Irrigação pode ser estratégia na amenização de adversidades climáticas para potencializar produção de açúcar

Irrigação pode ser estratégia na amenização de adversidades climáticas para potencializar produção de açúcar

Irrigação pode ser estratégia na amenização de adversidades climáticas para potencializar produção de açúcar

Por Dávilla Alves, especialista agronômica da Netafim

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do mundo. Em 2023, o país produziu cerca de 40 milhões de toneladas de açúcar, o que representa aproximadamente 20% da produção global. Além disso, é responsável por cerca de 25% das exportações mundiais de açúcar. Essa participação significativa destaca o papel crucial do Brasil no mercado global de açúcar, tanto em termos de produção quanto de comércio (CONAB, 2024).

A Companhia Brasileira de Abastecimento estima que o mercado internacional para o açúcar será favorável em 2024/25, com alta demanda pelo produto brasileiro. No primeiro semestre deste ano, as exportações de açúcar já alcançaram 11,6 milhões de toneladas, um aumento de 27,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, gerando US$ 5,6 bilhões, representando cerca de 24% de incremento. A expectativa é que os preços permaneçam favoráveis devido à previsão de queda na produção na Ásia.

Além disso, para a safra 2024/25, a produção de cana-de-açúcar no Nordeste está projetada para crescer 5,6% em relação ao período anterior, alcançando 59,62 milhões de toneladas. Esse crescimento é atribuído à ampliação das áreas cultivadas e às melhorias na produtividade, impulsionadas por condições climáticas favoráveis. Isso oferece uma vantagem significativa para a indústria sucroalcooleira frente à crescente demanda internacional.

Embora as perspectivas para a produção de cana-de-açúcar sejam promissoras este ano, Sachdeva et al. (2011) afirmam que o rendimento econômico da cultura é essencialmente determinado pelo acúmulo de sacarose, que atinge seu pico durante a maturação fisiológica da planta. O processo de maturação é fortemente influenciado por fatores climáticos, como temperatura, fotoperíodo e déficit hídrico, que podem afetar de modo positivo ou negativo a taxa de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) e, consequentemente, o acúmulo de sacarose.

Seguidamente, vivemos anos de quebras na produtividade devido a fatores climáticos na Região Nordeste e em alguns estados do Brasil, com canaviais pouco rentáveis em termos de volume de produção e qualidade. Por essa razão, usinas e produtores têm investido em irrigação, especialmente no método por gotejamento, que é altamente eficiente na aplicação de água e mais sustentável ambientalmente. Essa abordagem tem permitido não só estabilizar e aumentar a produtividade em toneladas de cana por hectare (T.C.H.), mas também melhorar o rendimento em termos de T.A.H. (toneladas de açúcar por hectare).

Em relação à melhoria nos rendimentos de T.A.H. – produção de açúcar –, a razão fisiológica quanto ao papel crucial da irrigação para a maturação da cana-de-açúcar se baseia na regulação do metabolismo da fotossíntese, que é fundamental para a produção e acúmulo de sacarose. Quando bem gerenciada, a irrigação fornece a quantidade necessária de água para prevenir o estresse hídrico e evitar o comprometimento da eficiência fotossintética e, consequentemente, a concentração de sacarose nos colmos (ANDRADE, 2006; WATT et al., 2014).

Para tanto, o manejo pode ser utilizado como estratégia, de modo que a irrigação seja gerenciada para o processo de maturação, técnica conhecida como drying-off. A ideia é realizar a interrupção controlada da irrigação para elevar a qualidade industrial da cana na colheita, e isso pode ser a chave para a melhoria dos teores de ATR, que têm sido um desafio para a Região Nordeste em razão das adversidades climáticas para a produção de açúcar.

Irrigação pode ser estratégia na amenização de adversidades climáticas para potencializar produção de açúcar
Fases de desenvolvimento da cana-de-açúcar, e indicação do período ideal para implementação da técnica do Drying-off

Vale ressaltar que a técnica não é fixa, devendo ser ajustada e monitorada de acordo com as condições climáticas e o ambiente de produção, localmente e anualmente. Estudos realizados pela Netafim comprovaram que o período do drying-off pode variar de 15 a 60 dias, com excelentes ganhos ao associar maturadores, apresentando teores de ATR e T.A.H. superiores quando comparados à interrupção da irrigação por 30 dias seguidos e sem perdas no rendimento de colmos. Além disso, a interrupção da irrigação foi favoravelmente melhor quando realizada de forma gradativa ao longo do tempo, já que possibilita que o solo contenha umidade remanescente, permitindo que a planta mantenha seus processos fisiológicos em uma taxa reduzida, diminuindo o crescimento da planta em contraste ao maior acúmulo de sacarose nos colmos, evitando o processo da isoporização.

Sendo assim, para a realização do drying-off em cana-de-açúcar irrigada por gotejamento, é de suma importância uma avaliação criteriosa do Especialista Agronômico Netafim da sua região, para que as diretrizes quanto ao tempo necessário e suas correlações com a redução gradativa, assim como o monitoramento constante, sejam realizadas de forma segura e eficaz.

Referências Bibliográficas:

Andrade, L.A.B. (2006). Cultura da cana-de-açúcar. In: Cardoso, M.G. (ed.) Produção de aguardente de cana-de-açúcar. Lavras: UFLA, p.25-67.

CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento (2024).

 

Deixe seu comentario

Ultimas Noticias

[acf_slider repeater_name="banner_lateral_1_interna"]
[acf_slider repeater_name="banner_lateral_2_interna"]
Categorias

Fique por dentro das novidades

Inscreva-se para receber novidades em seu Email, fique tranquilo que não enviamos spam!

Deixe seu Email para acompanhar as novidades 

Solicitar maiores informações

Preencha as informações abaixo e entre em contato com o anúnciante!