Aplicação foliar de fertilizantes nitrogenados: estratégia complementar para a nutrição de plantas
Eficiência nutricional, resposta rápida e redução de perdas fazem o fornecimento de nitrogênio via folha ser decisivo para o manejo
A aplicação de nitrogênio pode ser considerada um dos pilares para o bom desenvolvimento das plantas, com efeitos diretos na produtividade das culturas. O nitrogênio (N) participa de processos essenciais como a fotossíntese, a síntese de proteínas e o crescimento vegetativo. Embora, tradicionalmente, sua aplicação seja feita via solo, sua disponibilidade sofre influência de fatores como reservas do solo, taxa de matéria orgânica, pH do solo e regime hídrico. Dessa forma, a aplicação foliar de fertilizantes nitrogenados tem ganhado espaço como ferramenta relevante no manejo nutricional.
Mas afinal, quando vale a pena aplicar nitrogênio via folha?
Segundo, Carolina Ruv, engenheira agrônoma, doutora em Agricultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas pela UNESP/Botucatu e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento Agronômico da UnionAgro, a pulverização de soluções contendo nitrogênio diretamente sobre as folhas é amplamente reconhecida como uma estratégia que permite uma pronta disponibilidade do nutriente, com uma absorção rápida e direcionada, e possibilidade de agilidade na resposta das plantas, sendo especialmente útil em situações emergenciais, como em períodos de estresse (seca extrema), quando o movimento de nutrientes no solo é reduzido, baixa absorção radicular (comprometimento do enraizamento, solos encharcados, com pH desequilibrado).
“Em situações de deficiência nutricional aguda, com evidente clorose foliar ocasionada pela falta de nitrogênio, a aplicação foliar ameniza rapidamente os sintomas. O nitrogênio aplicado via folha pode ser alocado, também, junto a caldas de fungicidas e inseticidas, otimizando os custos com a pulverização agrícola”, destaca Carolina.
Usualmente, as aplicações são realizadas em épocas tardias, ou seja, no final do ciclo das culturas, o que permite ajustes de acordo com o estado nutricional da planta e condições climáticas presentes durante o ciclo da cultura, com o objetivo de incrementar o conteúdo de proteína dos grãos, atendendo a necessidade real da cultura.
Estudos prévios realizados em 2002, 2009, 2018 e 2025 mostraram a possibilidade de redução no aporte de nitrogênio via solo de 25 a 40% sem que se afetasse de maneira severa os índices de vegetação e produtividade, em resposta a aplicações sequenciais de nitrogênio via foliar.
Além disso, esta técnica possibilita menores riscos de perdas por volatilização ou lixiviação, comuns na adubação convencional, e relevantes em áreas com alta pluviosidade ou solos com baixo teor de argila. “Na verdade, contornar a dinâmica de imobilização do nitrogênio no solo é uma das principais vantagens da aplicação foliar, aumentando exponencialmente a eficiência do uso de nutrientes e reduzindo as perdas para o ambiente”, esclarece.
Apesar das inúmeras vantagens apresentadas pela aplicação foliar, deve-se lembrar que a quantidade de nitrogênio que pode ser fornecida por esta via é restrita, não suprindo a demanda total das culturas, sendo seu uso recomendado como medida corretiva, de complementação ou potencialização, em fases específicas do ciclo da cultura, como os picos de desenvolvimento vegetativo, enchimento de grãos ou em momentos de estresse fisiológico.
Cuidados são necessários, também, para evitar danos por fitotoxidez, respeitando-se as doses máximas e as misturas recomendadas, podendo ser necessário algum ajuste de acordo com a formação da copa e condições climáticas do momento.
Para Carolina, escolha do momento certo para a aplicação também é essencial. Em cultivos como milho, soja, trigo e café, a aplicação foliar de N pode ser feita em fases estratégicas como o estágio vegetativo ou início do reprodutivo, além da fase de formação dos grãos, sendo o parcelamento das doses e aplicações indicado para constante estímulo da fisiologia e fornecimento do nutriente para as culturas. “Utilizada com critério técnico, ela pode representar um ganho importante em vigor, sanidade e produtividade”, reforça.
A aplicação foliar de nitrogênio, então, aparece como técnica de manejo viável para uma produção mais sustentável e otimizada, particularmente em ambientes onde se encontra alguma restrição, como limitação na disponibilidade hídrica e cultivos em estações mais secas. Não somente promove um maior crescimento e desenvolvimento vegetativo, como também possibilita maior tolerância a estresses abióticos, exacerbados, atualmente, pelas mudanças climáticas. “Os benefícios também envolvem um melhor uso de recursos, integrando o fornecimento nutricional à aplicação de herbicidas, inseticidas e fungicidas”, finaliza Carolina.
Sobre a Crop Care
A Crop Care é uma holding brasileira que atua no mercado de insumos químicos, biológicos e fertilizantes especiais