Adaptação e Abordagens Diferenciadas no Enfrentamento à Mudança do Clima

Adaptação e Abordagens Diferenciadas no Enfrentamento à Mudança do Clima

Kleber Santos, Engenheiro Agrônomo, Acadêmico da ABCA, Membro do GTT Adaptação do Governo Federal

Adaptação e Abordagens Diferenciadas no Enfrentamento à Mudança do Clima

Informações científicas atestam a mudança do clima – inclusive por meio do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês), o fórum de cientistas criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial. O IPCC subsidia com evidências científicas a Convenção das Nações Unidas de Combate á Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).

Os impactos das mudanças climáticas são evidentes. Na Agropecuária, é perceptível pela forte relação com as condições climáticas!

Assim, há informações disponíveis sobre impactos como, por exemplo, que nos últimos dez anos eventos climáticos extremos causaram prejuízos de R$ 260 bilhões para a agropecuária brasileira. Somente em 2022, os eventos de seca provocaram prejuízos de R$ 57,4 bilhões. (Fonte: Link).

Os impactos da mudança do clima afetam a agricultura e, consequentemente, a segurança alimentar e nutricional em diferentes e muitos aspectos: diminuição da produtividade e produção, aumento de doenças e pragas, aumento das áreas degradadas, perda do patrimônio genético, escassez de recursos hídricos, inviabilidade de cadeias produtivas, e perda de qualidade e valor nutricional dos alimentos.

Tal fato tem acelerado a adoção de políticas públicas de enfrentamento à mudança do clima, como a elaboração do Plano Clima do Governo do Brasil.

Registre-se que o Brasil, sob a coordenação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), e em decorrência do compromisso do País resultante da 15ª Conferência das Partes (COP) da UNFCCC criou, em 2010, o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).

Após dez anos, com metas superadas, novas bases estratégicas foram incorporadas, fortalecendo a capacidade adaptativa e o controle das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária brasileira. Tal fato resultou no Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária com vistas ao Desenvolvimento Sustentável (o Plano ABC+) com metas até 2030. Um diferencial em relação ao plano anterior é a abordagem de paisagem pela conexão entre sistemas sustentáveis de produção e ambientes naturais nas propriedades rurais.

Assim, o setor agropecuário apresentou proatividade na construção do Plano Clima do Governo Federal!

O Plano Clima, composto de plano de Adaptação e plano de Mitigação, está em processo de construção visando o lançamento na COP 30 que iniciará em 10 de novembro de 2025, em Belém -PA. No tocante à mitigação, são 7 planos setoriais para planejar horizonte temporal até 2050, com objetivo de emissão líquida zero de gases de efeito estufa.

A questão da adaptação, que vem como destaque desta 30ª Conferência, foi exaustivamente laborada por meio de 16 planos setoriais – entre os quais o Plano de Agricultura e Pecuária. Liderado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) o Plano Setorial de Adaptação em Agricultura e Pecuária é composto por 3 objetivos, 8 metas e, 18 ações.

Baseado no Plano ABC+, há previsão de metas com prazos e descrição precisa de ações em diversas frentes visando o enfrentamento à mudança do clima no contexto da adaptação: a) ampliar, até 2035, em 10% o valor total financiado para sistemas produtivos sustentáveis; b) incrementar a estrutura de monitoramento meteorológico; c) ampliar os recursos para Programa de Seguro Rural, até 2035; d) aprimorar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) como instrumento de gestão de risco na agropecuária até 2031; e) ampliar 72,68 milhões hectares de produção agropecuária com adoção dos SPS (Plano ABC+), com abordagem integrada à paisagem, até 2031; f) ampliar, até 2035, o desempenho produtivo em sistemas de produção agropecuária e de aquicultura resilientes; g) ampliar o recurso disponibilizado para pesquisa, desenvolvimento, inovação e transferência de tecnologia para agropecuária até 2035; e h) ampliar a diversidade da base genética de culturas e raças (recursos genéticos), com capacidade adaptativa à mudança do clima, até 2036.

Importante observar que das 2.779 contribuições da consulta pública sobre o Plano Clima Adaptação, o setor agropecuário ficou no top 5 entre os mais demandados!! O que reflete forte interesse setorial e social. Ao tempo em que Agricultura e Pecuária são forte e diretamente afetados pelas mudanças do clima, também apresentam estreita relação com políticas sociais, posto serem pilares para a segurança alimentar e nutricional.

As estratégias de adaptação e mitigação estão interrelacionadas, sendo que vivemos tempos que urgem apoiar sistemas de produção agropecuária com produtividade e qualidade visando minimizar os impactos!

Assim, como parte da solução, a agropecuária tem papel essencial no combate às mudanças climáticas. O que demanda apoio efetivo em políticas públicas até mesmo para minimizar os riscos advindos das intempéries, além de garantir a base da segurança alimentar e nutricional da população!

O artigo expressa a opinião do acadêmico Kleber Santos e não necessariamente a opinião da ABCA.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo (SP), com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, por sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. Não podemos deixar de lembrar que a evolução da civilização só foi possível devido à agricultura. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa, assim como a larga experiência dos agricultores, seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: Link.

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