Convergência regulatória em biotecnologia com a China pode gerar mais US$ 1,5 bi ao ano em exportações
CropLife Brasil apresentou estudo aos chineses que destaca os impactos de uma possível
sincronia de aprovações de produtos transgênicos entre os dois países

Um estudo inédito da CropLife Brasil, apresentado durante missão à China, revela que a convergência nas aprovações de produtos de biotecnologia poderia gerar valor adicional médio de até US$ 1,5 bilhão por ano para as exportações brasileiras. O levantamento, que teve foco nas cadeias de soja, milho e algodão, reforça a importância da agenda no país asiático, voltada à harmonização dos marcos regulatórios como estratégia para fortalecer o comércio internacional de alimentos, além de consolidar uma parceria agrícola de longo prazo entre as duas nações. Em 2024, as exportações brasileiras para o gigante asiático chegaram a US$ 50 bi.
O objetivo da análise foi realizar uma simulação de um ambiente mais alinhado em prazos de aprovações dessas tecnologias agrícolas e quais seriam os benefícios desse acordo. Pela projeção, considerando o acumulado de 10 anos, as exportações brasileiras alcançariam US$ 14,8 bi. A soja lidera o excedente exportável com US$ 1,3 bilhões ao ano.
Uma das barreiras identificadas pelo estudo produzido pela Céleres foi o tempo médio de aprovação das biotecnologias: na China, as aprovações dos produtos de biotecnologia ocorrem quatro a seis anos após a aprovação no Brasil, o que impacta no lançamento e disponibilização dessas tecnologias aos agricultores brasileiros.
O estudo mostrou ainda que a convergência regulatória em biotecnologia com a China levaria o Brasil a um aumento anual de produção de soja de 5,2 milhões de toneladas, com um potencial de exportação adicional de 3,1 mi. Desse total, 2,2 milhões de toneladas seriam destinadas à China, maior comprador do grão brasileiro.
O diretor-presidente da CropLife Brasil, Eduardo Leão, comentou que o aprimoramento do ambiente institucional, a partir de um arcabouço regulatório de biotecnologia previsível e convergente entre os dois países, reforça a posição de parceria de duradoura, confiável e de benefícios mútuos. “Em um momento de instabilidade geopolítica e de tensões econômicas pelo mundo, o alinhamento das discussões comerciais entre os países e a convergência regulatória, em especial das biotecnologias agrícolas, são pontos fundamentais para definir o futuro da agricultura e as oportunidades econômicas para a China e o Brasil. Estamos muito otimistas com o potencial que temos a nossa frente e com a abertura do governo chinês para discutirmos o tema,” disse Leão.

Impactos fitossanitários e benefícios socioambientais
De acordo com a diretora de Biotecnologia na CropLife Brasil, Catharina Pires, que integra a comitiva na China, o impacto econômico apontado pelo estudo reforça a importância do acesso às novas biotecnologias para auxiliar o agricultor brasileiro a ter ganhos consistentes de produtividade e atender às demandas de sustentabilidade do mercado e da sociedade. “A produção agrícola em larga escala sob condições tropicais tem desafios fitossanitários no Brasil, especialmente relacionados ao controle de pragas e doenças. Por isso, uma convergência regulatória antecipará a adoção de biotecnologias e potencializará os benefícios produtivos, econômicos e socioambientais para ambas as cadeias,” explica Pires.
Nos últimos 25 anos, o uso de transgênicos evitou a necessidade do plantio de 21,4 milhões de hectares adicionais, o equivalente ao dobro da área de soja plantada no estado de Mato Grosso em 2020. Além disso, evitou a emissão de 70,4 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente ao plantio de 504 milhões de árvores. Outro benefício foi a economia de água: nos últimos quatro anos, a tecnologia poupou 10,4 bilhões de litros, o equivalente a oito vezes o consumo diário da cidade de São Paulo. Atualmente, o Brasil possui 56,9 milhões de hectares cultivados com transgênicos, entre soja, milho, algodão, feijão e cana-de-açúcar.