Grupo Santa Clara anuncia investimento do BNDES
Com aporte de R$ 114 milhões, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – passa a deter 19,9% de participação societária do Grupo, sediado em Ribeirão Preto (SP), que atua na produção de fertilizantes especiais e biodefensivos.
O Grupo Santa Clara, companhia de fertilizantes especiais e biodefensivos com sede em Ribeirão Preto (SP), anuncia a entrada da BNDESPAR, empresa de participações do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, como novo sócio da companhia. Na operação, o BNDES realizou investimentos de R$ 114 milhões e passa a contar com 19,9% de participação societária do Grupo. O aporte e a chegada do novo sócio irão apoiar os projetos de expansão e inovação da Santa Clara, que prevê um crescimento de cerca de 20% de seus negócios na próxima safra (2025/26) e projeta quadruplicar o tamanho da companhia até 2030, alcançando mais de R$ 1 bilhão de faturamento.
O negócio marca o retorno do BNDES como investidor direto do capital social de uma empresa brasileira de capital fechado, operação que não era realizada há cerca de 10 anos pela instituição, e está alinhado a agenda de desenvolvimento verde, inovador, industrializante e tecnológico do banco.
“A chegada do BNDES possibilita continuarmos a implantação do nosso Plano de Negócio e sua ênfase na pesquisa, desenvolvimento e inovação, que representam o DNA da Santa Clara, uma marca nacional que destina 8% de sua receita anual em PD&I. E assim ampliar nossas soluções que potencializam a agricultura baseada em produtividade, rentabilidade e sustentabilidade, contribuindo para a transição energética do país”, afirma João Pedro Cury, CEO do Grupo Santa Clara.
“A atuação do BNDES é estratégica para impulsionar investimentos em transição ecológica e descarbonização, contribuindo com o desenvolvimento de empresas brasileiras de todos os portes e garantindo a geração de empregos no Brasil, prioridades do governo do presidente Lula. O emprego de fertilizantes especiais e de bioinsumos na agricultura contribui para reduzir a pegada de emissões de gases de efeito estufa com o menor uso de fertilizantes químicos, preservando a biodiversidade a partir da diminuição do uso de agrotóxicos”, explica o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
A companhia, que em 2025 completou 28 anos de atuação no agronegócio brasileiro com produtos para nutrição e proteção de plantas, é formada por quatro empresas: Santa Clara Agrociência, fabricante de fertilizantes especiais e adjuvantes; Inflora Biociência, empresa de pesquisa e produção de biodefensivos; Hydromol, responsável pela produção de fertilizantes especiais em parcerias B2B; e Linax, centro de inovação e pesquisa.
Com unidades industriais em Jaboticabal (SP) e parcerias firmadas ou em desenvolvimento em mais de 30 países de diferentes continentes, o Grupo registrou um faturamento de R$ 255 milhões na última safra (24/25), alcançando um crescimento de seis vezes nos últimos sete anos, uma média de 30% ao ano. Com cerca de 300 colaboradores em seu quadro, a projeção é saltar para a casa de 750 profissionais nos próximos cinco anos.
“Boas práticas de governança, como a profissionalização de executivos, auditorias realizadas sempre por uma Big Four nos últimos seis anos, implantação de sistema ERP SAP, processo de planejamento estratégico estruturado e adoção de Conselho de Administração estatutário, entre outras medidas visando à perenidade do negócio, juntamente com a nossa vocação para a inovação. Tudo isso proporcionou as condições para o crescimento sustentável da companhia, que atua em segmentos estratégicos para o país e que estão em plena expansão”, complementa o CEO do Grupo Santa Clara.
Novo sócio impulsionará plano estratégico de crescimento
A entrada do BNDES no negócio é o reconhecimento da história de desenvolvimento tecnológico, das boas práticas de governança e do potencial de crescimento do Grupo. O aporte realizado pelo novo sócio garantirá a estrutura de capital necessária para a implementação do Plano de Negócios da companhia e impulsionará ainda mais a capacidade de investimento em inovação, a expansão da base de clientes em diferentes culturas agrícolas além da soja e do milho – como cana-de-açúcar, café e hortifrútis -, assim como contribuirá para aumentar a atração de novos talentos e parceiros tecnológicos.
A Santa Clara anunciou em 2023 a criação da Inflora Biociência, empresa de pesquisa e produção de biodefensivos, que investirá em uma nova planta de fabricação de biodefensivos em Jaboticabal, cidade onde a empresa já conta com duas unidades de produção de fertilizantes especiais e laboratórios.
A nova planta será focada em tecnologias para a fabricação de produtos biológicos de terceira e quarta gerações, cujas pesquisas foram iniciadas em 2017, por meio de seu P&D interno e diversas parcerias, dentre essas a Embrapa, para o desenvolvimento de biodefensivos à base de metabólitos microbianos e extratos de plantas. Por não terem dependência de microrganismos vivos em sua formulação final, os biodefensivos de terceira geração ganharão em “shelf life” (prazo de validade), maior velocidade de ação após a aplicação e compatibilidade com outras práticas de manejo, facilitando ainda mais a adoção das novas tecnologias, pois não demandarão nenhuma mudança de hábito do agricultor. Já as iniciativas de pesquisa e desenvolvimento de biodefensivos de quarta geração visam ao melhoramento genético dos microrganismos para potencializar a produção e performance dos referidos metabólitos.
O aporte do BNDES trará estrutura de capital para suportar, além da implantação da nova unidade industrial de biodefensivos, também a criação de um centro de inovação e pesquisa, assim como permitirá o investimento no desenvolvimento de uma nova linha de registros, oferecendo ainda mais soluções para os agricultores.
A expansão da Santa Clara no mercado de biodefensivos reflete o potencial do setor. “Os agricultores buscam alternativas técnicas que combinem alta eficiência agronômica, produção sustentável e segurança alimentar. Oferecemos como diferencial nesse mercado competitivo e em crescimento a flexibilidade de adaptar nossos produtos às diferentes condições climáticas e culturais das regiões e países em que atuamos”, completa Cury.
A companhia tem um trabalho de oito anos de pesquisa e desenvolvimento de biodefensivos, voltados para as principais pragas e culturas agrícolas. Conta com microrganismos próprios registrados, além de registros de produtos prontos para o uso, que incluem bionematicidas, bioinseticidas e biofungicidas. A projeção é que com a nova unidade da Inflora Biociência, o Grupo Santa Clara lance diversas formulações de biodefensivos até 2030, entre eles produtos de terceira e quarta gerações, reforçando seu portfólio e trazendo soluções sustentáveis para o agronegócio.
Governança e Sustentabilidade
Vinicius Mazza, diretor de Finanças e Gente e Gestão da companhia, destaca que a entrada do BNDES está totalmente alinhada às boas práticas de governança e sustentabilidade da Santa Clara e não irá alterar o controle e gestão da companhia. “O grupo conta com um Conselho de Administração composto por quatro conselheiros e que irá ganhar mais um integrante indicado pelo novo sócio”, explica Mazza.
O BNDES tem a missão de fomentar o desenvolvimento de empresas nacionais. A parceria é firmada com base nesta sinergia e acontece em um momento estratégico para toda a cadeia do agronegócio do país, que cada vez mais busca a adoção de boas práticas agrícolas voltadas para uma economia verde.
