Norte Energia e Fundação Guamá desenvolvem sistema inovador para regulação de frequência do sistema elétrico brasileiro
Projeto vai integrar fontes renováveis e armazenamento rápido para solucionar desafios operacionais da matriz energética nacional
Um projeto-piloto que será implantado no Complexo Hidrelétrico Belo Monte, no Pará, vai desenvolver um Sistema Inteligente de Gestão de Aproveitamento Energético como solução para a regulação de frequência do Sistema Interligado Nacional (SIN), utilizando fontes renováveis e armazenamento em supercapacitores. O sistema é fruto de um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação financiado pela Norte Energia, concessionária da Usina, e representa uma solução inédita para os desafios operacionais do setor elétrico brasileiro.
A pesquisa será realizada pela Fundação de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável Guamá, por meio do Centro de Excelência em Eficiência Energética da Amazônia (Ceamazon), vinculado à Universidade Federal do Pará e residente do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, o primeiro parque tecnológico em operação na Amazônia Brasileira. O projeto vai incorporar geração solar fotovoltaica e armazenamento de energia em supercapacitores para atuar de forma coordenada com a geração hidrelétrica, visando a regulação de frequência do sistema elétrico.
A Norte Energia investirá cerca de R$ 11 milhões no projeto-piloto que prevê a instalação de uma usina solar na hidrelétrica Belo Monte, o desenvolvimento de um sistema de monitoramento online com relatórios e estatísticas, a instalação de um banco de supercapacitores e a criação de uma plataforma computacional voltada para operadores. Tudo isso será integrado à operação da hidrelétrica com o objetivo de aprimorar a regulação da frequência do SIN.
A iniciativa reforça a dimensão da importância de Belo Monte para a segurança energética do Brasil, já que a hidrelétrica desempenha um papel fundamental para a estabilidade do SIN, especialmente diante da crescente inserção de fontes intermitentes como solar e eólica.
“Nosso compromisso é com o pioneirismo no setor e com o desenvolvimento de soluções que garantam a segurança e a qualidade do fornecimento de energia para o país”, enfatiza Andreia Antloga do Nascimento, gerente de PDI da Norte Energia. A parceria com a Fundação Guamá nos permitirá aliar a sustentabilidade, por meio do uso de fontes renováveis e do armazenamento rápido, à eficiência operacional de uma usina tão estratégica como Belo Monte”, afirma.
Inovação na Amazônia a serviço do setor elétrico
A motivação para o desenvolvimento da pesquisa está na mudança de perfil do setor elétrico brasileiro. O país está usando cada vez mais fontes intermitentes como a solar e a eólica, cuja geração depende do sol e de vento e que não são capazes de controlar a frequência da energia elétrica. Manter a estabilidade da frequência para evitar falhas no sistema elétrico é uma tarefa hoje atribuída às hidrelétricas, o que tem provocado maior desgaste nos equipamentos destas usinas.
O Sistema Inteligente de Gestão de Aproveitamento Energético que será desenvolvido em Belo Monte vai utilizar e armazenar a energia solar em supercapacitores, um tipo de bateria muito rápida. Assim, será possível auxiliar no controle da frequência de energia de forma mais eficiente do que o sistema atual. “O projeto é muito inovador e vai ser um marco na regulação de frequência da geração hidráulica de grande porte com as fontes intermitentes, fotovoltaica e eólica, entrando em massa no sistema elétrico nacional”, afirma Emília Tostes, coordenadora do Ceamazon.
O resultado esperado é a geração de dados técnicos e científicos que podem contribuir com pesquisas e políticas públicas, promovendo a implantação de uma planta piloto para regulação de frequência e o pioneirismo com o desenvolvimento de uma nova tecnologia no setor energético.