Governo cria linha de crédito de R$ 6 bilhões para renovação da frota de caminhões
Iniciativa amplia acesso ao financiamento de veículos novos e seminovos e pode impactar segurança e eficiência do transporte rodoviário de cargas

Com foco na modernização da frota e na melhoria das condições de segurança nas estradas, o governo federal instituiu, por meio da Medida Provisória nº 1.328, uma linha de financiamento de R$ 6 bilhões para caminhoneiros e empresas do transporte rodoviário de cargas.
O programa contempla transportadores autônomos de cargas, pessoas físicas vinculadas a cooperativas, empresários individuais e pessoas jurídicas do setor. No caso da aquisição de caminhões novos, o financiamento será restrito a veículos de fabricação nacional credenciados pelo BNDES. A MP autoriza ainda a adoção de condições diferenciadas para operações que envolvam a entrega de veículos antigos como contrapartida, com prioridade para caminhões com mais de 20 anos de uso, além de incentivar a aquisição de modelos mais eficientes.
As linhas de crédito serão operadas pelo BNDES ou por instituições financeiras por ele habilitadas, que assumirão os riscos das operações, inclusive o risco de crédito. As condições financeiras, os encargos, os prazos e as normas complementares serão definidos pelo Conselho Monetário Nacional, que poderá estabelecer parâmetros diferenciados de taxa de juros, carência e prazo, especialmente para a aquisição de veículos novos destinados ao transporte de cargas.
Para José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), a medida tem potencial para produzir efeitos diretos na operação do transporte rodoviário. “A renovação da frota impacta a confiabilidade dos equipamentos, os custos de manutenção e os níveis de segurança nas rodovias. O acesso a crédito em condições adequadas é decisivo para viabilizar esse processo”, afirma. O Sinaceg representa cerca de 5.000 trabalhadores diretores especializados no transporte de veículos em todo o país.
Segundo o dirigente, no segmento de transporte de veículos a confiabilidade mecânica é um fator central. “Trata-se de uma atividade que envolve cargas de alto valor agregado e exige elevados padrões de segurança operacional. A redução de falhas mecânicas contribui para mitigar riscos de acidentes, atrasos e prejuízos logísticos”, acrescenta.
Na avaliação de Márcio Galdino, diretor do Sinaceg, os efeitos da medida tendem a se refletir diretamente na eficiência do setor. “A possibilidade de renovação da frota reduz custos de manutenção, aumenta a previsibilidade das operações e melhora o desempenho logístico”, afirma. Para ele, a definição das condições pelo Conselho Monetário Nacional será determinante para que a política alcance o público-alvo.
Editada em um contexto de envelhecimento da frota nacional de caminhões e de maior atenção aos temas de segurança viária e eficiência logística, a MP nº 1.328 é avaliada pelo Sinaceg como um avanço relevante. O impacto efetivo da iniciativa, no entanto, dependerá das condições finais de acesso ao crédito e da sua implementação prática no sistema financeiro.






