“Agro em código” debate posicionamento do Brasil frente à demanda global por alimentos
Com realização de Cubo Agro, Embrapa e Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, encontro colocou em evidência a rastreabilidade e as certificações como oportunidades para inovação e sustentabilidade
A Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, o Cubo Agro Itaú e a Embrapa Agricultura Digital se adiantam às discussões sobre acordos internacionais para exportação e abastecimento interno da indústria brasileira de alimentos ao reunir especialistas para colocar em evidência a rastreabilidade e as certificações como oportunidades para inovação e sustentabilidade.
Diante da previsão de a humanidade totalizar 10 bilhões de habitantes até 2050, a alimentação torna-se um desafio para a cadeia evolutiva. Para que a produção seja mais adequada à demanda, evite-se o desperdício, aprimorem-se os recursos logísticos e que a segurança do alimento seja garantida, os processos de rastreabilidade e certificações foram enfatizados por todos os palestrantes que debateram o tema durante o “Agro em código – summit de rastreabilidade no agronegócio”.
Profissionais do setor e representantes de entidades e governo abordaram as exigências de consumidores e mercado internacional como certificações, inovação, políticas para a produção sustentável e as oportunidades de negócios que uma nova realidade proporciona. A necessidade de transparência por parte de produtores, governos e todos os players dessa cadeia de abastecimento também entrou em pauta nos debates.
Na abertura do encontro, Roberto Matsubayashi, diretor de tecnologia da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, enfatizou que “a rastreabilidade é uma questão complexa e não somente uma técnica para garantir a procedência dos produtos, mas é um dos fatores para o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU, já que os dois primeiros deles são Erradicação da Pobreza e Fome Zero, além do ODS 13 que trata sobre a Ação Climática, para garantir que os produtos não venham de área de desmatamento”. “A GS1 tem como uma de suas missões nesse sentido promover discussões que levem à reflexão para inclusão de produtores rurais de todos os portes no círculo do agronegócio, a certificação de produtos e o acesso à alimentação de qualidade”, completa Matsubayashi.
Roberto Matsubayashi, diretor de tecnologia da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil
O diretor alerta que, apesar das dificuldades, a rastreabilidade se tornou um processo essencial, com destaque no controle dos processos internos, já que há quase dois milhões de empresas produtoras de alimentos no Brasil.
Nesse contexto, o encontro debateu a integração da rastreabilidade com conceitos de sustentabilidade e blockchain como uma estratégia para impulsionar o agronegócio. São processos e tecnologias que desempenham papéis essenciais ao crescimento sustentável do setor, o que facilita o rastreamento e fortalece os vínculos na cadeia de abastecimento.
Na abertura do evento, Stanley Oliveira, pesquisador e chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, mencionou a relação da rastreabilidade com sustentabilidade ambiental e segurança alimentar, dois conceitos-chave que pautaram a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2024, a COP29, e que devem ser tratados também na próxima, em Belém (PA). A rastreabilidade é muito mais do que um processo ou uma ferramenta. É uma conexão do produtor até o consumidor”, enfatiza, reforçando que, além disso, é uma forma de atender padrões internacionais, trazendo novas oportunidades de crescimento.
Anderson Alves, supervisor da área de negócios da Embrapa Agricultura Digital e um dos organizadores do evento, comentou que é fundamental que todos os elos das cadeias de produção entendam a importância e a segurança de ter produtos rastreados. “A rastreabilidade não é custo, ao contrário, agrega valor aos produtos, além de trazer transparência e mais informação aos consumidores e servir como uma ferramenta adicional para órgãos de controle e fiscalização”, completa.
No primeiro painel – “Grandes impulsionadores da rastreabilidade” – mediado por Pedro Di Martino, gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, Aecio Flores, vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Certificação por Auditoria e Rastreabilidade (ABCAR), ressaltou o modelo brasileiro de inclusão e sustentabilidade. Segundo Flores, “o Brasil possui escala de produção e capacidade tecnológica sem precedentes, com o maior banco de dados do agro do Hemisfério Sul”. “Isso nos faz do país um protagonista global e precisamos aproveitar essa vantagem para equilibrar sustentabilidade e competitividade com soluções acessíveis para pequenos e médios produtores.”
Pedro Di Martino, gerente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil media debate no “Agro em Código”
Esse primeiro painel contou ainda com Matheus Calheiros, gerente de Certificação e Parcerias da Rainforest Alliance; Estevão Carvalho, diretor de novos negócios da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira; e Cid Sanches, consultor Externo para certificação ESG.
Na sequência, o “Agro em código” contou com palestras e debates com participação de Ana Claudia Torres, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que apresentou o tema interessante “Rastreabilidade no Programa de Manejo de Pesca do Pirarucu”. O encontro seguiu até o fim da tarde com participação de vários players do agronegócio.
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