Chapada de Minas premia os melhores cafés do ano em Capelinha
Além de atestar a qualidade, o evento aproxima produtores do mercado cafeeiro

Em noite de festa e comemoração, o Vale do Jequitinhonha celebrou na última sexta-feira (24/10), em Capelinha, os vencedores da 4ª Edição do Prêmio Chapada de Minas. Ao todo, mais 80 de amostraspassaram por uma avaliação técnica, a partir da metodologia de análise sensorial da Specialty Coffee Association (SCA), entidade internacional que apoia atividades que tornem o café especial um empreendimento próspero, equitativo e sustentável para toda a cadeia de valor.

Na categoria ‘Origens’ (exclusiva para propriedades abaixo de 20 hectares), o café do produtor Carlos Bonifácio foi grande vencedor ao conquistar a pontuação de 86,25 pontos, contendo notas doce frutada, frutas amarelas, maracujá, acidez cítrica brilhante, corpo licoroso final persistente e doce. Ao obter 80 pontos, o café já é considero especial, em uma escala que vai até 100.
A competição também contou com a categoria ‘Tradições’ (para produtores com propriedade superior a 20 hectares), que veio em duas modalidades: “Cereja Descascada” e “Tradições Natural”, tendo as fazendas Sequóia, em Angelândia e Nakamura, em José Gonçalves de Minas, como campeãs, respectivamente.

“Receber o Prêmio Chapada de Minas é uma enorme responsabilidade, pois assumimos o compromisso de continuar produzindo com qualidade. Neste ano, apostamos no manejo regenerativo, atribuímos nossa qualidade a isso, que resultou em uma maturação uniforme”, destaca Cláudio Nakamura, vencedor na categoria Tradições Natural.
O evento foi realizado pelo Sebrae Minas e o Instituto do Café da Chapada de Minas (ICCM). A avaliação técnica considerou dez critérios na escolha dos vencedores: fragrância/aroma; sabor; retrogosto; acidez; corpo; uniformidade; ausência de defeitos; doçura mínima; balanço; e conceito final.
Trip com compradores
A premiação da Chapada de Minas contou com a participação de compradores de café vindos do Distrito Federal, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles participaram de visitas a duas propriedades locais, em uma troca de experiências e conexões com o objetivo de expandir seus mercados.
Durante a visita ao Vale do Jequitinhonha, os empresários tiveram a oportunidade de participar do leilão que envolveu as amostras vencedoras no prêmio. Depois de várias rodadas de negociações, o total leiloado das sacas foi de quase R$50 mil, aumento de quase 50% em relação aos lances de 2024.

Etevaldo Antunes, gerente de produção do Poema Cafés – grupo Jequitinhonha Alimentos, foi o responsável pelo lance mais alto da noite ao adquirir por R$8.500,00 a saca do produtor Gilson Pereira, 2º colocado na categoria ‘Origens’. “Quando participamos do leilão estamos incentivando esse cultivo que é tão difícil e ao mesmo tempo diferenciado aqui na Chapada de Minas. Agora vamos levar esse café para as prateleiras, junto com ele levaremos a história do produtor, pois queremos contar todo o processo, desde o cultivo e até como o grão chegou até nós”, revela.
Sobre a região
A Região da Chapada de Minas é formada por 22 municípios e conta com cerca de 5,8 mil produtores de café. Pelo menos 20 mil trabalhadores vivem da cafeicultura, responsável pela produção de 400 mil sacas de grãos por ano. A região concentra cerca de 3,2% de tudo o que é cultivado em Minas Gerais, o maior estado produtor de cafés em todo o Brasil (52% do total).
Em 2019, o Sebrae Minas desenvolveu a estratégia territorial para posicionar a Chapada de Minas como produtora de cafés de alta qualidade com identidade e origem com a criação da marca-território voltada para o café na região. Em 2025, o Sebrae Minas iniciou um trabalho voltado à preparação de um grupo de pequenos produtores de café para a obtenção da certificação Fairtrade.
“Nosso território é único, ao olharmos o mapa das regiões produtoras de cafés, a Chapada de Minas está isolada sem nenhuma ligação com outra área. Esse fator é um diferencial que propicia atributos únicos ao terroir,” destaca o gerente regional do Sebrae Minas, Rogério Fernandes.






