Descarbonização e Inteligência Artificial são temas que despontam na discussão sobre malha ferroviária brasileira
Para os convidados da mesa-redonda, inserção de tecnologia e investimentos são as principais pautas para o aumento do uso de trens no Brasil

O segundo dia de ABM Week, considerado o principal evento técnico-científico e empresarial da América Latina voltado aos setores de metalurgia, materiais e mineração, teve como um dos destaques a Mesa-Redonda “Investimentos em ferrovias: desafios e oportunidades para a indústria do aço”. A palestra contou com a presença de especialistas do setor público e privado, entre eles, o Presidente da MRS Logística, Guilherme Segalla; o CEO da VLI, Fabio Marchiori; o Diretor Comercial e Terminais da Transnordestina, Alex Trevisan; e o Diretor de Dados e Autorregulação da Associação Nacional dos Transportadores ferroviários (ANTF), Paulo Roberto de Oliveira Junior.
A moderação ficou a cargo do Presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTRANS) e Professor da Fundação Dom Cabral, Ramon Victor César, que pautou os convidados com temas relevantes do cenário atual como investimentos em tecnologia, aportes governamentais e Inteligência Artificial (IA) aplicada.
O debate levou em consideração o cenário atual das ferrovias no Brasil, que representam cerca de 15% da matriz do transporte de carga no país. Número muito abaixo em comparação com outros países de dimensões continentais.
Para o Diretor Comercial e Terminais da Transnordestina, Alex Trevisan, entre os desafios, está o entendimento da complexidade do processo e a necessidade de um planejamento minucioso. “É preciso olhar para a produção e enxergar o que está sendo produzido hoje. Então, é necessário alocar terminais o mais próximo possível dessas cadeias produtivas e fazer com que esses insumos cheguem às zonas de destino das cargas. Dessa forma, a questão é superar isso, junto de outras etapas como licenciamento, CAPEX de investimento, alocação de áreas e prospecção de investidores. Tudo isso são desafios que precisam ser superados”, relatou Trevisan.
Alguns destes obstáculos podem ser ultrapassados com investimentos em tecnologia, segundo o CEO da VLI, Fábio Marchiori. “Hoje em dia, nós precisamos aplicar a inteligência de dados na cadeia. Se coletarmos informações o tempo todo, analisarmos e aplicarmos para tornar os materiais mais eficientes, com menor custo e maior longevidade, reduzimos o custo na hora de transportar o produto para o cliente”, explicou.
Para o CEO, outro ponto importante é a integração de terminais e portos. “Atualmente, operamos com nove terminais integradores no Brasil inteiro, além dos terminais portuários. Ao juntar todos em uma única cadeia podemos desenvolver modelagens matemáticas para reduzir o tempo ou os gargalos em cada um dos módulos. Então, o fato de ter tudo embaixo do mesmo controle permite que se desenvolva um modelo, teste, otimize, revigore e o tempo todo tente reduzir o tempo de trabalho”, explicou Marchiori.
Para o caso de regiões sem acesso a portos, o Presidente da MRS, apontou outro ponto de vista, com novos desafios e soluções. “Nós estamos nas regiões mais densamente povoadas, então nossos principais investimentos devem ser a vedação da malha ferroviária, passarelas para que possamos desenvolver um trem com maior velocidade e com melhor conexão com os municípios”, afirmou Segalla.
Outro destaque na conversa foi a pauta ambiental. Em sua fala, o diretor de Dados e Autorregulação da ANTF, relembrou que a utilização de rodovias no lugar de transporte por estradas reduz em 85% a emissão de gases poluentes como o CO2. Porém, hoje o investimento nesse setor é majoritariamente privado.
Apesar disso, ele apontou que o cenário é positivo e lembrou que, nos últimos anos, o investimento em modernização da malha ferroviária brasileira vem crescendo. “A curva é ascendente, com R$ 53 bi de investimentos entre 2025 e 2027. De maneira geral, para haver mudanças regulatórias, é necessário ter um horizonte bastante estável, com previsibilidade para alocar recursos. Outro pilar é deixar que o setor atue com flexibilidade tarifária, e graças ao ativo da gestão privada, a regulação consegue ser mais contida, o que possibilita a redução de tarifas (fardo regulatório). Para isso, é preciso que o teto tarifário dos contratos seja mudado”, explicou Paulo Roberto.
Ao final da palestra, o Presidente Executivo da ABM, Horacidio Leal, tomou a palavra e agradeceu aos convidados pelo debate e pela contribuição. O evento encerrou a manhã de programações do segundo dia de ABM Week.
Serviço: ABM Week
- Data: 9, 10 e 11 de setembro de 2025
- Local: Pro Magno – Av. Profa. Ida Kolb, nº 513, Jardim das Laranjeiras, São Paulo – SP
Mais informações: https://www.abmbrasil.com.br/






