Bioinsumos impulsionam Brasil a bater recordes de produtividade
Produtos biológicos inovadores têm sido decisivos para a elevação da competividade das lavouras. Neste ano, empresa suíça Andermatt traz para o mercado brasileiro sete novos micro-organismos
A produção agrícola brasileira bate recordes contínuos. A superação de níveis já elevados reflete o uso de tecnologias inovadoras, e os bioinsumos têm papel fundamental para o aumento da produtividade. Além de atender à demanda da sociedade por alimentos mais saudáveis, esses produtos “entregam resultados” aos produtores, que enfrentam um ambiente bastante competitivo. Conseguir “algo a mais” faz diferença no balanço do negócio.
Inovar requer visão de futuro. Um genuíno exemplo de empresa que anteviu a necessidade de conciliar cuidados com os recursos naturais e rentabilidade é a suíça Andermatt. Em 1988, quando as discussões sobre sustentabilidade eram incipientes, os pesquisadores Martin e Isabel Andermatt iniciaram a empresa que, desde então, se propõe a substituir insumos químicos por boas alternativas biológicas, como produtos microbianos, substâncias naturais, insetos benéficos e armadilhas.
Seus produtos estão em mais de 70 países e lideram o mercado mundial de baculovírus – muito efetivo no combate a insetos. No Brasil, a empresa atua desde 2014, tem em seu portfólio atual nove bioinsumos e lança neste ano outros sete. São micro-organismos inéditos, cepas exclusivas, pesquisadas e desenvolvidas ao longo de anos; em alguns casos, foram mais de 20 anos para ficarem prontos. Os dois primeiros lançamentos chegam ao mercado em junho: o Nembac 42®, contra nematoides, e o Atroverde 77®, para o combate ao mofo-branco. (Em breve, mais informações)
Em 2022, a Andermatt Brasil teve crescimento de 121% e, em 2023, espera novamente duplicar seu faturamento. A expectativa é de avanço na casa de três dígitos também pelos próximos dois anos.
A operacionalização da estratégia para que esses resultados sejam obtidos se fundamenta no Andermatt Way, explica o CEO da empresa no Brasil, Carlos Gajardoni, 54. Como pilares de sustentação da empresa destacam-se excelência operacional e confiabilidade nos produtos e processos e, entre os pilares de avanço ao mercado, a ênfase é dada ao portfólio inovador e a pessoas “apaixonadas”, todos orientados para que um efetivo go-to-market seja bem executado.
Nas palavras do CEO, a Andermatt no Brasil, hoje, “é uma grande empresa pequena no Brasil”, lastreada em fundamentos que devem lhe proporcionar crescimento robusto por anos seguidos. O foco da empresa é aumentar continuamente sua relevância – atender de forma única –, fazendo a diferença para agricultores que necessitam de tecnologias produtivas, ambientalmente sustentáveis e rentáveis. À frente do time, Gajardoni reforça que todo o esforço tem como finalidade contribuir para que o produtor tenha mais competitividade, colha mais e perceba que sua terra, seu principal patrimônio, tem cada vez mais vida.
“Neste ano, estamos reforçando consideravelmente o nosso portfólio. São produtos muito eficazes, inovadores, focados na melhoria do ‘sistema produtivo do agricultor’. No ano passado, fizemos também dezenas de contratações, buscando perfis que se identificam com a nossa proposta de geração de valor. Além de terem alto conhecimento técnico sobre as funcionalidades dos biológicos, a forma correta de aplicá-los e como combiná-los, inclusive com químicos, nossa equipe tem a autonomia e o reconhecimento necessários, são protagonistas. Deixamos claro também que nossos valores que são inegociáveis, em linha com o ‘Andermatt Way’”, explica o CEO.
Carlos Gajardoni, com larga experiência em empresas de grande porte (agroquímicos, biotecnologia, papel e celulose, distribuição de insumos), se anima a dizer que estão construindo uma empresa diferente do que predomina no mercado de insumos nacional, uma empresa para fazer a diferença, que contribua para moldar o futuro da agricultura.
