Projetos do RCGI apontam caminhos para alcançar o net zero

Projetos do RCGI apontam caminhos para alcançar o net zero

Projetos do RCGI apontam caminhos para alcançar o net zero

Pesquisadores desenvolvem desde tecnologias de captura e uso de carbono até soluções baseadas na natureza.

São vários os possíveis caminhos dentro do esforço brasileiro para se atingir a meta do net zero, ou seja, a neutralidade de carbono. Algumas principais estratégias foram apresentadas nesta quarta-feira (08/11) em um painel da conferência “Energy Transition Research & Innovation” (ETRI 2023), organizada pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), quando pesquisadores detalharam os programas desenvolvidos na instituição.

“Está claro que devemos evitar o impacto da mudança climática e, para isso, precisamos de medidas drásticas. O Brasil é um dos principais players e é um exemplo para o mundo desde os anos 1970, com o Programa Proálcool”, disse na abertura do painel “Pathways to achieve Net Zero” o físico Carlos Frederico de Oliveira Graeff, coordenador geral de Programas Estratégicos e Infraestrutura da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e professor na Faculdade de Ciências da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), no câmpus de Bauru.

Uma das estratégias desenvolvidas no RCGI é a busca de soluções baseadas na natureza. “Diferentemente de outros sistemas — como na geração de eletricidade ou no setor de transportes, nos quais é possível apenas reduzir as emissões de gases de efeito estufa –, nas soluções com base na natureza é possível ao mesmo tempo reduzir as emissões e aumentar o sequestro de carbono”, afirmou o engenheiro agrônomo Carlos Eduardo Cerri, diretor do Programa NBS (Nature Based Solutions) do RCGI, e professor de Ciência do Solo na Universidade de São Paulo (USP). Depois do desmatamento, o setor da agricultura é responsável no país por 27% das emissões, ressaltou.

Sorvedouro natural de Co2 – Com práticas agrícolas sustentáveis, esse quadro pode reverter. “A ideia é usar a fotossíntese para remover CO2 da atmosfera. O carbono que estava na forma de gás vira um componente orgânico da planta e parte desse carbono pode ser transferida para o solo, pelo sistema radicular”, disse Cerri. E esse carbono armazenado no solo pode ficar retido por séculos ali. Os pesquisadores analisam os solos de todos os biomas e calculam os números de emissão e sequestro. Segundo ele, quanto mais complexo e diversificado um sistema, melhor. Enquanto um pasto degradado é emissor de carbono, um sistema agroflorestal é um grande sequestrador do gás. Além de remover o gás e contribuir para o Brasil atingir as metas do Acordo de Paris, as soluções baseadas na natureza fornecem valiosos serviços ecossistêmicos, ressaltou.

Sob uma outra perspectiva, o programa de Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS, na sigla em inglês) do RCGI também aproveita a captura de CO2 pela fotossíntese. Dentro desse programa, no entanto, o esforço é o de transformar o sistema que produz etanol de cana-de-açúcar em um sistema de emissão negativa de carbono. Para isso, uma das abordagens é investigar a fisiologia da planta por todos os ângulos, chegando-se ao detalhe de perceber, por exemplo, que o açúcar é produzido entre o terceiro e o sexto mês de vida da planta.

A ideia é fazer modificações genéticas para aumentar a produtividade da biomassa sem aumentar a área plantada e utilizar a planta como se fosse uma fábrica, explicou o botânico Marcos Buckeridge, diretor do programa BECCS e professor da USP. Ele também citou a construção da primeira planta-piloto para produzir hidrogênio a partir do etanol, dentro da Cidade Universitária da USP, em São Paulo, que deverá abastecer três ônibus e um carro com o combustível verde a partir de agosto de 2024. “De nossa parte, estamos fazendo o nosso trabalho, contribuindo para o quadro geral”, disse Buckeridge.

Também participaram do painel o engenheiro mecânico Emílio Nelli Silva, diretor do Programa de Gases de Efeito Estufa (GHG, na sigla em inglês) do RCGI; o engenheiro biotecnológico Pedro Vidinha, vice-diretor do Programa de Captura e Utilização de Carbono (CCU); Mauricio Salles, diretor do Programa InnovaPower; e o economista e engenheiro Edmilson Moutinho dos Santos, do Programa de Advocacy do RCGI. “É importante que as ciências duras tenham o apoio das ciências sociais”, disse Moutinho dos Santos, afirmando que o programa busca se antecipar às questões jurídicas ou de percepção da sociedade que as tecnologias desenvolvidas no centro poderão enfrentar. “Em geral, esquecemos como a percepção social pode bloquear os avanços tecnológicos.”

conferência ETRI 2023 acontece na USP, em São Paulo (SP), até amanhã (quinta-feira), com o patrocínio da Shell Brasil. O evento reúne cientistas, representantes do governo e executivos de grandes empresas, do Brasil e do exterior. As inovações tecnológicas e as políticas públicas necessárias para a descarbonização do setor energético no Brasil pautam as principais discussões.

Deixe seu comentario

Ultimas Noticias

ZF Aftermarket lança sapatas de freio TRW para veículos da montadora Jeep Componentes automotivos são para aplicação nos modelos Cherokee fabricados entre 1994 e
Categorias

Fique por dentro das novidades

Inscreva-se para receber novidades em seu Email, fique tranquilo que não enviamos spam!

Deixe seu Email para acompanhar as novidades 

Solicitar maiores informações

Preencha as informações abaixo e entre em contato com o anúnciante!