“A maior tecnologia é a natureza”, diz Txai Suruí na 3ª Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Salvador
A líder indígena e ativista brasileira Txai Suruí emocionou o público na manhã desta sexta, 31/10, durante sua participação na 3ª ediçãodaConferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Salvador. Reconhecida por sua atuação em defesa da floresta e dos povos originários, Txai, que é coordenadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, trouxe uma fala inspiradora e provocativa sobre os desafios da mineração e a necessidade de uma transição energética justa.
Antes de sua entrada no palco, o público foi recebido com um vídeo de abertura imersivo, artístico e multicultural, produzido pela multiartista manauara Rakel Caminha. A produção uniu arte, natureza e humanidade, traduzindo em imagens o conceito de transformação coletiva e inovação com raízes culturais. A exibição foi seguida por uma intervenção cênica do Grupo Elenco Brasileiro, formado por dançarinos de Salvador, que utilizaram guarda-chuvas decorativos com referências aos saberes ancestrais amazônicos, criando um elo poético entre o tema do evento e a diversidade cultural brasileira.
Em sua fala, Txai convocou o público a um diálogo honesto sobre a mineração, especialmente em territórios indígenas. “Dizem que a mineração é uma peça fundamental para a transição energética. Mas essa transição é justa para quem?”, questionou. Para a ativista, a verdadeira tecnologia para enfrentar a crise climática está na própria floresta. “Muito se fala sobre inovação tecnológica na mineração, mas a maior tecnologia que existe é a natureza. É ela que mantém a vida, o equilíbrio e o futuro do planeta”, afirmou.

Txai Suruí na 3ª Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Salvador – crédito: divulgação
A jovem também criticou o modelo extrativista que prioriza o lucro em detrimento da vida e da justiça social. “A mineração, como é feita hoje, traz profundos impactos sociais, ambientais e humanos. Gera o que chamamos de racismo ambiental, como vimos nos rompimentos de barragens que devastaram comunidades inteiras”, destacou.
Ao relatar a situação de seu povo, a jovem indígena denunciou a presença do garimpo ilegal em seus territórios. “Hoje, meu povo enfrenta um grande problema com o garimpo ilegal. Queremos poder plantar, viver da agricultura. É assim que sempre vivemos e queremos continuar vivendo”, afirmou.
Encerrando sua participação, a ativista reforçou que a justiça climática depende da justiça social e ambiental, defendendo a escuta ativa de todas as comunidades impactadas. “Estou aqui nesta Conferência porque as pessoas precisam ouvir e entender o que está acontecendo com o nosso povo. Ainda tenho esperança no diálogo, nas pessoas e na mudança”, concluiu, sob aplausos.
A programação completa da conferência está disponível no site: https://amazoniaenovaseconomias.com.br/