Para exemplificar como o Andermatt Way torna diferenciada as práticas dessa empresa, Gajardoni cita os critérios de reconhecimento e recompensa das pessoas. Segundo ele, não basta atingir meta financeira, é preciso “gerar valor” aos produtores, demonstrar que ajudou o agricultor a ter uma boa experiência. “O nosso sucesso depende do sucesso do agricultor e da confiança do distribuidor. Todo esse conjunto é levando em conta”.
O CEO, que gosta de “estar na estrada” com a equipe, destaca ainda a importância que dão ao que chamam de “pedagogia da presença”. Segundo ele, ao estar presente, o produtor e o distribuidor parceiro veem que o discurso da Andermatt está em linha com o comportamento da sua equipe.
“Produtos de alta qualidade, processos confiáveis e pessoas presentes, com brilho nos olhos para trabalhar e solucionar. Essa combinação é fundamental. A nossa política é a de conceder autonomia. Queremos pessoas que pensem, sintam, tragam sugestões para fazermos diferente e melhor. Inspiramos autonomia e reconhecemos comportamentos na expectativa de sermos surpreendidos positivamente, e isso tem funcionado”, explica Gajardoni.
INDEPENDÊNCIA & AUTONOMIA – A gestão global da Andermatt é conduzida de modo a manter a sua independência no mercado, sem alterar seu propósito de oferecer boas alternativas biológicas ao uso de insumos químicos. Nesse sentido, a empresa, através de um programa de oferta de ações, tem sido vendida aos colaboradores de suas unidades em todo o mundo. Quando completam dois anos de casa, têm direito a comprar ações da Andermatt. Mais de 30% dos colaboradores já são acionistas. A família Andermatt, no entanto, continua majoritária, administrando com um conselho e diretoria profissionais. Com essa participação, mantem-se o poder de veto à venda da empresa, resguardando-se a independência e a cultura original.
Essa estratégia corporativa, explica Gajardoni, mostra que a empresa é um parceiro confiável ao longo do tempo a produtores e distribuidores com quem se relaciona. “Não estão suscetíveis a anúncio repentino de que a Andermatt passa a ser controlada por outra competidora, com propósito distinto. Ou seja, quem escolhe ser distribuidor da Andermatt sabe que continuará com uma empresa independente e que não seremos concorrentes ocasionais, pela eventual venda da empresa”, completa o executivo.
A Andermatt Global concede também autonomia às suas subsidiárias – não filiais – distribuídas por 27 países. O desempenho da unidade Brasil em 2022, segundo o CEO local, está sendo reconhecido pela matriz na forma de aumento significativo dos aportes para investimento e de capital de giro para crescer; está sendo analisado, inclusive, eventual construção de uma nova fábrica aqui no País – hoje são 10 fábricas em diferentes continentes.
MERCADO DE BIOLÓGICOS – O crescimento do uso de insumos biológicos na agricultura desperta admiração. O faturamento dos biodefensivos, principal segmento entre os biológicos, aumentou 219% na safra 2021/22, chegando a R$ 3,3 bilhões, segundo pesquisa encomendada pela CropLife, associação que reúne empresas de sementes, defensivos químicos, biotecnologia e produtos biológicos, à empresa S&P Global. De 2018 para 2022, o crescimento médio anual (CAGR) foi estimado em 61%. Para 2030, a autora da pesquisa, realizada há três anos consecutivos, estima que o mercado de controle biológico seja próximo de R$ 17 bilhões.
Esse ritmo de crescimento tem sido contínuo, contextualizando-se em um típico “círculo virtuoso”. Na ponta final da cadeia produtiva, está a demanda por alimentos mais saudáveis e por práticas agrícolas mais sustentáveis. Em resposta a esse posicionamento da sociedade, indústrias desenvolvem biológicos com alta tecnologia e, no campo, produtores atestam a eficácia desses produtos, aumentando o uso safra após safra. Conforme a pesquisa CropLife/S&P (safra 2021/22), 58% dos produtores entrevistados acreditam que o mercado de biodefensivos continuará crescendo. A soja é a líder no uso de biológicos, seguida pela cana.
