COP30 | Fundação Rockefeller concede 5,4 milhões de dólares para apoiar soluções alimentares sustentáveis no Brasil
A instituição irá favorecer ecossistemas regenerativos ligados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), promovendo biodiversidade e saúde do solo e fortalecendo a agricultura familiar, as economias rurais e a nutrição infantil.

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP30), em Belém, a Fundação Rockefeller anunciou mais de US$ 5,4 milhões em investimentos para fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares no Brasil e no mundo, fornecendo alimentos nutritivos e de origem local a crianças por meio da merenda escolar. A organização filantrópica, que atua na região há quase 100 anos, apoiará 12 organizações que mobilizam financiamento para pequenos e médios produtores ligados ao programa, oferecendo suporte técnico e promovendo intercâmbio de experiências entre países.
Os financiamentos incluem apoio ao Instituto Comida do Amanhã, Instituto Clima e Sociedade (ICS), Digital Green, Instituto Arapyaú, Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública (Ceap), Welight Institute of Socio-Environmental Innovation (IWIS) – Projeto Amana, Fundación Ambition Loop, World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), Global Alliance for the Future of Food (via Panorama Global), Transformational Investing in Food Systems (TIFS) e GDI Solutions, para impulsionar soluções de agricultura regenerativa que beneficiem pessoas no Brasil e outros países.
“Apoiar agricultores e destravar financiamentos é essencial para nossa aposta nas merendas regenerativas — uma das ferramentas mais poderosas do mundo para melhorar a vida das crianças, fortalecer economias locais e preservar o planeta”, disse Elizabeth Yee, vice-presidente executiva da Fundação Rockefeller. “O Brasil tem sido referência ao criar um programa que alimenta crianças, amplia a demanda por alimentos locais e regenerativos e estimula o crescimento econômico. Com esses investimentos, nossos parceiros poderão apoiar mais agricultores na adoção de práticas regenerativas — fortalecendo a estabilidade econômica de suas famílias e contribuindo para sistemas alimentares mais resilientes.”
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um dos maiores do mundo, com políticas de compras voltadas para reduzir a pobreza rural e fortalecer a agricultura familiar. A política nacional, que garante merenda escolar universal, determina que 30% dos recursos federais sejam usados na compra direta de agricultores familiares, com preferência para fornecedores locais — percentual que subirá para 45% em janeiro de 2026. A política também incentiva a produção agroecológica, mas muitos produtores ainda carecem de recursos, treinamento e incentivos para migrar para práticas sustentáveis.
Para apoiar agricultores familiares, melhorar a saúde do solo e adaptar-se às mudanças climáticas, a Fundação Rockefeller colabora com organizações que promovem práticas agroecológicas por meio de assistência técnica e financiamento. A fundação também apoia o Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP), que dissemina as lições desses projetos para outros países interessados em desenvolver programas de merenda local e regenerativa.
Projetos apoiados:
Instituto Comida do Amanhã
Apoio ao projeto “PNAE Agroecológico”, que promove transições agroecológicas em 11 municípios brasileiros, desenhando pilotos de três anos para fortalecer a merenda com alimentos de agricultores locais.
“Estamos criando, junto com um grupo de municípios de vanguarda, projetos-piloto que testam caminhos possíveis para promover uma transição agroecológica de forma estruturada e duradoura”, afirmou Juliana Tângari, diretora do Instituto Comida do Amanhã. “Nosso objetivo é entender quais incentivos são necessários em cada território para fortalecer a merenda escolar com produtos locais e agroecológicos — uma abordagem que pode ser replicada em outras regiões do Brasil e do Sul Global.”
Centro de Desenvolvimento da Agroecologia do Cerrado (CEDAC)
Apoio ao projeto “Brasil Mais Agroecológico – Municípios em Rede”, em seis municípios de Minas Gerais, que inclui planos municipais de agroecologia, merendas 100% agroecológicas, criação de um Armazém Agroecológico e assistência técnica a 150 famílias agricultoras.
“O impacto esperado é fortalecer a municipalização da agroecologia como base dos sistemas alimentares, articulando compras públicas e mercados privados. O piloto em Minas Gerais serve de laboratório para demonstrar que a transição em larga escala é possível”, destacou Alessandra Karla da Silva, coordenadora executiva do CEDAC.
Instituto Arapyaú
Apoio à expansão do Fundo Kawá nos estados da Bahia e Pará, oferecendo assistência técnica e crédito em agricultura regenerativa a 1.200 produtores de cacau, além de construir sistemas de dados para otimizar operações e integrar produtores ao PNAE.
“Buscamos ajudar produtores de cacau a superar a exclusão financeira e se tornarem parte da transição regenerativa. Ao fortalecer cadeias locais e promover o desenvolvimento rural inclusivo, contribuímos para um futuro mais sustentável e resiliente ao clima”, disse Renata Piazzon, diretora-presidente do Instituto Arapyaú.
World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
Apoio ao desenvolvimento de métricas globais de agricultura regenerativa, dentro da Agenda de Ação em Paisagens Regenerativas (AARL) e do Landscape Accelerator-Brazil, nos biomas Amazônia e Cerrado, visando maior transparência, responsabilidade e investimento em sistemas alimentares justos e regenerativos.
“Co-financiar cadeias de valor resilientes e reduzir riscos para agricultores exige colaboração e alinhamento de métricas entre produtores, empresas, investidores, governos e sociedade civil. O apoio da Fundação Rockefeller é crucial para esse avanço no Brasil e globalmente”, afirmou Diane Holdorf, vice-presidente executiva do WBCSD.
Outras organizações beneficiadas incluem Digital Green, TIFS, GDI Solutions, Projeto Amana (IWIS), Fundación Ambition Loop e Ceap, que trabalharão em conjunto para alinhar filantropias e o setor privado em apoio à transição agroecológica no Brasil e em cinco regiões do mundo.
“A Fundação Rockefeller se orgulha de apoiar algumas das organizações mais eficazes da região, que promovem técnicas agrícolas sustentáveis enquanto nutrem crianças por meio do PNAE”, afirmou Lyana Latorre, vice-presidente da Fundação Rockefeller para a América Latina e Caribe. “Com nossos parceiros, buscamos aproveitar o poder da agricultura regenerativa e das merendas escolares para fortalecer economias locais, mitigar e adaptar o clima e promover comunidades prósperas.”
Esse novo investimento de US$5,4 milhões no Brasil e no exterior faz parte dos mais de US$220 milhões que a Fundação Rockefeller já destinou à transformação dos sistemas alimentares. Com base em experiências no Brasil e no Quênia, o programa inclui US$100 milhões para alcançar 100 milhões de crianças em todo o mundo com alimentos mais nutritivos, locais e regenerativos por meio da expansão de programas de merenda escolar. A Fundação também investe US$100 milhões na iniciativa Food is Medicine, nos Estados Unidos, e mais de US$20 milhões na Periodic Table of Food Initiative, que fornece ferramentas e dados padronizados para mapear a qualidade nutricional da biodiversidade alimentar global.
Sobre a Fundação Rockefeller
A Fundação Rockefeller é uma organização filantrópica pioneira, baseada em parcerias colaborativas em ciência, tecnologia e inovação, que busca promover o bem-estar da humanidade. Hoje, concentra-se em ampliar oportunidades humanas e reverter a crise climática por meio da transformação dos sistemas de alimentação, saúde, energia e finanças — incluindo sua atuação via entidade pública RF Catalytic Capital (RFCC).






