Dano na semente por altas temperaturas: dá para evitar?
Palhada garante solo mais fresco e úmido, o que auxilia na proteção do solo e atenua amplitude térmica, favorecendo a germinação
À esquerda: semente morre por conta da seca (falta de absorção de água e altas temperaturas).À direita: dano por altas temperaturas, a chamada “escaldadura” / tombamento fisiológico
O El Niño tem favorecido as altas temperaturas, um menor índice pluviométrico no Cerrado e os produtores vêm enfrentando mais um desafio que os tem obrigado a fazer o replantio de algumas áreas durante esta safra. Isso porque, além da falta de água, há baixa quantidade de palhada produzida em um sistema produtivo que rotaciona soja e milho ou algodão. É ela que mantém o solo em menor amplitude térmica e auxilia na retenção da umidade. Sua escassez traz a possibilidade da menor proteção do solo, maior possibilidade de aquecimento da sua superfície e dificuldades na germinação das sementes, levando a um menor estabelecimento de estande.
“Com temperaturas elevadas, muitos produtores estão enfrentando problemas na emergência das sementes. Para iniciar o processo de germinação, elas devem absorver umidade do solo (50 a 55% de seu peso) e a temperatura ideal deve estar em torno de 20° a 30°, mas estamos muito acima disso nesta safra. Temos visto situações como o tombamento fisiológico por alta temperatura ou tombamento por dumping off (morte das plântulas) ocasionado por fungos de solos (Pythium, Phytophtora e Rhizoctonia, que têm sua proliferação em ambientes com temperatura acima de 30°), que se aproveitam da situação. Também tem sido comum ver as plântulas iniciando o processo de emergência e, ao encontrarem altas temperaturas na superfície, curvam-se para dentro do solo, formando o chamado ‘pescoço de ganso’”, afirma Francisco Bonilha, diretor de Produção e Qualidade da SEEDCORP I HO, um dos principais players do mercado de genética de sementes do País.
O diretor comenta que também tem sido verificado no campo casos nos quais as sementes, em seu processo de embebição, têm o dano de umidade, deixando os tecidos mais tenros, e, por conta da temperatura elevada, seus tecidos são degradados e apodrecem, muitas vezes tendo a situação sendo confundida com Antracnose. “A má performance da semente dificilmente tem a ver com a sua qualidade, visto que, apesar do cenário desafiador, nesta última safra houve a entrega de lotes com germinação acima de 90% nas nossas cultivares”, destaca.
Acima dos 30° graus a semente cheia de água pode cozinhar e apodrecer, o que propicia a entrada de fungos e degradação
Diante desse cenário, Charles Telles, coordenador de Produção e Qualidade da SEEDCORP I HO, recomenda que é muito importante os produtores estarem atentos às práticas agronômicas como: rotação de culturas, manutenção da cobertura do solo (palhada), profundidade de semeadura, contato solo/semente, velocidade de plantio e regulagens das máquinas. “Sempre que possível deve-se realizar plantios pós-chuvas”, diz.
Cuidados na armazenagem da semente
Sementes que saem de ambientes refrigerados não devem, segundo Bonilha, serem armazenadas em barracões com altas temperaturas e que apresentem condições para sua degradação. Elas perdem o vigor e podem apresentar quedas no índice de germinação até o plantio. “Se você não as coloca em condições adequadas certamente vai ter problemas”, diz.
Neste sentido, a recomendação aos produtores e revendas é que as sementes permaneçam em condições de temperaturas amenas, com umidade relativa entre 55 a 65%, evitando exposição à luz solar direta. “Devem ser armazenadas sobre estrados e nunca podem ser colocadas embaixo de lonas. Também deve-se evitar contatos com outros produtos (fertilizantes e defensivos químicos)”, afirma.
“A semente é um ser vivo e cada cultivar se comporta de maneira diferente, de acordo com o ambiente a que é exposta. Caso seja atingida por alguma situação inusitada, o que é muito natural e comum no campo, a semente vai começar a lançar mão de alguns artifícios para se proteger e se perpetuar, buscando todo seu vigor para se manter viva” (Francisco Bonilha)
Sobre a SEEDCORP I HO
Formada em 2017, a partir da fusão entre SEEDCORP e Horus Sementes, a SEEDCORP I HO é uma empresa de genética de soja com atuação no Brasil, Paraguai e Uruguai. A empresa, presente em todas as etapas da cadeia de sementes – pesquisa, produção, desenvolvimento de mercado, vendas e logística – oferece as melhores opções ao agricultor e atua por meio de sua marca própria ou de licenciamento de sua genética. Atualmente uma das maiores distribuidoras de sementes de soja e milho do Brasil, a SEEDCORP I HO possui uma plataforma integrada de sementes, com programa próprio de melhoramento genético. Seu portfólio é composto por 30 variedades de soja colocando cultivares no TOP 10 do ranking de produtividade em todas as regiões de atuação.