Às vésperas da COP30, Brasil mostra papel de destaque na logística reversa do alumínio

Às vésperas da COP30, Brasil mostra papel de destaque na logística reversa do alumínio

Reciclagem de latas de alumínio fica próxima dos 100% no país, líder mundial no reaproveitamento do metal. Reúso de materiais é um dos compromissos do evento

Fonte: Assessoria ABM

Às vésperas da COP30, Brasil mostra papel de destaque na logística reversa do alumínio

Há menos de um mês para a realização da 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o Brasil vê outra data relevante para a agenda de sustentabilidade se aproximando. O dia 28 de outubro é reconhecido como o Dia Nacional da Reciclagem do Alumínio, instituído pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), em 2003. A data reforça a capacidade infinita de reciclagem deste metal e promove a conscientização sobre a sua importância para o desenvolvimento sustentável do país.

De acordo com a ABAL, o Brasil produziu cerca de 1,9 milhão de toneladas de produtos de alumínio em 2024, registrando aumento no consumo per capita, que passou de 7,8 kg para 8,8 kg por pessoa. Nesse mesmo ano, aproximadamente 1 milhão de toneladas de alumínio reciclado foram utilizadas, o que representa 57% do total fabricado, mais que o dobro da média global, de 28%. Em relação às latas de alumínio, esses números são ainda maiores. Apenas 2,3% das latas de alumínio para bebidas utilizadas no Brasil não foram recicladas, os 97,7% reutilizados equivalem a 33,9 bilhões de unidades ou 417,7 mil toneladas.

O doutor em Ciências dos Materiais pela University of Manchester Institute of Science and Technology e membro da Comissão Técnica de Economia Circular e Sustentabilidade da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), Carlos Moraes, explica que para além do desenvolvimento econômico, a reutilização do alumínio contribui para redução dos riscos ambientais, como os que acontecem na extração de grandes áreas e na geração de rejeitos de bauxita que chegam às barragens. “Para cada tonelada de alumínio primário são necessárias cerca de quatro toneladas de minério de bauxita, o que causa impactos significativos em áreas de extração. Além disso, aproximadamente 75% do processo se converte em rejeitos, armazenados em barragens. Isso representa grandes riscos ambientais, como os já observados em desastres envolvendo essas estruturas”, afirma o especialista.

Foco na sustentabilidade

O ano de 2024, foi um divisor de águas para o mercado de reciclagem de alumínio. Com o anúncio da COP30 sendo realizada no Brasil, diversos setores aproveitaram a oportunidade para expandir seus limites em se tratando de sustentabilidade.

Assim, a ABAL anunciou em abril de 2025 que lançará o primeiro inventário completo de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor de alumínio no Brasil. A associação afirma que a iniciativa, pela primeira vez, irá mapear toda a cadeia produtiva do alumínio, da extração da bauxita à reciclagem, levantando dados sobre as emissões de gases de efeito estufa entre os anos de 2019 a 2023.

Ciente da relevância do alumínio no cotidiano e fomentadora de debates e pesquisas sobre economia circular, a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) promove todos os anos na ABM Week, um Painel do Alumínio, em parceria com a ABAL. A coordenadora do painel na última edição e gerente da área técnica da ABAL, Denise Veiga, comentou sobre a relevância do evento para o setor.

“Mesmo sendo um material relativamente jovem na história dos metais, o alumínio já ocupa um papel central na transição para uma economia mais leve, circular e de baixo carbono. Sua alta reciclabilidade o torna um material estratégico para o futuro, e compartilhar experiências e aprendizados neste ambiente colaborativo é essencial para avançarmos juntos nos desafios da indústria brasileira”, explicou a gerente.

O processo até a reciclagem

Segundo a ABAL, o desempenho que faz do Brasil uma referência na reciclagem há 16 anos está no desenvolvimento pioneiro da indústria nacional do alumínio, que desde a década de 1990, investe em redes próprias de coleta e capacidade de reciclagem, criando a infraestrutura necessária para que fabricantes e envasadoras cumpram seus compromissos de logística reversa, conforme prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos, vigente desde 2010.

Para que a reciclagem aconteça, a jornada da lata começa no descarte e passa por uma cadeia de trabalhadores até retornar às prateleiras. Conforme explica o professor Carlos, o processo se inicia com os catadores — hoje cerca de 800 mil em todo o Brasil, segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis —, que recolhem e encaminham o material para as cooperativas, responsáveis pela triagem e pelo repasse aos recicladores.

Embora o sistema funcione de maneira eficiente, o professor ressalta que o processo de reciclagem é complexo, pois materiais que envolvem a lata, como a tinta da embalagem ou resíduos internos, podem alterar a composição do alumínio.

“Nem sempre é possível reciclar 100% do material, pois o metal pode absorver gases como oxigênio (O), hidrogênio (H) ou nitrogênio (N) durante o processo de fusão. Esses elementos podem estar presentes na tinta externa ou no filme polimérico interno da lata. Quando absorvidos pelo metal líquido, eles geram porosidades durante a solidificação, diminuindo a resistência do produto final”, esclarece o professor.

A parceria entre instituições é vista com bons olhos e promove uma série de melhorias nesse processo, foi o que explicou Denise. “Enquanto entidade, a ABM promove o desenvolvimento e a integração dos setores estimulando a inovação, a qualificação profissional e ações de cooperação entre indústria, academia e governo. Então, ela tem papel fundamental em pautas relacionadas à reciclagem de uma forma geral, incluindo o alumínio” , afirma a especialista.

Sobre a ABM

Fundada em 1944, com o objetivo de promover conhecimento, inovação e networking para profissionais, acadêmicos, pesquisadores e empresas, a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) é uma instituição civil sem fins lucrativos, que atua em todo território nacional. Por meio da realização de eventos, cursos, treinamentos, palestras e da publicação de livros e revistas técnicas, a Associação busca integrar e cooperar com o processo de desenvolvimento e a competitividade da Indústria de Base Nacional — pela geração e difusão de conhecimento técnico-científico e empresarial — em parceria com mais de 60 empresas mantenedoras e associadas e mais de 1.500 associados pessoas físicas.

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