Da indústria à logística: o Brasil mostra que descarbonização é desenvolvimento

Da indústria à logística: o Brasil mostra que descarbonização é desenvolvimento

  • 14º Seminário Internacional Frotas & Fretes Verdes reforça integração entre inovação, política industrial e transição energética

Da indústria à logística: o Brasil mostra que descarbonização é desenvolvimento

Da esq. p/ dir.: José Moura Junior, CEO da VirtuGNL, Claude Padilha, diretor comercial da Arrow, Marcos Oliveira, membro efetivo do Conselho da Administração da Iochpe-Maxion, Daniela Teixeira, diretora de Comunicação da Gás Verde, Gustavo Bonini, diretor institucional da Scania e Marcio Severine, diretor de infraestrutura e diretor da ABVE

O 14º Seminário Internacional Frotas & Fretes Verdes (F&FV), promovido pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia, reforçou que a descarbonização do transporte brasileiro vai muito além de uma revolução tecnológica: trata-se de uma estratégia de desenvolvimento nacional. Nos painéis “Estratégias Industriais e Inovação para a Transição: da Indústria ao Transporte” e “Inovações Tecnológicas e Transição Energética na Logística”, representantes da indústria, da academia e do setor público mostraram que o país tem condições únicas para liderar a mobilidade sustentável na América Latina — combinando base industrial sólida, diversidade energética e capacidade tecnológica crescente.

O consenso entre os participantes foi claro: não há transição energética sem indústria, nem competitividade sem inovação. A descarbonização depende da coordenação entre política industrial, infraestrutura e regulação, em um esforço que una empresas, governo e universidades em torno de um mesmo propósito — industrializar para descarbonizar.

Indústria forte e diversidade tecnológica: os alicerces da transição – O painel “Estratégias Industriais e Inovação para a Transição: da Indústria ao Transporte”, mediado por Marcos Oliveira, membro do Conselho de Administração da Iochpe-Maxion, destacou que o caminho brasileiro para a transição energética passa pela neoindustrialização verde e pela convivência entre múltiplas tecnologias.

O GNL (gás natural liquefeito), apresentado por José Moura Junior, CEO da VirtuGNL, surge como alternativa logística e energética viável para o transporte pesado. Já o biometano, defendido por Daniela Teixeira, diretora de Comunicação da Gás Verde, mostrou-se uma solução renovável e competitiva, capaz de substituir o diesel e reduzir até 99% das emissões de CO₂.

Na mobilidade urbana, Claude Padilha, da Arrow, apontou o avanço dos veículos elétricos nacionais como símbolo de maturidade tecnológica, enquanto Márcio Severine, diretor da ABVE, reforçou a necessidade de expandir a infraestrutura de recarga e formar mão de obra especializada.

Encerrando o painel, Gustavo Bonini, diretor institucional da Scania, sintetizou a mensagem central: “a sustentabilidade começa com emprego e renda, mas depende de um olhar sistêmico sobre energia, poluição, segurança e mobilidade inteligente”. Para ele, a descarbonização exige ação imediata e colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva.

Logística integrada e energia limpa: um novo paradigma econômico – O painel seguinte, “Inovações Tecnológicas e Transição Energética na Logística”, mediado por Luís Pasquotto, conselheiro de empresas, startups e terceiro setor, ampliou a discussão para os modais marítimo, aéreo e ferroviário, destacando que a transição energética deve ser vista como um ecossistema interconectado e não apenas como um conjunto de desafios isolados.

No transporte marítimo, Flávio Mathuiy, coordenador dos Temas Ambientais da Comissão Coordenadora para os Assuntos da IMO, defendeu que o Brasil deve desenvolver soluções próprias, valorizando sua vocação em biocombustíveis e energia renovável. Ele destacou os biocombustíveis certificados pela IMO como alternativa estratégica de curto e médio prazo, capaz de fortalecer a competitividade do país e a autonomia tecnológica nacional.

Na aviação, Gilberto Peralta, presidente da Airbus Brasil, mostrou que o uso do SAF (Sustainable Aviation Fuel) é a principal rota para a descarbonização do setor. Segundo ele, o Brasil pode responder por até 40% da produção mundial de SAF, apenas com base nos resíduos do agronegócio, desde que avance em políticas tarifárias e previsibilidade regulatória.

O transporte ferroviário, representado por Vicente Abate, presidente da Abifer, foi apresentado como modal estratégico e sustentável para a descarbonização. O executivo destacou projetos com locomotivas elétricas, células de hidrogênio e o aeromóvel — tecnologia 100% brasileira, em fase final de implantação no Aeroporto Internacional de Guarulhos —, além do potencial nacional para produção e exportação de hidrogênio verde.

Já Márcia Perin, coordenadora de Certificações da Be8, apresentou o painel “Cadeias de Suprimentos Verdes – Desafios de Produção e Certificação”, destacando o papel do biodiesel e da bioeconomia na construção de uma matriz energética sustentável. A Be8, maior produtora de biodiesel do país, opera com certificações internacionais como Renovabio, ISCC e CARB, e adota práticas de rastreabilidade com geolocalização de mais de 14 mil propriedades rurais. Para ela, o agro brasileiro é alimento e energia — e o país é uma potência nessa integração.

Consenso: descarbonizar é industrializar – As discussões das Sessões 2 e 3 convergiram em um ponto comum: o Brasil já é potência em alimentos e energia, mas precisa de coordenação institucional e políticas de longo prazo para transformar potencial em protagonismo global.

O evento demonstrou que a transição energética é mais do que uma pauta ambiental — é uma agenda econômica, tecnológica e social. A convergência entre indústria, energia e logística confirma que o futuro do transporte sustentável brasileiro depende da integração entre modais, da produção nacional de tecnologias limpas e da formação de capital humano capaz de sustentar essa nova economia de baixo carbono.

A íntegra da transmissão do evento está disponível no canal oficial do Instituto Besc: Acesse aqui

Da indústria à logística: o Brasil mostra que descarbonização é desenvolvimento

Da esq. p/ dir.: Gilberto Peralta, presidente da Airbus Brasil, Flávio Mathuiy, coordenador dos Temas Ambientais da Comissão Coordenadora para os Assuntos da IMO, Luís Pasquotto, conselheiro de empresas, startups e terceiro setor, Márcia Perin, coordenadora de Certificações da Be8 e Vicente Abate, presidente da Abifer

Sobre o Instituto Besc de Humanidades e Economia – O Instituto Besc de Humanidades e Economia é uma organização civil sem fins lucrativos que se dedica, desde 2009, a promover o conhecimento, o diálogo e a formulação de soluções para o desenvolvimento econômico e humano do Brasil. Com sede em Belo Horizonte (MG), o Instituto atua como um verdadeiro elo entre os setores público, privado e acadêmico, estimulando a reflexão intelectual e a construção coletiva de políticas e estratégias que contribuam para o crescimento sustentável e a redução das desigualdades regionais. Reconhecido por sua visão humanística e por sua atuação multissetorial, o Instituto Besc inspira líderes e especialistas a transformar ideias em ações concretas — sempre guiado pelos valores de liberdade, progresso, responsabilidade ambiental e compromisso com a vida.

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