COP30: Brasil acelera construção de cenários para chegar a emissões líquidas zero

COP30: Brasil acelera construção de cenários para chegar a emissões líquidas zero

Projeto Net Zero Brazil integra modelagem territorial, agropecuária e energia para orientar políticas públicas; primeiros resultados saem em 2026

 COP30: Brasil acelera construção de cenários para chegar a emissões líquidas zero

Seis meses após o início do projeto Net Zero Brazil, um consórcio de organizações do terceiro setor, universidades e parceiros nacionais e internacionais avança na construção de cenários para que o país alcance emissões líquidas zero – situação em que a quantidade de gases de efeito estufa emitida por um país é igual à quantidade removida da atmosfera – nas próximas décadas. David Tsai, gerente do projeto no Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), explicou durante o painel “Visualizing net-zero economies to inform action” (Visualizando economias de emissões líquidas zero para orientar ações), na Blue Zone, espaço da COP30, Conferência das Partes sobre mudanças climáticas das Nações Unidas, que o entusiasmo da equipe é proveniente de três fatores centrais.

 COP30: Brasil acelera construção de cenários para chegar a emissões líquidas zero

Participaram do painel os parceiros Eric Larson (Princeton University, Estados Unidos), Tianduo Peng (Tsinghua University, China), Ajay Mathur (School of Public Policy at IIT, Delhi, India) e Paulo Artaxo, (Centro de Estudos Amazônia Sustentável da Universidade de São Paulo, USP).

O primeiro é a chance de fortalecer a ainda pequena comunidade brasileira dedicada à modelagem de descarbonização. O segundo é a colaboração internacional, que permite ao país acessar métodos de ponta já utilizados nos modelos dos Estados Unidos, Índia e China. A terceira razão é o foco na visualização territorial, considerada fundamental para transformar projeções em políticas públicas concretas.

No Brasil, o uso da terra e a agropecuária respondem pela maior parcela das emissões: 42% relacionadas ao desmatamento e 30% à atividade agropecuária. “O país se diferencia de outras economias de grande porte. Enquanto em países como China e Estados Unidos as emissões se concentram no setor de energia, aqui a equação climática é dominada pelo território”, diz.

Ao mesmo tempo, o Brasil tem uma oportunidade singular. “O mandato legal de restaurar 20 milhões de hectares de terras degradadas, somado à regeneração já em curso, pode gerar 30% de remoções de carbono equivalente da atmosfera. Um potencial que pode crescer caso o país avance em políticas de desmatamento zero e recuperação florestal”, explica Tsai.

Diante dessa configuração de emissões, o modelo brasileiro precisa integrar três dimensões centrais: uso da terra, produção agropecuária e sistema energético. O projeto combina o modelo global Magpie ao mapeamento detalhado do MapBiomas (30 metros de resolução), além de modelos energéticos como o Macro.

Essa integração é complexa, compartilha Tsai: “Temos que cumprir metas de restauração, zerar o desmatamento, expandir biocombustíveis e instalar energia solar. Tudo isso requer disponibilidade de terra”.

O projeto também planeja uma ferramenta digital aberta, na qual qualquer usuário poderá comparar trajetórias e explorar cenários. A proposta foi reforçada por especialistas do conselho consultivo, que pediram máxima transparência nos parâmetros e suposições.

Até o primeiro semestre de 2026, devem ser divulgados os primeiros resultados revisados. Para a próxima Conferência das Partes, está prevista a versão inicial do sistema interativo, que permitirá ao público visualizar cenários e testar estratégias.

 

Deixe seu comentario

Ultimas Noticias

Categorias

Fique por dentro das novidades

Inscreva-se para receber novidades em seu Email, fique tranquilo que não enviamos spam!

Jeetwin

Jeetbuzz

Baji999

Deixe seu Email para acompanhar as novidades