Dia Mundial da Água: como o setor químico pode contribuir duplamente com a jornada de consumo da Indústria
- Investimentos para otimização e reuso da água nos processos produtivos e desenvolvimento de produtos e soluções que diminuem o consumo do recurso natural ao longo da cadeia de valor, são alguns dos exemplos que fazem o setor ser estratégico
Desenvolvimento de florestas corporativas proporcionam a preservação de nascentes de rios. Em São Bernardo do Campo/SP, nascentes pertencentes à Reserva Suvinil desembocam na represa Billings.
O investimento em processos específicos para otimizar o uso da água figura entre as principais prioridades das indústrias no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pela Nexus para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2024, cerca de 79% dos empresários entrevistados destacaram iniciativas voltadas à redução do consumo como parte de suas estratégias. Para muitas empresas, as mudanças climáticas têm acelerado a implementação dessas medidas.
“As alterações no clima têm desempenhado papel crucial na formulação de estratégias voltadas à economia de água. A crescente escassez hídrica e os eventos climáticos extremos têm impulsionado a adoção de práticas mais rigorosas e sustentáveis”, avalia Tiago Egydio, biólogo e gerente da Fundação Eco+, uma consultoria de sustentabilidade mantida pela BASF que atua no mercado para desenvolver projetos socioambientais para empresas.
Consumir de maneira eficiente a água requer ações e métodos inovadores que garantam maior eficiência hídrica das operações dentro de um processo produtivo, por exemplo. A BASF, por ser uma indústria química e estar presente em diferentes pontos de uma cadeia de valor, possui iniciativas que impactam a diminuição do uso da água internamente, além de contribuir com a manutenção de bacias hidrográficas localizadas em municípios onde opera.
“Em toda a América do Sul, temos como meta diminuir em 35% a água captada por tonelada produzida nas fábricas até o final deste ano”, afirma Daniel Marcon, Vice-presidente de operações da BASF para América do Sul. Para isso, o uso sustentável da água dentro das fábricas da BASF passa por um ciclo completo na otimização do consumo: desde o abastecimento, uso e reuso na produção, até a devolução dela para o meio ambiente. “Entre 2002 e 2024, enquanto aumentamos em 65,5%o volume absoluto de produção na América do Sul, reduzimos em 33% o consumo absoluto de água, diminuindo assim em 59,5% o consumo de água por tonelada de produtos acabados na América do Sul”, diz.
Diferentes atores sociais envolvidos na recuperação de matas ciliares
Em Guaratinguetá/SP, BASF, Fundação Eco+, prefeitura, fazendeiros e outras indústrias da região se uniram para evitar as consequências da falta de água no município. Criado pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Programa Produtor de Água apoia o proprietário rural que investem em ações que contribuam com a preservação da água. A iniciativa protege as áreas de mananciais que abastecem o Ribeirão Guaratinguetá, principal fonte de abastecimento da cidade. Ele nasce na Serra da Mantiqueira e desemboca no Rio Paraíba do Sul, já na zona urbana da cidade. Aproximadamente 95% do seu abastecimento vem do rio.
De 2011 a 2024, o programa teve a adesão de 67 produtores rurais, que receberam mais de R$ 2 milhões de investimentos em infraestrutura em suas propriedades, além de terem recebido durante o período mais de R$ 350 mil por continuarem a exercer boas práticas de manejo da terra. “Foram restaurados cerca de 119 mil hectares de florestas e 65 nascentes recuperadas”, declara Tiago Egydio, biólogo, gerente da Fundação Eco+ e membro do conselho do programa no município.
Participante da iniciativa há cinco anos, a proprietária Tatiana Cardoso de Freitas conta que o Programa contribuiu com a profissionalização dos serviços de restauração da vegetação, que eram feitos de maneira autônoma por ela e seu marido. “A prefeitura nos apoiou com a doação de mudas de árvores e com a tarefa do plantio. Hoje em dia mal conseguimos ver as nascentes de rio porque as matas ciliares estão enormes e lindas”, diz. Somadas todas essas vantagens, ainda foi possível receber um incentivo financeiro por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), realizado anualmente pela prefeitura, conforme prevê a legislação que criou o programa Produtor de Água. Ao todo, Tatiana já recebeu quase R$ 20 mil por entender a importância da conservação.
Florestas corporativas como práticas de conservação da biodiversidade
Desde 1984, a BASF trouxe a Mata Atlântica para dentro de suas fábricas com objetivo de recuperar a mata ciliar e de trazer benefícios à sociedade e ao ecossistema local. “O Programa Mata Viva® teve início com a recuperação de mata ciliares do Rio Paraíba do Sul, às margens do maior complexo químico da BASF, em Guaratinguetá/SP, e expandiu o conceito de florestas corporativas para outras cidades com unidades da empresa, como Jacareí, Santo Antônio de Posse e São Bernardo do Campo”, conta Tiago. Ao todo, a iniciativa, que é gerida pela Fundação Eco+, dentro e fora das unidades produtivas da BASF, já acumula mais de 1,3 milhão de árvores plantadas em 875 hectares de florestas restauradas, compensando um total de mais de 185 mil toneladas de carbono.
Em São Bernardo do Campo, parte do território onde se encontra o complexo de tintas e vernizes da BASF – responsável pela produção das tintas Suvinil e Glasu! – está conectado a um grande maciço florestal e à floresta atlântica da Serra do Mar, fazendo parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo e reconhecido internacionalmente pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Essa reserva preserva 5 nascentes que abastecem o sistema da represa Billings. Neste espaço também fica localizada a Fundação Eco+.
Evolução do Programa Mata Viva® em Guaratinguetá/SP. Recuperação de matas ciliares ao redor do complexo químico da empresa permitiu que o rio Paraíba do Sul mantivesse sua capacidade de absorver água para a cidade. Crédito: divulgação.
Como parceira para a transformação verde de seus clientes, a BASF investe em pesquisa e desenvolvimento para apresentar inovações que também garantam economia e proteção da água. No setor de produtos de limpeza, por exemplo, há um agente quelante – matéria-prima presente na maior parte dos produtos de limpeza – que é orgânico e rapidamente biodegradável e substitui matérias primas tradicionais que podem prejudicar o equilíbrio ecológico de rios e lagos, causando impacto nas fontes hídricas.
Além disso, produtos concentrados que usam menos água na formulação, vêm ganhando cada vez mais espaço e a confiança do consumidor e, de acordo com dados da Euromonitor International, lideram as vendas no segmento para lava-roupas. Também é possível diminuir o consumo de água nas lavagens com o inibidor de transferência de cor da companhia, que permite que roupas brancas, pretas e coloridas sejam lavadas em um mesmo ciclo na máquina de lavar, reduzindo em 20% no impacto ambiental – tanto por reduzir a quantidade de água consumida como a quantidade destinada a tratamento.
A agricultura digital também é uma grande aliada na preservação da água do planeta, ajudando a reduzir o consumo e aumentar a sustentabilidade das operações do produtor agrícola. Como exemplo, a solução Mapeamento Digital de Plantas Daninhas do xarvio® – a marca global de agricultura digital da BASF – permite a economia média de 3,6 mil litros de água a cada 1000 hectares de cultivo, além de uma redução significativa também na utilização de combustível e maquinário agrícola, com 4 horas-máquina a menos para a mesma área.
Reduzir o desperdício é apenas uma das possibilidades para o consumo consciente e sustentável da água. Por isso criar estratégias eficientes precisa fazer parte da missão das empresas em nível mundial, de forma a auxiliar na manutenção da disponibilidade e da qualidade, mitigando os riscos causados pela falta deste recurso natural.