A palma como passaporte do Brasil para a liderança verde na COP30
Experiência da Agropalma mostra como a palma de óleo, antes símbolo de impacto ambiental, se tornou um vetor de bioeconomia e baixo carbono na Amazônia

Em um momento decisivo para a agenda climática global, a COP30 em andamento na Amazônia é mais do que um símbolo – trata-se de uma oportunidade histórica para fortalecer o protagonismo brasileiro no enfrentamento da crise do clima. O próprio Pará, estado-anfitrião da conferência, apresenta exemplos bem-sucedidos dessa liderança, como se observa em uma das maiores produções agrícolas locais: a palma de óleo.
Essa cultura, que globalmente carrega um estigma de vilã em razão do histórico de desmatamento que seu cultivo provocou no sudeste asiático, teve trajetória diferente na região amazônica do Brasil, onde a grande maioria dos plantios foi estabelecida em áreas já desmatadas previamente, tornando-se um instrumento de recuperação de áreas degradadas e desenvolvimento econômico-social. A Agropalma, empresa brasileira reconhecida mundialmente como referência na produção sustentável de óleo de palma, não só vivenciou essa transformação, como foi uma das responsáveis por impulsioná-la.
Com mais de quatro décadas de atuação na região, a companhia implementou, há cerca de 20 anos, um modelo de negócio sustentável construído sobre a compreensão de que cultivo e preservação são dimensões interdependentes. Processando aproximadamente 200 mil toneladas anuais de óleo de palma, a Agropalma estrutura suas operações sobre três pilares que se entrelaçam: plantio em áreas previamente antropizadas e mitigação dos gases de efeito estufa; proteção das florestas e da biodiversidade; e desenvolvimento socioambiental. Juntos, eles formam o alicerce de uma prática produtiva que redefine positivamente a relação entre economia e natureza.
“A Amazônia tem um papel fundamental na estabilidade climática global, e o Pará demonstra que essa contribuição pode vir também da produção sustentável. A palma, quando cultivada com base em ciência, governança ambiental e inclusão social, se converte em uma ferramenta poderosa de restauração – uma cultura que recupera áreas degradadas, sequestra carbono e fomenta economias locais”, afirma Túlio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade da Agropalma. “O que mostramos hoje é o resultado de longo prazo de que é possível produzir com responsabilidade, gerar prosperidade e manter a floresta viva, acreditando que sempre podemos aperfeiçoar algo.”
Proteção florestal
Alinhada à meta brasileira de desmatamento zero até 2030, a companhia adota uma rigorosa política de não desmatamento desde 2002. Esse compromisso se materializa por meio do Programa de Proteção de Florestas, que protege 64 mil hectares de reserva florestal na Amazônia – cerca de 60% de suas terras – percentual de área superior ao destinado ao cultivo.
O esforço de preservação é amparado pela ciência por meio do Programa de Monitoramento da Biodiversidade, alavancado pela parceria de mais de 18 anos com a Conservation International (CI). A iniciativa monitora a biodiversidade local e já auxiliou na proteção de mais de mil espécies, incluindo 40 ameaçadas de extinção. Para dar continuidade a esses programas, a empresa investe cerca de R$ 2 milhões anualmente.
Sequestro de carbono e regeneração
Além da conservação direta, a própria cultura da palma atua como uma ferramenta de mitigação climática. Cada hectare absorve 6,32 toneladas de CO₂ equivalente por ano – número que pode chegar a 158 toneladas de CO₂ por hectare ao considerar os 25 anos de vida produtiva da planta. As plantações minimizam o chamado efeito de borda nas reservas florestais – as palmeiras plantadas ao lado das florestas protegem as bordas das matas contra o fogo, os ventos fortes, a insolação e outros agentes de degradação.
A Agropalma desenvolve ainda práticas de manejo sustentável que enriquecem o solo, reduzem o uso de insumos químicos e evitam o descarte de resíduos. Dentro desse contexto, a companhia investe no cultivo de outras espécies entre as palmeiras, como nectaríferas e leguminosas. Essa técnica melhora a irrigação e a respiração do solo, favorecendo a recuperação natural e o aumento da produtividade, ao mesmo tempo em que diminui o impacto ambiental.
“A regeneração é um conceito vivo do nosso negócio. As áreas produtivas funcionam como ecossistemas que se aprimoram com o tempo – não o contrário. Cada hectare protegido é um ativo ecossistêmico. A palma, em nosso modelo de atuação, cumpre com um propósito: servir como uma barreira, ajudando a proteger e sustentar integridade da floresta, e servir como área de circulação e alimentação para determinadas espécies da fauna nativa”, acrescenta Brito.
Transição energética
A Agropalma investe em múltiplas frentes para diminuir o uso de combustíveis fósseis, em consonância com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil. Um dos principais projetos é a recente reativação de sua planta de biodiesel em Belém, com capacidade para produzir até 19 milhões de litros por ano. O biocombustível fabricado evitará que 39 mil toneladas de CO₂eq sejam lançadas anualmente na atmosfera.
Paralelamente, a empresa já colhe os resultados de outras iniciativas, como a substituição do combustível das caldeiras por biomassa em sua refinaria de Limeira (SP), o que resultou em uma redução estimada de mais de 13 mil toneladas de CO₂ por ano. Na mesma unidade, a adoção de energia solar fotovoltaica garante uma economia superior a 10 mil kWh por mês, reafirmando o compromisso da companhia com uma matriz energética limpa.
Desenvolvimento socioambiental
Este pilar é exemplificado pelo pioneiro Programa de Agricultura Familiar e Integrada, lançado em 2002 pelo Governo do Estado em parceria com a Agropalma, que reúne atualmente 505 produtores – 439 agricultores familiares e 66 produtores integrados. A relevância do programa é tamanha que 23% de todos os frutos processados pela companhia vêm desses agricultores. Em contrapartida, a iniciativa colaborou com o incremento de 528% da renda das famílias agricultoras.
A ação integra o SOMAR, programa de responsabilidade socioambiental da Agropalma criado em 2023 a partir da consolidação de diferentes iniciativas desenvolvidas com parceiros estratégicos desde os anos 2000. Metodologicamente estruturado com o apoio da Earthworm Foundation (EF), o SOMAR já beneficiou mais de 10 mil pessoas em 34 comunidades amazônicas com ações de educação, infraestrutura, saúde e bem-estar. O projeto exemplifica a visão de que a bioeconomia amazônica deve ser socialmente inclusiva e construída juntamente com as populações locais.
“Como uma empresa paraense que atua na Amazônia, estamos conscientes de que o nosso papel é evidenciar que podemos criar valor sem destruir. Produzimos conservando a floresta, e não à custa dela”, finaliza Brito.






