Construção híbrida: o caminho para o futuro da construção civil

Por assessoria
19/10/2025
5:10 pm

Construção híbrida: o caminho para o futuro da construção civil

*Por Felipe Savassi, VP de Produtos e Inovação da SteelCorp

Há muito tempo defendo uma abordagem que considero revolucionária para a construção civil: as construções híbridas. Elas utilizam mais de um sistema ou materialidade na mesma obra, unindo, por exemplo, a construção tradicional a paredes de concreto, light steel frame ou madeira engenheirada, ou ainda integrando dois sistemas industrializados.

Por anos tentei “furar a bolha” das casas de alto padrão, preso à ideia de que a obra precisava ser totalmente convencional ou totalmente modular. Quando percebi que “não somos nós contra eles”, tudo mudou. O maior gargalo do setor é o preconceito cultural. Ao mostrar que a industrialização não é um “bicho de sete cabeças” e traz previsibilidade, menos riscos e desvios, além de mais qualidade e menor demanda de mão de obra, abrimos um leque de possibilidades.

É um caminho sem volta. A industrialização pode começar com apenas 5% da obra e avançar à medida que o cliente ganha segurança. Como dirigir um carro automático, depois de experimentar dificilmente se volta atrás. Dosamos o grau de industrialização e atendemos de casas populares a projetos Triple A. Hoje trabalhamos com prédios de 50 pavimentos, shoppings, hospitais, hotéis e residências de todos os padrões.

A construção civil consome 50% dos recursos naturais do planeta e responde por 25% a 30% dos gases lançados na atmosfera. Tem 77% de recorrência de atrasos e 75% de desvio nos orçamentos, ficando atrás até da avicultura em produtividade. A mão de obra está escassa em várias regiões, mas onde há problema, vejo oportunidade.

Nunca o mercado da construção industrializada teve tanta chance de crescer. Ela é dramaticamente mais eficiente: gasta até 100 vezes menos água que a construção tradicional. Materiais tecnológicos oferecem conforto térmico e acústico, consomem menos energia e exigem pouca manutenção – algumas fachadas têm 30 anos de garantia na pintura. Isso reduz os custos de operação, embora muitos incorporadores só considerem os cinco anos de garantia pós-entrega.

Trabalhar com sistemas industrializados ou híbridos é um verdadeiro oceano azul de oportunidades. Em um cenário de incertezas – falta de mão de obra, alta do dólar, guerras, possíveis pandemias – a industrialização é o único sistema capaz de mitigar riscos. Ela pode reduzir em até 80% a necessidade de mão de obra e acelera a entrega porque módulos são produzidos offsite enquanto a infraestrutura é preparada no terreno. Isso gera ROI e payback imediatos: quanto mais rápido o empreendimento é finalizado e operado, mais rápido entra dinheiro em caixa.

É fundamental investir na formação de profissionais. As novas gerações rejeitam o trabalho braçal e se sentem mais atraídas por fábricas controladas, onde usam parafusadeiras em vez de colheres de pedreiro, atuando como montadores.

Minha própria casa virou laboratório. Montei um chalé em 30 horas diante de 70 alunos, com estrutura paramétrica, painéis SIP e banheiro modular. Apliquei a experiência em casa, mas ao trocar fornecedores subestimei a pré-montagem: o que era para levar três meses levou oito. Aprendi o que fazer e, principalmente, o que evitar. Hoje, a casa é meu showroom e prova do potencial da construção industrializada e híbrida.

A construção híbrida não se mede pelo custo do metro quadrado, mas pelo tempo economizado. Nenhuma metodologia entrega mais que o sistema modular ou industrializado. É preciso quebrar barreiras de mentalidade e considerar, além do financeiro, recursos como tempo, mão de obra e localização. Minha experiência e diversos cases de sucesso mostram que este é o caminho para oferecer versatilidade, eficiência e a capacidade de realizar qualquer projeto.