Alimentos vegetais brasileiros não apresentam risco crônico à saúde, aponta Anvisa
Relatório destaca que 79,4% das amostras são satisfatórias, recorde na série histórica; Dado traz que apenas 0,39% das 3 mil amostras de alimentos apresentam potencial risco agudo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, nesta quarta-feira (17), os resultados do Relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) de 2024 e evidenciou a segurança dos produtos brasileiros. Na edição, foram analisadas 3.084 amostras de 14 alimentos vegetais selecionados, em 88 cidades brasileiras. Segundo a agência, o ciclo 2024 apontou que 79,4% das amostras são satisfatórias, recorde na série histórica, em conformidade com o limite residual estabelecido por lei. Os dados indicam ausência de risco crônico ao consumidor e apenas 0,39% tiveram risco potencial agudo, inferior ao do último ciclo avaliado, de 0,67%.

Fonte: Anvisa. Elaboração e Divulgação: CropLife Brasil
“Os resultados 2024 indicam que a maioria das amostras se encontram em conformidade, com situações de risco agudo pontuais e ausência de risco crônico, reforçando a efetividade das ações regulatórias adotadas. Na comparação com o ano anterior, observamos evoluções discretas, porém consistentes, com redução das amostras insatisfatórias e diminuição do potencial risco agudo. (…) Trata-se de um relatório robusto que oferece dados e subsídios qualificados para aperfeiçoamento da atuação regulatória. Neste sentido, reafirma-se o compromisso da Anvisa com a segurança dos alimentos e proteção da saúde da população”, considerou o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, após a apresentação dos dados do programa que avalia a presença de resíduos de pesticidas em alimentos e o potencial de risco para a saúde humana.
Os alimentos analisados na edição incluem cereais (trigo, milho, aveia), frutas (maçã, uva, banana, pera, laranja e mamão), hortaliças folhosas e não folhosas (couve, pepino e abobrinha) e leguminosas e bulbos (cebola e soja), que, segundo a agência, representam 36,9% do consumo vegetal do país. A análise 2024 buscou por resíduos de 338 diferentes pesticidas, incluindo produtos nunca autorizados ou substâncias já banidas no Brasil, conforme a legislação.
As amostras são coletadas nas prateleiras dos supermercados de todas as regiões do país, de forma aleatória, e analisadas em laboratórios com métodos científicos reconhecidos internacionalmente. O objetivo é verificar se o produto vegetal apresenta resíduos acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR), que é um parâmetro legal estabelecido para garantir que o uso do agrotóxico ocorreu conforme as boas práticas agrícolas. A avaliação do potencial risco à saúde é realizada separadamente, com base na comparação da ingestão estimada com a dose de referência aguda (ARfD).
Os dados do relatório foram apresentados durante a 21ª reunião pública da Diretoria Colegiada da Anvisa de 2025, pela Gerente de Monitoramento e Avaliação do Risco da Anvisa, Adriana Torres.
Resultados oficiais
O Relatório PARA apresentou que, em 2024, nenhuma situação de risco crônico foi identificada e 0,39% (12) das amostras apresentaram potencial de risco agudo à saúde, dentro da conformidade segundo a autoridade. Para avaliar o risco crônico, a Anvisa considera os dados atuais e dos últimos 10 anos do programa e cruza com os dados de consumo da população de acordo com informações do IBGE. Considerando os alimentos, foram identificados potencial risco em amostras de uva (6), laranja (5) e abobrinha (1).

Das 3.084 amostras de alimentos analisadas, 2.448 (79,4%) foram consideradas satisfatórias quanto aos agrotóxicos pesquisados, sendo que em 791 (25,6%) não foram detectados resíduos e 1.657 (53,8%) apresentaram resíduos com concentrações iguais ou inferiores ao LMR. Foram consideradas insatisfatórias 636 (20,6%) amostras em relação à conformidade com o LMR – o menor índice desde 2017, que segundo a Anvisa, não necessariamente significam potenciais riscos ao consumidor.
“Os resultados do ciclo 2024 apresentam visível melhoria com menor % de amostras insatisfatórias. Este avanço tem sido possível dado ao empenho de diversos entes da cadeia de produção de alimentos, seja a indústria, agricultor e autoridade regulatória – ANVISA. No quesito segurança para saúde humana, as análises da Avaliação do Risco Dietético reforçam, mais uma vez, a segurança existente quanto aos alimentos produzidos e consumidos no Brasil”, comenta o Especialista Regulatório de Defensivos Químicos da CropLife Brasil, Rafael Cordioli.
Do ponto de vista do consumidor, os potenciais riscos se referem ao impacto dos resíduos à saúde. O risco agudo é àquele que traz danos à saúde pelo consumo do alimento em uma refeição ou em até 24h. Se o limite não é ultrapassado, este alimento é seguro para a dieta humana. Os dados evidenciam ainda o controle de qualidade e a segurança no campo, pelo uso correto e seguro dos agroquímicos na produção agrícola do país.
Sem risco crônico nos últimos 11 anos

Há 11 anos, a Anvisa conduz o monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos vegetais de prateleira, inicialmente por ciclos e, mais recentemente, com avaliações anuais nos últimos três anos.
“Os dados reforçam uma trajetória positiva e consistente. Ao longo dos anos, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos passou por um processo contínuo de evolução, incorporando aprimoramentos técnicos, metodológicos e ações mitigatórias que contribuíram diretamente para os resultados observados hoje”, avaliou a Gerente Regulatório de Defensivos Químicos da CropLife Brasil, Ana Cândido.
Entre 2013 e 2024, a avaliação do risco crônico de 345 ingredientes ativos em 28.113 amostras de 36 alimentos monitorados pelo PARA não identificou extrapolações da Ingestão Diária Aceitável (IDA), indicando ausência de potencial risco crônico à saúde dos consumidores. Os alimentos monitorados correspondem, na maioria, aos que mais contribuem para a exposição alimentar de origem vegetal, 80% do consumo desses alimentos no Brasil.
“Os resultados [do PARA] têm um papel fundamental na nossa regulação, porque essas análises orientam a revisão limites máximos de resíduos, restrições ou proibições de uso e podem apoiar também ações de fiscalização conduzidas de forma integrada entre saúde, agricultura e vigilância sanitária. Também traz recomendações a produtores, empresas e órgãos de assistência técnica, incluindo boas práticas agrícolas, rastreabilidade, fiscalização e comunicação adequada à população”, concluiu a diretora da Anvisa, Daniela Marreco, ao fim da apresentação.
Ciclo 2024 – Resultados
- 3.084 amostras analisadas;
- 79,4% das amostras com conformidade e 20,6% com alguma inconformidade (menor índice histórico);
Parâmetros e Avaliação da segurança:
- 0,00% das amostras apresentam potencial de risco crônico;
- 0,39% das amostras apresentaram potencial risco agudo;






