Evento anual voltado a consultores agronômicos, NutriExperts discute caminhos para se alcançar uma agricultura de alta performance

Evento anual voltado a consultores agronômicos, NutriExperts discute caminhos para se alcançar uma agricultura de alta performance

Em sua 12ª edição, evento, que aconteceu na última semana em Itupeva (SP), reuniu cerca de 250 consultores agronômicos de todo o País e tratou de temas como nutrologia, impacto da microbiologia do solo e do clima na produtividade, além de estratégia de manejo para a safra 24/25

Evento anual voltado a consultores agronômicos, NutriExpertsdiscute caminhos para se alcançar uma agricultura de alta performance

Consultor Carlos Cogo fala ao público do evento sobre as perspectivas de mercado para a safra 24/25

Realizar um intercâmbio tecnológico visando apresentar as melhores práticas e manejos para ajudar os agricultores a produzirem mais e melhor. É com esse objetivo que, anualmente, acontece o NutriExperts, evento promovido pela ICL que já se tornou referência na discussão de conceitos e tecnologias para a agricultura, principalmente no que se refere à fisiologia e nutrição de plantas, e que este ano reuniu, em sua 12ª edição, em Itupeva (SP), cerca de 250 consultores agronômicos de todo o País e da América do Sul. “O NutriExperts é um ambiente colaborativo, rico em termos de aprendizado. Colocamos aqui todo nosso conhecimento à disposição do campo, que ainda tem muitas oportunidades para melhorar os índices de produtividade”, declarou o CEO Alfredo Kober na abertura do evento.

Rafael Battisti, professor e pesquisador em Agrometeorologia e Modelagem de Cultivos Agrícolas da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), um dos participantes, defendeu em sua apresentação sobre os impactos do clima na produtividade e estratégias de manejo para a safra 2025 que, além de produzir, o agricultor tem de ser eficiente em suas tomadas de decisão. “Ferramentas não são solução para os problemas, mas trazem embasamento para isso. Não adianta colocar a culpa no clima. O manejo mitiga os impactos causados por ele. Não tem como aumentar a produtividade se não houver oferta de nutrientes”, observou (leia mais na entrevista que ele concedeu abaixo).

Em uma apresentação sobre nutrologia de alta performance, Diogo Toledo, médico do Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, mostrou o papel dessa ciência na chamada Medicina 3.0, que busca cada vez mais prevenir e personalizar o cuidado com o paciente. “Minha ideia foi fazer um intercâmbio entre a nutrologia e a agronomia, mostrar o que fazemos para prevenir e predizer, mas também trazer um pouco do aspecto de como se comportar como ser humano em todas essas evoluções. Na agronomia já se utiliza tecnologia para saber como é o ambiente, o clima, o solo, o micro-organismo do solo e isso antecipa como vai ser o fruto, a plantação. Toda essa predição / prevenção a gente faz na nutrologia humana e é muito interessante ver essa interrelação na agronomia. Cuidar da planta pela nutrologia faz ela ter um desempenho muito melhor se eu, antecipadamente, conseguir identificar o melhor solo, estruturar esse solo, o melhor clima, melhor suplemento do solo para isso para melhorar essa produtividade, exatamente como fazemos na nutrologia humana”, afirmou.

“Nós sabemos que a nutrição tem impacto positivo. Atletas de alto desempenho precisam de alimentação adequada e o mesmo acontece com as plantas. Na nutrologia vegetal a nossa proposta é que tenhamos um olhar para o máximo de performance. Temos nos inspirado na natureza para trazê-la para a agricultura, com tecnologias que têm contribuído com o desempenho de muitos agricultores em concursos de produtividade como o CESB, GETAP e Cup of Excellence. Nós trabalhamos nessas tecnologias que fazem a diferença e os consultores agronômicos atuam como verdadeiros nutrólogos, com recomendações cada vez mais customizadas. Assim como um médico tem o olhar para a gente a ideia é que façamos o mesmo com as plantas. Queremos cada vez mais evoluir juntos inspirados pelas estratégias da natureza para que nossos clientes obtenham a máxima performance”, afirmou Ithamar Prada, vice-presidente de Marketing e Inovação da ICL.

