutenção da saúde dos solos, além de contribuir para reduzir a pegada de carbono na produção de alimentos, biocombustíveis, fibras e outras matérias-primas.
“A edição gênica é outro vetor de avanço e competitividade para o agronegócio, pois tem facilitado o desenvolvimento de variedades mais resilientes a estresses climáticos, ao ataque de pragas e tolerantes a ambientes produtivos restritivos. Isso contribuiu para termos lavouras ainda mais eficientes e produtivas, mesmo diante de condições climáticas adversas. Vale a pena acrescentar que as mulheres, pelo perfil de liderança que desempenham, têm um olhar diferenciado sobre a nutrição humana, elas são figuras centrais em momentos do nosso desenvolvimento, desde a amamentação até o cuidado diário sobre a qualidade dos alimentos. Isso tudo se conecta com as conversas que teremos no CNMA”, observa.
Léa Vargas Mayor lembra que hoje a produção agropecuária brasileira alimenta cerca de 800 milhões de pessoas e que o país tem um papel de protagonismo na produção mundial de grãos, devendo encerrar este ano com a maior safra da sua história – mais de 353,8 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Esse sucesso não aconteceu por acaso. O desenvolvimento de sementes mais adaptadas às diferentes regiões e realidades do país, por exemplo, contribui para ganhos de produtividade com maior segurança e uma agricultura mais regenerativa. Além disso, as soluções biológicas trazem oportunidades e benefícios enormes de negócio, complementando as soluções químicas existentes, protegendo a biodiversidade e apoiando o manejo de resistência no controle de pragas e doenças”, detalha.
Ela comenta que essas tecnologias são chave para fortalecer e auxiliar produtores a superarem desafios agrícolas críticos, como pragas, doenças e mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, endereçam a demanda global crescente por alimentos, que exige soluções tecnológicas cada vez mais integradas à agenda ambiental. Para os próximos 10 anos, Léa tem a expectativa de uma escalada ainda mais significativa dessas tecnologias na iniciativa privada, academia e setor público.
Base educacional como alicerce para inovação
Amália Borsari destaca que os avanços das pesquisas em genômica, associados ao desenvolvimento de novos produtos, transformaram a relação entre ciência, inovação e impacto social, ambiental e humano no Brasil. “A integração dos insumos biológicos ao combate à fome e pobreza, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, exige parcerias sólidas e sustentáveis e investimentos robustos em inovação e pesquisa, acelerando o desenvolvimento e a chegada de novas tecnologias ao campo”, enfatiza.
Para a moderadora, o estímulo à pesquisa deve caminhar com o fortalecimento da base científica nas universidades e instituições públicas, assegurando a liderança brasileira em ciência do agro. “Além disso, o diálogo permanente entre indústria, governo e sociedade civil na regulamentação de bioinsumos amplia a segurança jurídica e incentiva investimentos de longo prazo.”
Amália reforça que a ciência de precisão deve estar presente desde a formação de base, engajando profissionais de forma eficiente: “Universidades, escolas técnicas e programas de capacitação precisam contemplar biologia, agricultura regenerativa e inovação digital para impulsionar o equilíbrio ambiental e capacitar novas gerações para transformar conhecimento em soluções aplicáveis.”
Segundo Josi, no cenário de competitividade do agronegócio, o Brasil tem uma vantagem que é o perfil empreendedor das pessoas que se dedicam ao trabalho no campo. Ela afirma que uma característica muito importante dessa força é a presença feminina, que agrega um olhar diferenciado para a inovação, especialmente quanto à necessidade de adaptação a tecnologias que estão chegando com muita rapidez, como a inteligência artificial, que pode otimizar a tomada de decisões, da produção à logística. “A força dessa força de trabalho, do olhar feminino na liderança e a maior troca de experiências é essencial para a evolução da sustentabilidade e produtividade do agro brasileiro.”
Ela entende que a discussão no CNMA é estratégica, pois reconhece o protagonismo feminino como força transformadora no campo. “A mulher, por sua habilidade multitarefa e criatividade, quebra paradigmas e traz novas perspectivas para uma agricultura mais humana e conectada às demandas sociais e ambientais. Trazer essa pauta para o Congresso é fortalecer de fato o papel feminino na inovação, com impacto real nos resultados econômicos, sociais e ambientais do setor”, complementa.
Para Carminha, o impacto desse tema no CNMA é fortalecer o protagonismo feminino na gestão rural e ampliar o acesso a tecnologias inovadoras. “Isso rompe estereótipos, promove formação de novas cientistas, agrônomas, gestoras e empreendedoras, e amplia a visibilidade sobre a importância de incluir mais mulheres no processo de transformação do agro desde a base educacional.”
“As mulheres têm ganhado mais protagonismo no campo, incentivam a sucessão familiar, portanto é vital que cada vez mais participem de eventos como o CNMA. Ampliar o debate sobre novas biotecnologias com esse público representa colocar nas mãos dessas lideranças ferramentas que podem impulsionar a evolução do setor e fortalecer o agro como um todo, de forma resiliente, sustentável e diversa”, finaliza.
Inscrições abertas
A expectativa deste ano é receber mais de 3 mil congressistas na edição especial do CNMA 2025. As inscrições já estão abertas, com um lote promocional disponível em:
https://www.mulheresdoagro.
Evento: Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
- Data: 22 e 23 de outubro de 2025
- Local: Transamerica Expo Center – Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro – São Paulo/SP
- Informações e Inscrições: www.mulheresdoagro.com.br
- Instagram: @congressodasmulheresdoagro