O desafio da capacitação: por que a falta de projetistas qualificados compromete o avanço da construção civil
Por Carlos Costa*
A adoção da construção industrializada é uma tendência inevitável para aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a qualidade das obras. No entanto, essa transformação esbarra em um desafio significativo: a falta de profissionais capacitados em BIM. Segundo
pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), embora 64,5% das empresas já utilizem essas tecnologias, a ausência de formação adequada ainda afeta 36,5% delas, representando um obstáculo crucial para a plena implementação dessas inovações no setor.
O descompasso entre a inovação tecnológica e a qualificação dos profissionais revela uma lacuna preocupante que deve ser solucionada para que o setor possa aproveitar plenamente os benefícios das novas ferramentas e evoluir de forma sustentável. Esse desajuste é causado, em grande parte, pela formação acadêmica, que não tem acompanhado o ritmo acelerado das inovações tecnológicas. Como resultado, surge uma disparidade entre as exigências do mercado e o perfil dos profissionais formados, o que limita a capacidade do setor de se adaptar às novas demandas.Isso faz com que muitos subestimem a complexidade e as oportunidades na construção civil, levando a mudanças de carreira antes de adquirirem a experiência prática necessária.
Além disso, a falta de qualificação pode comprometer a qualidade dos projetos, aumentar custos e prazos, além de causar falhas graves na execução, prejudicando a integridade e a eficiência dos empreendimentos. Não à toa, esse cenário tem influenciado até nas estratégias de investimento das empresas.
De acordo com a mesma pesquisa da FGV-IBRE, 38% delas planejam aumentar o uso de processos industrializados, com 74% desse investimento voltado para a área de estruturas. E a falta de capacitação de mão de obra, projetistas e gestores é uma dificuldade comum tanto para aquelas que já utilizam tecnologias industrializadas quanto para as que ainda não as implementaram. Isso porque a ausência de pessoal capacitado é barreira tanto para operar e gerencias esses sistemas, quanto para iniciar o processo de modernização.
Para reverter esse cenário, o primeiro passo é investir na formação de profissionais em formação ou recém-formados que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho. Nesse contexto, as empresas devem focar no desenvolvimento das habilidades necessárias para atender às demandas do setor. Um exemplo desse esforço é a iniciativa da Trimble, que oferece cursos gratuitos na plataforma learn.trimble.com, com vídeos e conteúdos específicos para aprimorar o uso do software para engenharia de estruturas.
Além disso, também disponibilizamos o Tekla Campus, uma academia online gratuita para estudantes e educadores aprenderem os fundamentos do software BIM e temos parcerias com universidades, como a USP, em São Paulo, e a Unisinos, no Rio Grande do Sul, com laboratórios que contribuem diretamente para a educação e formação de novos profissionais. Ao adotar o BIM, os alunos têm acesso a ferramentas que promovem uma visão mais abrangente e detalhada dos projetos, possibilitando uma melhor compreensão
dos processos de construção e gerenciamento.
Essa tecnologia aprimora o ensino e prepara melhor os estudantes para o mercado de trabalho. O uso do BIM nos laboratórios e na formação acadêmica atrai profissionais mais qualificados, oferecendo um aprendizado prático e alinhado com as demandas modernas da engenharia. Assim, formamos engenheiros que dominam ferramentas e processos inovadores, tornando-os mais atraentes para o mercado e avançando a profissão. Investir na qualificação também desmistifica a ideia de que a construção civil é limitada a condições
adversas, mostrando que é possível atuar em ambientes modernos e industrializados.
Dessa forma, preparamos profissionais que atendem às necessidades do mercado e contribuem de forma sustentável para o desenvolvimento das cidades.
*Carlos Costa é diretor Técnico e de Vendas da Trimble no Brasil.