ABHAV identifica ao menos três setores da economia que se beneficiarão do Hidrogênio Verde
Ainda que exista um amplo debate em torno dos atuais elevados custos de produção do hidrogênio verde, a Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes enfatiza que a perspectiva é de melhoria e o planeta só tem a ganhar com a transição energética
O professor Paulo Barbosa, diretor de Relações Acadêmicas da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV), não nega que hoje os custos de produção do Hidrogênio Verde ainda são elevados. Ele explica que, no momento atual, ele pode superar muito o custo do hidrogênio cinza, obtido do gás natural, mas esta diferença de custos terá inversão em médio prazo. Vários aspectos colocam o Hidrogênio como combustível diferenciado para a Transição para Economia de Baixo Carbono.
Já estão em curso diversas pesquisas em busca da maior eficiência dos eletrolisadores, por exemplo. “A diversificação e o maior número de novos fornecedores e do volume anual de vendas de eletrolisadores em nível mundial, está acelerando as inovações tecnológicas por meio da maior competição e inovações tecnológicas, podendo-se vislumbrar melhores níveis de eficiência dos eletrolisadores na próxima década”, comenta.
Barateamento de custos
O acadêmico e diretor da ABHAV ressalta que “há previsões da BloombergNEF de que, na próxima década, em países como Brasil, China, Índia, Espanha e Suécia, a produção de hidrogênio verde de novas plantas estará com custo abaixo do hidrogênio cinza de plantas já existentes”. O professor Paulo Barbosa acrescenta, ainda, que estas estimativas não incluem subsídios governamentais, mas decorrem de fatores usuais de mercado. “O aumento já mencionado do número de fornecedores de eletrolisadores leva naturalmente à redução de valores”, explica.
O barateamento previsto para a produção de Hidrogênio Verde também se relaciona diretamente à inovação, crucial para reduzir custos e melhorar desempenho do eletrolisador. Algumas ações apontadas por Paulo Barbosa são a normalização e simplificação do processo de fabricação do equipamento, assim como o aumento de sua durabilidade, prolongando a vida útil e aumentando a eficiência do processo de conversão da energia.
O meio-ambiente agradece
O diretor da ABHAV lembra que o conteúdo energético por unidade de massa do Hidrogênio é cerca de 2,4 vezes maior que do gás natural, além de ser 100% sustentável: o hidrogénio verde não emite gases poluentes nem durante a combustão nem durante a produção. Outro ponto positivo é que é possível o armazenamento do Hidrogênio Verde imediatamente após a sua produção.
O professor Paulo Barbosa ainda comenta a versatilidade do combustível: o hidrogênio verde pode ser transformado em energia elétrica ou gás sintético para uso comercial, industrial ou para transporte. E ainda, pode ser usado diretamente como combustível para consumo final de energia ou ser posteriormente convertido em metano, gás de síntese, combustíveis líquidos, eletricidade ou produtos químicos como,por exemplo, amônio ou metanol. Além deste mercado existente,vislumbram-se muitas aplicações potenciais para o Hidrogênio na produção dos mais diversos bens: aço, cimento, cerâmicas, vidro, fertilizantes, combustíveis, dentre outros.
Benefícios para diferentes setores da economia
No agronegócio, o consumo de amônia na produção de fertilizantes caracteriza o atendimento de um setor já altamente competitivo internacionalmente. Este setor poderá ser ainda mais impulsionado com produção nacional da amônia. O setor de transporte também deve, na próxima década, ser profundamente impactado no sentido da descarbonização progressiva, com o uso do hidrogênio como combustível.
O Brasil, particularmente, tem muito a crescer num futuro próximo, em termos de produção de energia a partir de fontes renováveis. Temos diversidade de fontes, como biomassa, hidráulica, solar e eólica, em quantidades já expressivas e em curva ascendente. Adicione-se também, a existência de um sistema interligado nacional (SIN) que é uma enorme rede de transmissão, o que habilita a localização de polos de produção em muitas localidades considerando potencial de consumo próprio industrial ou, as oportunidades de exportação.
“É importante ressaltar que estes três setores citados, de agronegócio, energia e transportes, são apenas exemplos e que a aplicabilidade e viabilidade do Hidrogênio Verde tendem a se ampliar. Nesta direção, a ABHAV vem envidando esforços e apoiando um amplo leque de iniciativas para impulsionar e fortalecer a cadeia de valor do hidrogênio no País”, conclui Paulo Barbosa.
Sobre a ABHAV
ABHAV é a Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes. Foi formalmente constituída em fevereiro de 2023 e tem por objetivo reunir profissionais e empresas interessadas no desenvolvimento do mercado de Hidrogênio e Amônia de baixo carbono. https://abhav.org.br/