Estudantes brasileiros construíram os primeiros veículos Fórmula e Baja do mundo movidos a hidrogênio para competições do SAE Brasil
Já imaginou a emoção de ser pioneiro em todo o mundo na construção de um veículo baja off road elétrico movido a hidrogênio, um combustível limpo e que promete ter amplo uso no futuro? E que tal construir um carro de corrida do tipo Fórmula do zero, fazer todos os testes e depois participar de uma competição nacional, com chances de chegar ao mundial?
Essas são situações reais, vividas neste ano por estudantes de engenharia que participaram das provas 2022 do SAE Brasil – braço local da Society of Automotive Engineers – associação que anualmente promove competições automotivas para universitários em vários países do mundo
Neste ano, a SAE convocou os estudantes do Brasil para um projeto inovador e inédito em todo o mundo: o desenvolvimento de veículos elétricos (Baja ou Fórmula) movidos a célula de hidrogênio (cedidas pela canadense Ballard Power Systems). Oito universidades do país toparam o desafio e montaram os primeiros carros elétricos movidos a hidrogênio da história da competição.
A competição ocorreu no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA-SP), de 13 a 14 de agosto. Em pistas separadas, os veículos elétricos movidos a hidrogênio participaram da prova SAE BRASIL & Ballard Student H2 Challenge, enquanto os tradicionais modelos a combustão correram na 18ª Competição Fórmula SAE BR ASIL – TotalEnergies.
Patrocinadora das equipes Fórmula e Baja da Unicamp, a fabricante de especialidades químicas Quimatic Tapmatic apresentou em seu quadro no youtube “Quimatic Visita” detalhes de como os carros foram construídos na universidade paulista para a competição 2022 e como os estudantes avaliam a experiência. Os vídeos podem ser conferidos nos links abaixo:
Vale lembrar que o hidrogênio vem ganhando cada vez mais projeção na indústria automotiva, como uma alternativa de combustível que não gera poluentes e que pode garantir maior autonomia que a de veículos elétricos, por exemplo. Diversas montadoras já começaram a lançar modelos com a tecnologia e a expectativa é que o uso do combustível limpo só cresça nos próximos anos, chegando até ao abastecimento de veículos maiores, como caminhões, navios e aviões.
Mais preparo para o mercado de trabalho
Reconhecido mundialmente, o projeto SAE permite aos universitários aplicar na prática, durante a construção dos veículos, os conhecimentos adquiridos em sala de aula e ir muito além. Com os desafios impostos pelos projetos, a iniciativa fortalece o preparo dos estudantes para o mercado de trabalho. Na Unicamp, os projetos Fórmula e Baja contam com a participação de cerca de 50 estudantes em cada uma das equipes.
Na execução dos projetos, sejam eles Fórmula ou Baja, os estudantes de engenharia das universidades – sempre supervisionadas por um professor – se organizam em departamentos (como se, de fato, estivessem em uma empresa), buscam patrocinadores para viabilizar seu veículo – seja ele a combustão ou elétrico movido a hidrogênio – fazem todos os testes em uma oficina montada por eles mesmos na universidade e, por fim, pilotam as máquinas.
Enquanto os carros Fórmula devem focar no desempenho durante todo o circuito, ou seja, velocidade nas arrancadas, estabilidade nas curvas e um projeto resistente que chegue ao final da corrida sem vazamento ou perda de peças, os veículos baja off road precisam vencer terrenos acidentados e contar com ótima resistência para evitar danos.
Neste ano, a inclusão de veículos elétricos movidos a hidrogênio trouxe um desafio extra para os estudantes: descobrir como incorporar a nova tecnologia aos motores, mantendo um alto desempenho para competir com os carros a combustão.
Durante as competições da SAE, as universidades têm seus projetos Fórmula e SAE avaliados em etapas, como apresentação de negócios e avaliação do projeto, e os protótipos só participam da corrida se forem aprovados em verificações de segurança. Já avaliações práticas – que somadas levam à nota final do veículo na competição – envolvem provas como aceleração, aderência lateral (skid pad), autocross e enduro.
Apoio de patrocinadores
As empresas patrocinadoras têm uma grande importância para que os projetos saiam do papel. Além do apoio financeiro, muitas colaboram fornecendo conhecimento técnico, serviços e produtos para uso na construção dos veículos.
A Quimatic Tapmatic, por exemplo, já apoia os estudantes da Unicamp há alguns anos. Os produtos da empresa ajudam na montagem dos veículos e também nas manutenções antes, durante e após as provas. Um dos destaques neste ano foi o uso da Fita Isolante Líquida Quimatic para garantir maior qualidade no isolamento de componentes elétricos que fazem parte do sistema a hidrogênio.
Após o fim das competições de 2022, os universitários têm pouco tempo para saborear suas conquistas. Afinal, já é hora de começar a pensar no projeto de 2023, avaliar o que deu certo, o que deu errado, quais peças sofreram mais desgaste ou quebraram, e o que pode ser melhorado no próximo projeto.
Na mudança de ciclo, novos integrantes – geralmente calouros – ingressam nas equipes, enquanto estudantes com mais tempo podem sair para focar em outros desafios. Mas a experiência de ter feito parte de um time que construiu um carro do zero certamente sempre vai ter espaço na memória.