Fundepag incentiva debate e aprofunda conceitos sobre agricultura regenerativa

Fundepag incentiva debate e aprofunda conceitos sobre agricultura regenerativa

Especialistas abordam questões de descarbonização, bioinsumos e transformação digital nas cadeias produtivas em conjunto com a entidade paulista

A convergência entre ciência, tecnologia e gestão ambiental serve de base para o atual modelo de produção agrícola no Brasil. Nesse contexto, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) vem estimulando o debate técnico sobre agricultura regenerativa — sistema voltado à restauração da saúde do solo e dos ecossistemas, aliado ao aumento da produtividade.

Para a líder de Inovação da Fundação, Luciana Teixeira, a aplicação da inovação é um vetor essencial de transformação das cadeias produtivas, e a Fundepag tem papel importante no aprofundamento dessas discussões e no avanço da implementação de programas dessa natureza.

“A agricultura regenerativa ultrapassou o conceito de tendência e tornou-se uma necessidade técnica que alinha a recuperação biológica à eficiência produtiva”, analisa Luciana.

Introdução da agricultura regenerativa no campo

No âmbito das políticas públicas e da gestão técnica, o assessor Técnico do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Mangabeira, aponta caminhos para a descarbonização a partir da adoção de práticas regenerativas que transformam a propriedade rural em um sistema capaz de remover mais carbono do que emite. Ele destaca que o Brasil desenvolve um protocolo nacional de agricultura regenerativa, inédito e inovador, que reúne critérios de manejo, cálculo de carbono e parâmetros específicos para cada bioma.

Entre as principais estratégias estão a valorização da Reserva Legal como grande ativo de sequestro de CO₂, os Sistemas Agroflorestais, o plantio direto, o uso de insumos biológicos e minerais, além de modelos integrados como a Integração Lavoura–Pecuária–Floresta (ILPF).

“Lembrando que para ser sustentável ou regenerativo, tem que se sustentar”, pontua Mangabeira, reforçando a interdependência entre sustentabilidade e viabilidade econômica.

A aplicação de novos materiais é analisada pelo mentor em projetos de Inovação no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e no Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento (Sindaesp), Arthur Oliveira, com ênfase no biochar. O insumo apresenta ganhos diretos na estrutura física e química do solo, como o aumento da porosidade, aeração e retenção de nutrientes, reduzindo a lixiviação entre 20% e 50%. No aspecto climático, Oliveira indica o potencial de sequestro de 1 a 2 Gt de CO₂/ano globalmente e a mitigação de emissões de N₂O.

“A adoção em escala depende de digitalização, eficiência e integração com a agricultura inteligente. O biochar é uma ferramenta poderosa para a agricultura regenerativa; sua capacidade de melhorar a estrutura do solo, otimizar o uso de nutrientes e agregar alto valor aos sistemas produtivos faz dele um ativo valioso”, explica Oliveira.

A regeneração via bioprocessos é a vertente explorada pelo pesquisador do Instituto Biológico (IB), Fernando Berton Baldo. A reconstrução da microbiota e o aumento da matéria orgânica são apontados como essenciais para a ciclagem natural de nutrientes e a redução de agroquímicos. Baldo destaca as ações de pesquisa voltadas ao fortalecimento de bioprocessos nacionais.

“O objetivo é desenvolver e otimizar bioprocessos que impulsionem tecnologias inovadoras, eficientes e economicamente viáveis, além de promover a transferência de tecnologias e conhecimentos para um agroecossistema mais sustentável”, afirma o pesquisador.

Ação em andamento

Uma iniciativa que promove transparência na produção de soja no Pará, Rondônia e Acre é o ponto de estudo da líder de Negócios de Desenvolvimento da AgriTierra, Angela Estrada, que destaca o projeto Soja Sustentável na Amazônia, já em andamento. O programa incentiva a regularização legal e apoia a transição para práticas regenerativas. Entre as ações, estão o aprimoramento de sistemas de incentivo à conservação, a adoção de protocolos de desempenho ESG, a digitalização da cadeia e o suporte técnico contínuo, além de mecanismos para redução do desmatamento e fortalecimento da regularização ambiental.

“Com sistemas convencionais ainda predominantes, mas crescente interesse por bioinsumos e agroflorestas, as mudanças de mercado serão decisivas para a adoção em escala. Isso exige dados agronômicos robustos, mais suporte técnico e parcerias estratégicas. A perspectiva é expandir o modelo piloto para novos produtores, fortalecer parcerias nacionais e internacionais que garantam impacto e financiamento, e estruturar um centro regional de conhecimento na Amazônia voltado à capacitação e disseminação de tecnologias”, projeta a especialista.

A análise conjunta destes especialistas indica que inovação e sustentabilidade são indissociáveis. Portanto, Luciana Teixeira reforça que o progresso desse modelo depende da articulação entre diferentes setores.

“A consolidação da agricultura regenerativa exige integração contínua entre políticas públicas, pesquisa aplicada e tecnologia, garantindo escalabilidade e resultados mensuráveis para o setor”, conclui a líder de Inovação da Fundepag.

Mais informações: https://portal.fundepag.br

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