Engenheiro agronômo pela Esalq / USP e mestre em Agronomia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Prada avalia que o nosso conhecimento hoje é diferente do que tínhamos recentemente. “A agricultura mudou muito nos últimos 70 anos, mas os ciclos de evolução estão cada vez mais curtos. A capacidade de seguir evoluindo é muito importante. Por meio da biomimética, identificamos caminhos que contribuirão para a performance das lavouras e que contribuirão cada vez mais para que expressem todo seu potencial genético”, completou.

O professor doutor Lucas William Mendes (foto acima), do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo (CENA-USP), argumentou que a ciência e tecnologia nos fizeram dar um salto de produtividade e acredita que o microbioma pode ser a resposta para um novo salto na agricultura. “Bactérias, fungos, archaeas, protozoários e vírus interagem. A saúde humana não está sozinha, depende da saúde vegetal, animal e ambiental. O que faz essa conexão entre os seres é o microbioma do solo”, disse o profissional, que lembrou que qualquer prática que ocorra no solo interfere no microbioma. “O solo não é inerte, é um ecossistema constituído por um conjunto de comunidades que vivem e interagem entre si e o meio”, completou.

Mudança na forma de fazer agricultura

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Em painel sobre agricultura regenerativa, Arthur de Camargo, da Scheffer, e Lucimar Silva, CEO da Auma Negócios (foto acima), trouxeram cases práticos de sucesso com geração de valor em agricultura regenerativa. “O maior desafio na implementação desse sistema é o cultural, que costuma ser imediatista. Há muito que se evoluir em conhecimento e no que se diz respeito a diagnóstico, que defendo que seja personalizado por propriedade. Nem sempre o que se faz em 50 hectares pode-se fazer em 200 hectares. Tem muita coisa que temos de aprender juntos”, avaliou Lucimar. “É um processo em construção”, acrescentou Camargo.

“Como discutimos aqui, a agricultura passa por vários processos de inovação. A saúde humana tem relação com as plantas e quando falamos disso, da microbiota, de agricultura regenerativa, tudo se intercala. E a nossa proposta de valor como ICL tem a ver com tudo isso”, finalizou Guilherme Amaral, gerente técnico de Desenvolvimento, que apresentou o evento.

Vilões da perda de produtividade?

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O que faz o produtor perder produtividade? Clima ou manejo?

Rafael Battisti – Hoje temos os dois, mas se colocarmos na ponta do lápis temos em torno de 15% a 20% limitados pelo déficit hídrico e 45% limitados pelo manejo. O clima é algo que podemos reduzir os riscos com melhor data de semeadura, de cultivar, do sistema em si para enfrentar esse período de déficit, por exemplo. Mas o manejo é o grande determinador de quanto realmente se vai colher. Estamos muito aquém do que o clima está entregando. Não conseguimos explorar esse máximo e isso se deve ao manejo. Cada talhão, cada produtor tem os seus limitantes que precisam ser identificados para explorarmos esse potencial de 45%.

Você falou que o Brasil está perdendo até 60% de produtividade por manejo. O que está errado?

Battisti – Estamos na faixa 50%, 60%, dependendo da região. Enxergo que o grande problema é o operacional. Conhecemos qual a melhor data de plantar, a cultivar recomendada, quanto que temos de colocar de adubação. Mas, quando se chega ao campo, às vezes é muito difícil converter essas informações no operacional. Então, o importante é o produtor ter planejamento de curto, médio e longo prazo e isso deve ser feito bem antes da safra. Estou falando de longo prazo, de pelo menos 10 anos, para se montar um sistema que tenha uma condição melhor de explorar o potencial do clima. Fertilidade do solo não é algo que se resolve de um ano para o outro, período que tem problemas pontuais: uma condição climática que limitou o plantio, uma semente que está com potencial de germinação menor ou alguma praga que teve uma pressão muito alta naquele ano. No curto prazo a gente deve olhar para o que está acontecendo naquela safra e estar pronto para fazer o manejo.

Quanto pior o clima mais eficiente estamos sendo?

Battisti – No ano em que o clima está ruim a produtividade é muito limitada. Então, o potencial produtivo diminui bastante. Quando o potencial é menor, parece que o manejo chega mais próximo desse potencial. Então, teoricamente, aumentamos a eficiência. Só que produzimos pouco ainda. Agora, em anos bons, nos quais o déficit hídrico não limitou a produtividade, o manejo não conseguiu chegar naquele potencial. Exemplo: em ano de seca o potencial é de 50, 60 sacos por hectare. Eu vou lá e adubo para 50 sacos por hectare. No ano de clima bom, meu potencial é 100, 120 sacos por hectare de soja. Eu vou lá e adubo para 70. Então, os manejos, não estão conseguindo alcançar o potencial de clima. Precisamos estar atentos a isso. No ano ruim, pode usar menos adubo, pode preparar seu sistema para uma produtividade mais baixa. Os desafios vão ser diferentes. Agora, no ano bom, a gente precisa ter um manejo melhor, usar mais fertilizante, focar mais na parte de manejo, porque o clima não vai ser um limitante.

