Corredor Seco é destaque na COP30 com alerta sobre impactos extremos

Corredor Seco é destaque na COP30 com alerta sobre impactos extremos

Especialistas, gestores públicos e pesquisadores discutem em Belém como transformar ciência e conhecimento local em ação diante dos impactos severos da crise climática na região

 

Corredor Seco é destaque na COP30 com alerta sobre impactos extremos

A Diretora do Projeto Escalar, Leida Mercado; o Diretor de Ação Climática para a América Latina da World Vision, Luis Corzo; o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; o Subsecretário do Meio-Ambiente do estado mexicano de Chiapas, Jorge Kanter; e o Diretor Geral do CATIE, Luis Pocasangre. Crédito: Divulgação IICA

A realidade do Corredor Seco da América Central, marcado por eventos climáticos extremos e vulnerabilidades socioeconômicas profundas, ganhou destaque na Conferência do Clima (COP30). Em Belém, especialistas, gestores públicos e organismos internacionais detalharam os impactos que secas severas, chuvas intensas e a degradação ambiental impõem à região, discutindo como ciência, inovação e conhecimento local podem se traduzir em ações concretas de resiliência para agricultores e comunidades rurais.

O debate ocorreu nesta semana, no pavilhão do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que durante a Conferência reúne especialistas, governos, setor privado e movimentos sociais para analisar os desafios climáticos, econômicos e ambientais da região. O Corredor Seco abrange uma faixa que vai do sul do México ao Panamá, ocupa cerca de 30% da América Central e abriga aproximadamente dez milhões de pessoas — 60% delas vivendo abaixo da linha da pobreza.

A combinação entre extremos climáticos, degradação ambiental e baixa renda torna a região particularmente exposta aos efeitos da mudança do clima. Para enfrentar esse quadro complexo, especialistas defenderam abordagens integradas que articulem políticas públicas, conservação e restauração ambiental, acesso a financiamento, inovação tecnológica e geração de oportunidades econômicas. A tônica do debate foi clara: sem uma ação multidimensional, a adaptação continuará insuficiente e milhões de pessoas permanecerão vulneráveis.

Um dos destaques foi o Projeto Escalar, executado pelo Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), instituição parceira do IICA com sede na Costa Rica. A iniciativa promove inovações de baixo custo e alto impacto, acessíveis a pequenos agricultores, visando ampliar a renda das famílias, gerar emprego local e envolver ativamente jovens e mulheres. Também busca reduzir a vulnerabilidade climática por meio de práticas produtivas mais resilientes e replicáveis.

O painel contou com a participação do Diretor Geral do CATIE, Luis Pocasangre; da Diretora do Projeto Escalar, Leida Mercado; do Subsecretário de Meio Ambiente de Chiapas, Jorge Kanter; do Diretor de Ação Climática para a América Latina da World Vision, Luis Corzo; e do Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, que discutiram os desafios e soluções para o Corredor Seco na Casa da Agricultura Sustentável das Américas.

Conhecimento e ciência

Pocasangre detalhou o funcionamento do Projeto Escalar, que já beneficia diretamente 2.614 produtores no Corredor Seco. “Entendemos que o conhecimento local dos produtores é complementário com a ciência e a pesquisa que desenvolvem tecnologias para resolver os problemas dos produtores no campo”, afirmou. Destacou ainda, que o CATIE, por meio de seu programa de melhoramento genético do café, já liberou cinco variedades híbridas — duas delas tolerantes à seca — com resultados positivos na região.

Para o diretor do CATIE, a participação ativa dos agricultores no desenvolvimento de tecnologias é determinante. “A inovação e a pesquisa podem contribuir soluções. Mas devemos ter claro que o produtor tem que estar envolvido desde o começo no desenvolvimento de inovações tecnológicas. Os cientistas não podem realizar o trabalho de forma isolada”, afirmou e alertou para o enfraquecimento dos sistemas nacionais de extensão agropecuária: “Em alguns países diretamente não existem. É muito difícil levar tecnologias ao campo dessa forma.”

O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, ressaltou a gravidade da situação: “O Corredor Seco da América Central é uma região particularmente problemática, com uma agricultura de subsistência e baixos níveis de produtividade, aprofundando a pobreza e a exclusão — e muitas vezes terminando em migração.”

Para ele, o desafio é transformar vulnerabilidade em oportunidade. “Temos que ver como transformar as ameaças em oportunidades. Para isso temos que empoderar os pequenos agricultores. Também devemos criar uma nova narrativa que não procure esconder as vulnerabilidades da zona, mas mostrar os aspectos positivos e seu potencial, se conseguimos que a ciência chegue aos territórios”, reforçou Otero.

Representando o governo mexicano, Jorge Kanter descreveu o trabalho do Conselho Estadual de Restauração e Saneamento de Microbacias de Chiapas: “Trabalhamos direto com os proprietários da terra no território. Em Chiapas temos três formas de posse da terra — ejidal, comunitária e privada — e isso exige soluções adaptadas.”

Segundo ele, a estrutura fundiária heterogênea, com muitas propriedades pequenas e sobrepostas, impõe desafios, mas também reforça a necessidade de ação coletiva. “Colocamos o foco nas soluções baseadas na natureza, na agricultura regenerativa e na pecuária silvipastoril. Sabemos muito bem que, se alguém está sofrendo a mudança climática, é o produtor agropecuário, que precisa de ajuda“, afirmou.

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