Descarbonização do setor mínero-metalúrgico pode ser acelerada pela lei de créditos de carbono
Relatório aponta a economia circular como alavanca, enquanto créditos de carbono podem ganhar espaço
Em busca de caminhos para acelerar a descarbonização, o setor minero-metalúrgico já conta com iniciativas próprias, muitas delas apresentadas na ABM Week, maior evento técnico-científico e empresarial da América Latina para as indústrias de metalurgia, materiais e mineração. A consultora Leila Kauffmann, que moderou a Mesa-redonda sobre Valorização e Avaliação do Ciclo de Vida dos coprodutos siderúrgicos e seus impactos na descarbonização, destacou a dimensão da responsabilidade da indústria siderúrgica.
“A siderurgia responde hoje por 7% a 9% das emissões globais de gases de efeito estufa. Por isso, discutir economia circular e ciclo de vida é falar de competitividade e sobrevivência do setor no futuro”, afirmou Leila.
Nessa linha, o Instituto Brasileiro de Economia Circular (Ibec) lançou o relatório Economia circular como alavanca para a descarbonização do setor siderúrgico brasileiro, apontando o modelo como um caminho promissor para reduzir emissões no setor. Embora práticas como transformação de resíduos, uso de sucata e aproveitamento de coprodutos já estejam presentes, o estudo ressalta a necessidade de superar barreiras para avançar em uma abordagem mais sistêmica.
Em paralelo às iniciativas próprias do ambiente minero-metalúrgico, ganha força o mercado de créditos de carbono, que permite a compensação de emissões por meio da compra desses créditos. Hoje, o principal canal de negociação disponível no país é o Portal B4 Capital, mas, com a obrigatoriedade prevista pela Lei nº 15.042/2024, que regula o mercado de carbono no país, novos mecanismos devem entrar em operação.
De acordo com informações da Greenline Associates, empresa brasileira de geração de crédito de carbono, essa pode ser uma ferramenta estratégica de transição. “Enquanto tecnologias de baixo carbono ainda não estão amplamente disponíveis, a aquisição de créditos pode ser utilizada pelas indústrias como um instrumento de adaptação e competitividade”, avaliou Erick Mussi, CEO da empresa, em canais associados à divulgação da B4.
Para o especialista, os créditos também podem gerar benefícios diretos para o setor siderúrgico. Segundo ele, há a possibilidade de criar valor para empresas que reduzem emissões além das metas obrigatórias ou que desenvolvem projetos sustentáveis, como reflorestamento, produção de energia renovável e reaproveitamento de resíduos. Isso representa uma nova fonte de impacto positivo nas atividades produtivas, além de fortalecer a imagem corporativa.
Os especialistas em compensações de carbono ainda destacam o papel desse mercado na reputação internacional do setor. Em um cenário de crescente rigor em mercados como União Europeia e Estados Unidos, que exigem padrões cada vez mais rígidos sobre a pegada de carbono, os créditos de carbono podem ajudar empresas brasileiras a atender às exigências e manter acesso a esses mercados.
Discussões como essas demonstram o compromisso do setor minero-metalúrgico em alinhar o crescimento econômico e a responsabilidade ambiental. A integração entre inovação tecnológica, economia circular e instrumentos de mercado, como os créditos de carbono, tende a ser decisiva para consolidar uma indústria mais sustentável e competitiva nos próximos anos.
Segundo Valdomiro Roman, Diretor de Operações da ABM, “a siderurgia Brasileira tem um forte compromisso sócioambiental com as gerações futuras, e o Brasil tem grande potencial para ser um player importante no processo de descarbonização. Neste momento a ABM se apresenta como parceira para fortalecer as empresas para este desafio, seja na capacitação dos seus técnicos ou na discussão do tema nos eventos que promove”.
