Edificações podem economizar, em média, 30% de energia com medidas simples de automação predial e eficiência energética
A integração de sensores e sistema de gestão predial nas edificações, entre outros mecanismos de eficiência energética, têm no Brasil um potencial de economia de 87TWh, ou 14% do consumo de eletricidade do país. Essa economia, caso realizada, permitiria que US$ 44 bilhões de investimentos fossem evitados. O tema foi discutido durante o Congresso Edificações do Futuro e Expo (CEFX), hoje, em São Paulo, no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).

Ainda que US$ 424 bilhões sejam necessários até 2050 para que as edificações no Brasil sejam verdes e inteligentes, obtendo economias com energia entre 20% e 40%, esse investimento se pagaria entre 2 a 5 anos. E garantiria um potencial de economia de 14% do consumo de eletricidade do país, ou 87TWh. O tema foi discutido hoje durante a abertura do Congresso Edificações do Futuro e Expo (CEFX), realizado hoje em São Paulo, no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo.
“O país, segundo o IBGE, possui hoje, perto de 107 milhões de edificações, as quais respondem por 47% do consumo de eletricidade”, afirmou Juliana Ulian, CEO da GHM Solutions, organizadora do evento. “Nesse momento pós COP30, em que se discute a descarbonização das economias, se apenas automatizássemos os prédios e adotássemos sistemas de gestão predial, entre outros mecanismos de eficiência energética, seria possível reduzirmos em 40% as emissões de gás de efeito estufa”, complementou.
Victor Moura, especialista da GHM Solutions, apresentou o estudo lançado, durante o CEFX, “Green & Smart Buildings no Brasil: Cenário das edificações sustentáveis e inteligentes: contribuições da automação predial e iluminação”. Segundo ele, o potencial de economia da automação predial e da eficiência energética nas edificações se traduz em 16,5 GW evitados anualmente, ou o equivalente à geração de 1,2 Itaipus. “Isso representa, ainda, 4,7 milhões de toneladas de CO2 evitadas, levando-se em conta premissas conservadoras nesses cálculos”, frisou.
Sistema econômico sustentável
Ildo Luíz Sauer, vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE/USP) chamou a atenção para o consumo mundial de energia, hoje na casa dos 620 exajoules (ou 620 quintilhões – 10 à 18ª. potência) de joules. “Mais do que nunca, com o reconhecimento das crises climáticas, voltamos à questão da gestão da energia”. “Precisamos retornar à ciência básica e a um sistema econômico sustentável”, defendeu.
A resposta, segundo José Roberto Muratori, do Instituto de Automação/Prédio Eficiente, está na necessidade de se integrar as várias tecnologias para se chegar à máxima eficiência. Entre elas, a gestão corporativa, com gêmeos digitais, dashboards, alarmes e analytics da supervisão dos sistemas, controles programáveis para a iluminação e climatização, assim como sensores.
“A automação predial, contudo, não é algo estático”, alertou: “é preciso revisar diariamente os sistemas, baseando-nos em dados, sem “achismos”, acompanhando o desempenho real de equipamentos.” De acordo com o consultor e projetista de automação residencial e predial, não basta às edificações uma automação passiva. “Ela deve ser ativa, capaz de tomar decisões automaticamente, com inteligência”, conclui Muratori.
Economias comprovadas
Os resultados com automação predial e eficiência energética podem ser medidos na prática. Luciano Rosito, diretor geral da B.E.G.Brail, ressaltou que já se é possível obter reduções de 70% de economia de energia com uma infraestrutura de dados sem comprometer o nível de conforto dos ambientes das edificações. Ele apresentou um estudo de caso de um galpão de logística, com tecnologia DALI, baseada em sensores instalados a 16 metros de altura, num sistema de 560 luminárias, com economia de 58%.
Para Marcos Martins Poli, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), no entanto, não bastam produtos de eficiência energética para resolver o desafio energético. “Temos que começar por um bom projeto”. Para ele, é importante se maximizar os recursos de energia disponíveis nas edificações. “E temos métricas para avaliar se esses prédios estão, efetivamente, gerando o bem-estar que queremos”, afirma.
Na mesma linha, Adriano Cotrim Pita, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, reforça: “não existe edifício inteligente sem projeto inteligente, e isso significa uma edificação que leve em consideração o meio ambiente e seu uso.” Já, segundo Lucia Abadia, conselheira da Associação Mulheres em Energia há um aspecto importante para quem investe em edificações a ser considerado: “A parcela de pagamento do imóvel um dia acaba. Mas a taxa de manutenção é permanente. Precisamos evoluir na consciência da sustentabilidade, com economia de energia ao longo do tempo”, concluiu Lucia, ao final do painel.
Participaram, ainda, da abertura do CEFX, Claudio Violato, presidente do Fórum Brasileiro de IoT e Gustavo Reis, vice-presidente da Associação Paulista de Municípios (APM) e Cesar Massaro, coordenador do Centro de Edificações Inovativas da Universidade de São Paulo, lançado neste evento.
Para baixar o estudo Green & Smart Buildings no Brasil, clique aqui: https://we.tl/t-9YQSITvOBe
Sobre a GHM Solutions: A GHM Solutions é uma empresa de Pesquisa e MarComm para o Setor de Energia. Também realiza o CPIIC – Congresso Paulista de Iluminação e Cidades do Futuro voltado ao tema iluminação pública como ativo estratégico e porta para cidades inteligentes.
Sobre o IEE-USP: O Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP) é uma unidade de pesquisa e ensino dedicada ao estudo e desenvolvimento de soluções para questões relacionadas à energia e ao meio ambiente, com foco na sustentabilidade.






