Como IoT, edge e data centers impulsionam a saúde digital
*por Luis Cuevas
O percurso da humanidade para uma era digital alterou profundamente nossa vivência e interação. Essa revolução, catalisada por avanços como conectividade de quinta geração (5G), inteligência artificial (IA) e computação em nuvem, tem exercido vasta influência especialmente na área da saúde. A convergência dessas tecnologias contribui para aprimorar processos sustentados por uma infraestrutura robusta e distribuída que conecta estrategicamente internet das coisas (IoT), computação de borda (edge computing) e data centers.
A comunicação móvel atingiu notável progresso, do 2G – focado em voz – ao 5G, que entrega velocidades ultrarrápidas, demonstrando ser vital para aplicações que demandam tempo de resposta em milissegundos – essenciais em cenários críticos. No campo da medicina, sua baixa latência permite intervenções remotas e decisões tomadas em tempo real.
Frente a esse contexto de respostas imediatas, o edge computing revela-se extremamente importante. Tradicionalmente, os insumos trafegavam em centros de dados distantes para processamento, o que gerava atrasos. O edge inverte esta lógica, levando essa análise para perto do local de origem, na “borda” da rede, retardando essas respostas tardias e possibilitando atuações mais céleres que diminuem a carga sobre a rede principal.
Os efeitos na saúde são palpáveis e um exemplo disso está na possibilidade de realizar cirurgias a distância com precisão e segurança – feito viabilizado pela agilidade do edge computing. Manter detalhes e cuidados essenciais próximos a unidades de atendimento sanitário garante que dados sejam acessados rapidamente, que é fundamental para aplicações dessa natureza em tempo real. Diante disso, dispositivos IoT no setor hospitalar, como wearables, sensores em leitos e equipamentos interligados, produzem um fluxo contínuo de informações para aperfeiçoar a IA, impulsionando a análise e a tomada de decisão.
Para um diagnóstico auxiliado pela IA, monitoramento preditivo ou otimização hospitalar é necessária capacidade computacional massiva – aqui, cloud e data centers chave mostram-se insubstituíveis, uma vez que oferecem escalabilidade e potência analítica para treinar modelos complexos de deep learning e processar grandes conjuntos de dados. Os data centers atuam como “fábricas de IA”, fornecendo a conjuntura física base com poder de tratamento vultoso (incluindo GPUs), memória e armazenamento para treinamento e verificação do volume de informações.
Desse modo, é desenvolvido um ecossistema interligado: a IoT coleta conteúdos na borda, ao passo que 5G e edge processam localmente para averiguação em tempo real e latência mínima – essenciais para procedimentos cirúrgicos remotos e monitoramento crítico. Nuvem e data centers treinam modelos de IA sofisticados, armazenam dados de longo prazo e visualizam grandes volumes para extrair insights. Trata-se de uma combinação de operação local e potência central que possibilita aplicações de IA de forma instantânea.
Contudo, essa edificação no setor sanitário enfrenta alguns desafios. Data centers e estruturas edge lidam com o crescimento exponencial de dados e cargas de IA, elevando a demanda por capacidade e densidade de energia. A densidade média por rack aumenta, necessitando de novas abordagens de refrigeração, como o resfriamento líquido – fundamental para densidades acima de 30-40kW por rack. Há também gargalos de espaço, custo e design devido à adoção em larga escala do edge, que demanda recursos distribuídos, gerenciamento de energia eficiente e interoperabilidade.
Com o objetivo de resolver esses problemas, soluções avançadas de gerenciamento e automação movidas por IA são decisivas para maximizar a performance, elevar a eficiência energética, reduzir despesas, aprimorar a segurança e propiciar manutenção preditiva. Estas plataformas podem oferecer uma visão única da operação utilizando gêmeos digitais e análises para otimizar e prevenir falhas – a pegada energética dessa infraestrutura suscita preocupação, representando cerca de 2% do consumo global, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA).
Outro ponto importante é que data centers modulares pré-fabricados ganham proeminência por oferecerem rapidez de instalação, custos mais previsíveis, maior densidade com liquid cooling e sustentabilidade superior. Em resumo, a digitalização da saúde depende da sua infraestrutura subjacente. Os obstáculos de densidade, energia, escalabilidade e sustentabilidade exigem infraestrutura física e digital sofisticadas, eficientes e resilientes.
Por isso, construir o futuro online da saúde requer um entendimento profundo da interação dessas tecnologias e a implementação de soluções que assegurem confiabilidade, bom rendimento e sustentabilidade.
*Luis Cuevas é diretor da Secure Power e Negócios de Data Centers da Schneider Electric no Brasil