Investir em ferrovias é o caminho para eficiência logística e competitividade nacional, aponta especialista
Para Delmi Carvalho, vice-coordenador da Comissão Técnica de Logística da ABM, ampliar a malha ferroviária é essencial para reduzir custos, integrar regiões e fortalecer a indústria do aço
A Estrada de Ferro Mauá, inaugurada em 1854, deu início ao sistema férreo nacional e desde então, o país passou por diferentes ciclos de investimento em infraestrutura. Passados mais de 150 anos, a malha ferroviária representa apenas 20,7% do transporte de cargas brasileiro, segundo relatório da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O potencial das ferrovias é tema em discussões sobre o desenvolvimento da siderurgia nacional, como visto no painel Investimentos em ferrovias: desafios e oportunidades para a indústria do aço, realizado durante a ABM Week 2025. O debate contou com a participação de representantes da indústria ferroviária, sob a moderação de Delmi Carvalho, Vice-Coordenador da Comissão Técnica de Logística, Suprimentos e PCP da ABM e Coordenador do Grupo de Trabalho (GT) de Logística do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG).
Segundo Carvalho, desenvolver a malha ferroviária brasileira é vantajoso em pelo menos três aspectos: logística, eficiência energética e integração nacional.
“Entre as vantagens de investir no desenvolvimento das ferrovias estão a capacidade de redução de custos, considerando que o transporte ferroviário é mais econômico que o rodoviário em longas distâncias, a eficiência energética, já que o modal consome menos combustível por tonelada transportada, e a integração nacional, o que impulsiona o desenvolvimento econômico e a competitividade internacional”, explicou.
O especialista reconhece que a expansão ferroviária exige altos investimentos e pode gerar impactos sociais e ambientais, mas reforça que os benefícios superam os desafios. “Com investimentos adequados, é possível aumentar a eficiência logística de todo o país, reduzir custos e estimular o desenvolvimento regional com maior capilaridade do modal ferroviário. Isso tende a gerar empregos, diminuir a poluição e reduzir o número de acidentes em rodovias”, destacou.
Sobre as mudanças regulatórias, o porta-voz da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o diretor de Dados e Autorregulação, Paulo Roberto de Oliveira, acredita que é necessário um cenário sólido e com previsibilidade de recursos. Ele ainda destaca que hoje o investimento nesse setor é majoritariamente privado, “graças ao ativo da gestão privada, a burocracia é menor e, consequentemente, há mais estímulos para investimentos em infraestrutura ferroviária”.
Atualmente, as ferrovias representam cerca de um quinto da matriz de transporte de carga brasileira. Para Carvalho, ainda há potencial de crescimento a partir do diálogo contínuo entre autoridades públicas, especialistas e o setor privado. “É preciso criar condições que tornem o setor mais competitivo diante dos altos custos de implantação e duplicação de linhas férreas, além de garantir segurança jurídica e previsibilidade para atrair investimentos consistentes de longo prazo”, afirmou Carvalho.
Outro ponto central é a integração entre modais de transporte. “Promover a integração intermodal — entre rodovias, ferrovias e portos — fortalece toda a cadeia ferroviária, que depende diretamente da capacidade de produção de locomotivas e vagões”, conclui Carvalho.
A ABM, por meio de seus eventos técnico-científicos, tem atuado como articuladora entre os diferentes elos da cadeia produtiva, contribuindo para o avanço de soluções que impulsionem a competitividade e a sustentabilidade da indústria nacional. Ao promover o diálogo entre setores estratégicos, a associação reforça seu compromisso com o desenvolvimento tecnológico e industrial do Brasil.
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