Precisamos acelerar o ganho por manejo para reduzir o impacto do clima?

Battisti – Hoje, o nosso sistema de produção está cada vez mais tecnificado, então não tem espaço para amador. A nossa rentabilidade, que é o principal hoje, cada vez está com uma margem mais curta. Então, eu preciso ser mais eficiente para ter uma maior rentabilidade. Nesse sentido, necessito de um manejo que vá melhorar ao longo do tempo para acelerar esse ganho. Então, o custo de produção está aumentando e eu preciso aumentar minha produtividade. Só que o custo de produção aumenta muito mais do que a produtividade. Então, eu preciso parar e fazer um planejamento, ver qual é o meu potencial produtivo e ajustar os manejos para eu conseguir acelerar esse potencial produtivo. E é isso sim, são exemplos reais.

No concurso de produtividade de soja do CESB, nos últimos 10 anos, o ganho de produtividade foi três vezes maior que a média nacional. O que esses produtores estão fazendo que em 10 anos ganharam mais de três sacos por hectare por ano e a gente, de forma geral, não está conseguindo corresponder? Há um gap de manejo que precisamos entender. Não vamos alcançar esses níveis todos os anos, em todas as áreas, mas são referências que a gente pode olhar e, a partir disso, enxergar o que podemos estar errando no manejo e o que se pode fazer para se chegar mais perto desses produtores.

Na sua palestra, você citou que cada vez mais temos de pensar no sistema, que não dá mais para plantar de forma individualizada. Por quê?

Battisti – O produtor é muito ansioso. Ele faz o planejamento e acaba o jogando fora por algumas situações. É preciso pensar no sistema. Por quê? Porque a rentabilidade vem do sistema. Tem vários trabalhos mostrando que a soja seguida de uma planta de cobertura não vai ter a rentabilidade do milho, mas no próximo ano me fará ganhar mais de 10 sacos por hectare de produtividade da soja, que hoje é a nossa principal cultura em termos de rentabilidade. O que que eu posso fazer de rotação de cultura? Onde entro com planta de cobertura? Onde não posso fazer o milho safrinha porque o risco climático é muito alto? Então o sistema enxerga isso, ou seja, o balanço de nutrientes.

É preciso aumentar a resiliência do sistema agrícola? Que pontos você deixa para atenção do produtor?

Battisti – Bom, resiliência é um termo muito utilizado para o dia a dia da gente. Na agricultura, é a capacidade que a planta tem de enfrentar os momentos extremos. Então, por exemplo, uma planta que está 10, 15 dias sem chuva como enfrenta esse período sem perder muita produtividade? Eu já tenho cultivares que são mais resistentes a déficit hídrico, já posso usar alguns bioestimulantes, alguns produtos que auxiliem a planta a ser mais resiliente, enfrentar aquele período sem perder muito. A questão do solo é extremamente importante, porque ele é um reservatório de água. Então, se a raiz está com 10 centímetros, tenho 10 centímetros de solo com água disponível para a planta. Nesse intervalo de 10, 15 dias sem chuva, a planta vai extrair água do solo. Ela começa na camada superior e vai para a intermediária, para a profunda. Então ela consegue ter mecanismos para enfrentar esse período e eu perder menos. No momento em que fiz o planejamento já tento reduzir a perda por clima. Iniciei o plantio, já tento reduzir a perda por problema de doença, de praga, de solo, de limitação química do solo, de qualidade de plantio. Ao longo do ciclo eu vou monitorando, tenho de controlar a praga, a doença. Vamos sempre evitando esses fatores de perda,mas há alguns que não controlamos, como condições climáticas. Depois que plantei, não posso fazer mais nada, a não ser irrigação. Então, a resiliência são os manejos que vão dar um suporte para a planta enfrentar esses períodos extremos. E aí eu destaco o solo / raiz. Tem de estar com perfil bom.

Para mais informações visite o site: icl-group.com

Fotos: Beto Oliveira

 

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