Legado da SB COP: roteiro para Amazônia pode criar 312 mil empregos e movimentar R$ 40 bilhões em PIB
Relatório, divulgado na COP30, sintetiza atividades desenvolvidas pelos oito grupos de trabalho da SB COP e traça cinco pilares estratégicos para desenvolvimento sustentável

Transformar a Amazônia em um motor do desenvolvimento sustentável do Brasil pode acrescentar R$ 40 bilhões ao PIB, criar 312 mil empregos e conservar 81 milhões de hectares de floresta. As projeções estão no SB COP Legacy Report, documento que sintetiza o trabalho da Sustainable Business COP, (SB COP) iniciativa lançada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), neste ano, com os objetivos de acelerar o alcance das metas climáticas e fortalecer o papel das empresas nas negociações globais.
O SB COP Legacy Report será divulgado, na segunda-feira (10), no estande da CNI, na Blue Zone, na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA). Elaborado para traçar uma trajetória de desenvolvimento sustentável para o país responsável por sediar a COP, o foco da primeira edição do documento foi o Brasil e, em especial, a Amazônia. Assim, no próximo ano, o relatório será voltado ao país anfitrião da COP31.
O Legacy Report é resultado da articulação dos oito grupos de trabalho – que integraram a estrutura da iniciativa e cobriram desde bioeconomia e transição energética até finanças e empregos verdes – e traduz os desafios globais em recomendações específicas e prioridades para o Brasil. O documento também traz considerações sobre dois temas que influenciaram os debates da iniciativa: saúde e carbon accounting (contabilidade de carbono). A SB COP mobilizou mais de 40 milhões de empresas em 60 países e reuniu mais de 600 casos de sucesso para comprovar a viabilidade de soluções sustentáveis já desenvolvidas pelo setor privado.
Compromisso da indústria e potencial econômico
Além do valor ecológico, a Amazônia representa uma plataforma para o crescimento nacional, ancorada em setores como bioeconomia, mineração, energia e agronegócio sustentável, aponta o relatório. Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o engajamento da indústria tem sido crucial para concretizar essa visão.
O documento ilustra essa capacidade de transformação com exemplos práticos e escaláveis, como:
- o modelo da Natura &Co, que usa blended finance para preservar mais de 2 milhões de hectares. O blended finance é um modelo de fundo que combina diferentes fontes de capital – filantrópico, público, concessional e privado – para viabilizar investimentos de impacto que, por si só, seriam menos atraentes ao mercado tradicional;
- o programa Green Offices 2.0 da JBS, que trabalha na regularização ambiental e regeneração produtiva de mais de 8 mil fazendas. O modelo consiste em hubs descentralizados que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial a pequenos e médios produtores, sustentando a transição para um agronegócio sustentável;
- A iniciativa Access to Energy da Schneider Electric, em parceria com o SENAI, que apoia o desenvolvimento de habilidades verdes e leva energia limpa a comunidades isoladas. A iniciativa visa qualificar 74 mil jovens em 30 cidades até 2028 e já beneficiou cerca de 2,6 mil pessoas na Amazônia com a entrega de 520 kits de geração de energia solar;
- o programa Waste to Value da Vale em Carajás, que promove a circularidade na mineração;
- o projeto Trata Bem Barcarena da Aegea Saneamento, que acelera a universalização de água na Amazônia com financiamento privado.
“A realização da COP na Amazônia e o trabalho da SB COP demonstram que o setor privado brasileiro é um motor essencial para impulsionar a inovação e o investimento que contribuem para uma economia de baixo carbono. O Legacy Report é um marco que consolida recomendações e mostra caminhos concretos para acelerarmos a agenda da sustentabilidade no Brasil.”
Além dos números apontados acima, o Legacy Report mostra que o mercado de carbono, sob o novo marco legal (Lei nº 15.042/2024), pode acrescentar US$ 320 bilhões em receitas nos próximos 30 anos.
Roteiro estratégico em cinco pilares
Para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental na Amazônia, o relatório propõe um plano de ação estruturado em cinco pilares:
Definição de políticas públicas e marcos regulatórios;
- Fornecimento de financiamento e incentivos;
- Fortalecimento das cadeias de valor;
- Entrega de serviços essenciais;
- Promoção de empregos e habilidades verdes.
O chair da SB COP, Ricardo Mussa, enfatiza que o Legacy Report é um chamado à continuidade:
“O documento não encerra o debate, mas marca uma etapa fundamental. Ele orienta os próximos passos e reforça a necessidade de um compromisso permanente, com visão de futuro e união entre os diferentes setores da sociedade, para que o Brasil atinja todo o seu potencial”.
A ideia de continuidade está justamente no cerne da SB COP, criada para garantir que o diálogo e a cooperação entre empresas, investidores e instituições se mantenham ao longo do tempo. A iniciativa busca, assim, assegurar que os compromissos assumidos hoje promovam resultados duradouros e contribuam, de forma consistente, para o avanço da agenda climática global.






