Agro não é parte do problema, mas sim da solução para as mudanças climáticas”, afirma executivo em congresso de ESG
Roberson Marczack, da ADAMA, dividiu o painel “Mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental” com Ana Leticia Senatore (VIVO), mediado pela jornalista Leila Sterenberg
Realizado na úlima semana, na capital paulista, o Congresso Nacional de ESG, maior evento de ESG e Sustentabilidade da América Latina e principal evento pré-COP 30 no Brasil, organizado pela Associação Brasileira de ESG, reuniu lideranças e especialistas para discutir práticas sustentáveis e responsabilidade corporativa em diversos setores da economia brasileira. Como um dos convidados, Roberson Marczak, gerente sênior de Inovação e Sustentabilidade da ADAMA, participou do painel “Mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental” e trouxe sua visão sobre o papel do agro neste contexto, destacando ações presentes e futuras.
Marczak enfatizou o papel crucial do agronegócio na mitigação das mudanças climáticas, afirmando que “o agro não é parte do problema, mas sim da solução para as mudanças climáticas”. Ele destacou as iniciativas da indústria agrícola para reduzir seu impacto ambiental, desde a produção de insumos até o processamento final dos produtos, e apresentou exemplos concretos de como a ADAMA está contribuindo para a sustentabilidade no setor. “Trabalhamos no desenvolvimento de formulações mais sustentáveis e com menor impacto ambiental. Também focamos em desenvolver produtos com maior concentração de ativo, o que leva à redução de embalagens e consequentemente diminui também a logística reversa das embalagens utilizadas”, explicou Marczak.
Ele também mencionou o desenvolvimento de produtos mais resistentes às intempéries, reduzindo a necessidade de reaplicação e o uso de componentes mais biodegradáveis nas soluções, materiais que podem representar de 30 a 80% do conteúdo das soluções. Com investimento em formulações cada vez mais inovadoras e sustentáveis, a companhia trabalha ainda em soluções que substituem solventes orgânicos por água.
Durante o painel, Marczak abordou a questão da pegada de carbono na produção de soja no Brasil, ressaltando que a cadeia produtiva já pode ser considerada de baixo impacto em emissões. “No Brasil, por exemplo, há décadas não se utiliza a aragem da terra, trabalhando-se com o plantio direto, ao contrário de outros países”, afirmou. O executivo também discutiu o potencial do hidrogênio verde na agricultura, especialmente na produção de fertilizantes nitrogenados. “A ideia é utilizar o hidrogênio verde para produzir amônia, por meio do processo de eletrólise. Isso tornaria o processo de produção da amônia neutra em termos de emissão de gases de efeito estufa, o que seria fantástico”, detalhou Marczak.
Além disso, o palestrante enfatizou a importância da aprovação do PL182, que regula o mercado de carbono no Brasil. Segundo ele, esta legislação é fundamental para implementar novas diretrizes e investimentos no mercado de carbono. “Precisamos dessa lei aprovada para implantar uma série de ações, permitindo que o mercado de carbono no Brasil se posicione de forma mais dinâmica. Hoje, o mercado voluntário é insuficiente para o que precisamos como diretriz no Brasil.”
Marczak concluiu sua participação ressaltando a necessidade de uma ação conjunta de todos os setores da indústria para enfrentar as mudanças climáticas. “No ESG, não existe empate: ou se ganha ou se perde o jogo”, finalizou, reforçando a urgência de medidas concretas para a sustentabilidade ambiental.