Geadas castigam regiões canavieiras em um dos invernos mais frios dos últimos anos; produtores adotam medidas emergenciais para conter impactos
Frio intenso afeta lavouras em MS, MG, SP e PR e acende alerta sobre estratégias agronômicas e uso de biossoluções para preservar produtividade da cana-de-açúcar
A temporada de inverno já é considerada uma das mais rigorosas dos últimos anos no Brasil. A onda de frio registrada em 25 de junho levou geadas severas a importantes regiões produtoras de cana-de-açúcar no Centro-Sul do País, como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Com os termômetros próximos de 0 °C e, em algumas áreas, abaixo disso, os canaviais registraram danos significativos — e, a partir de sete dias, os prejuízos se tornam visíveis em diferentes intensidades.
Folhas queimadas, colmos rachados e morte da gema apical estão entre os sintomas já relatados em campo, afetando diretamente o desempenho agrícola. A partir do oitavo dia após a geada, como destaca o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), é possível iniciar um mapeamento mais preciso dos estragos e definir as prioridades de colheita e recuperação. Nesse contexto, produtores têm buscado ações imediatas para mitigar os impactos da geada, reduzir perdas e preservar o TCH (toneladas de cana por hectare).
“Diante de um clima cada vez mais imprevisível, o uso de múltiplas ferramentas é fundamental para garantir a resiliência da lavoura. A combinação de diagnóstico técnico, manejo adequado e tecnologias de apoio pode fazer uma grande diferença no resultado final”, afirma Camillo Ferrarezi Giachini, engenheiro de Desenvolvimento de Mercado da ADAMA.
As medidas recomendadas incluem:
- Mapeamento detalhado dos danos com uso de sensoriamento remoto aliado à avaliação em campo;
- Priorização da colheita em áreas mais afetadas, ajustando o cronograma original;
- Rebaixamento do dossel em soqueiras e viveiros quando há morte de gemas ou presença de entrenós comprometidos;
- Correções nutricionais, especialmente com potássio, cálcio e silício;
- Irrigação ou fertirrigação, sempre que disponível, para estimular rebrota e acelerar recuperação;
- Aplicação de bioestimulantes e biossoluções, com o objetivo de ativar o metabolismo da planta e recuperar o crescimento após o estresse térmico.
Entre as biossoluções disponíveis no mercado, o ExpertGrow, desenvolvido pela ADAMA, tem ganhado espaço como ferramenta versátil e segura na recuperação de canaviais afetados por estresses abióticos, como a geada. “A biossolução pode ser aplicada tanto no sulco de plantio quanto na soqueira, antes ou depois da geada. O Expert Grow estimula a retomada do crescimento vegetativo, preserva tecidos sensíveis e contribui para a formação de touceiras mais vigorosas. Quanto mais cedo for aplicado, maior sua eficácia — inclusive em caso de novas ondas de frio”, explica Giachini.
A solução também apresenta bons resultados quando aplicada no início das águas, auxiliando a planta a retomar sua atividade fisiológica e retomando o acúmulo de biomassa. Os dados de campo demonstram consistência na preservação do TCH e um retorno positivo sobre o investimento, com ganhos em uniformidade, sanidade e produtividade.
A temporada ainda não terminou — e novas geadas não estão descartadas. Para os especialistas, o momento exige ação coordenada e planejamento. “É hora de agir tecnicamente e com agilidade. A resposta ao estresse precisa ser planejada com base em dados reais de campo e estratégias de longo prazo”, finaliza Giachini.