Mão de obra qualificada na construção civil: como superar esse desafio no setor?
Fonte:Redação Concrete Show Digital
A qualificação da mão de obra na construção civil no Brasil tem se tornado um dos principais pontos de atenção para empresas e profissionais que desejam acompanhar as transformações do setor.
Embora existam avanços significativos, como programas de capacitação e maior acesso a tecnologias, ainda há desafios importantes a serem superados, como a desigualdade regional, a informalidade e a resistência à inovação.
Neste cenário, a formação contínua e o incentivo à profissionalização ganham destaque como estratégias fundamentais para aumentar a produtividade, a eficiência e a competitividade das construtoras.
Para entender melhor esse panorama, conversamos com Jordana Fischer, arquiteta, administradora e diretora de projetos da CRF Construtora.
Cenário atual da qualificação da mão de obra na construção civil no Brasil
Na opinião de Jordana Fischer, ao mesmo tempo em que apresenta avanços, o cenário atual da qualificação na construção civil brasileira também mostra desafios a serem solucionados.
“Vemos avanços impulsionados por programas de treinamento alavancados pela Confederação Nacional da Indústria em parceria com instituições de ensino, mas ainda enfrentamos desafios como alta rotatividade e desigualdade regional”, ressalta.
Segundo ela, a adoção de novas tecnologias demanda uma formação contínua e especializada.
“O setor busca tornar-se mais eficiente, moderno e sustentável por meio do fortalecimento da qualificação profissional”, afirma.
Os principais gargalos enfrentados pelo setor
Jordana vê, ainda, reflexos da pandemia de Covid-19 quando o assunto é o mercado de trabalhadores qualificados na construção civil.
“Os reflexos são sentidos agora com a chegada dos profissionais que em 2020 tiveram a formação acadêmica adaptada ao período”, conta.
“Os principais gargalos incluem a alta rotatividade de trabalhadores, a informalidade que limita o acesso a treinamentos, a desigualdade regional no acesso à qualificação e a resistência à atualização tecnológica”, cita.
“Essas questões, de acordo com a especialista, impactam diretamente a produtividade e a inovação no setor da construção civil.
Habilidades e competências mais valorizadas no mercado hoje
A entrevistada afirma que, atualmente, o mercado da construção civil valoriza habilidades técnicas como domínio de BIM, gestão de projetos e sustentabilidade, além de conhecimentos em tecnologias modernas.
“Competências comportamentais como trabalho em equipe, resolução de problemas e proatividade também são essenciais”, acrescenta.
A capacidade de aprender continuamente e se adaptar às inovações, conforme Fischer, é cada vez mais valorizada.
“Essas habilidades contribuem para uma atuação mais eficiente e competitiva no setor”, destaca.
Avanço da tecnologia na construção exige nova abordagem na capacitação profissional
O avanço tecnológico na construção, como BIM e automação, na opinião da arquiteta e administradora, demanda uma abordagem de capacitação mais atualizada e prática, focada em habilidades digitais e manejo de novas ferramentas.
“É necessário investir em treinamentos continuados para que profissionais estejam alinhados às inovações”, considera.
Incentivo à qualificação da equipe por parte das construtoras
Para responder à questão sobre incentivo à qualificação dos trabalhadores por parte dos empregadores, Jordana Fischer traz um exemplo prático que acontece na empresa onde atua, a CRF Construtora.
“Oferecemos treinamentos contínuos e acessíveis, parcerias com instituições de ensino e incentivamos a certificação profissional com auxílios financeiros neste sentido”, conta.
Ela ressalta que investir na atualização tecnológica da equipe e criar programas de reconhecimento faz parte da cultura da companhia.
“Além disso, incentivamos uma cultura de aprendizado contínuo e proporcionamos oportunidades de crescimento que ajudam a valorizar e qualificar o time. Essas ações melhoram a produtividade e a competitividade da empresa”, completa.
Tendências que devem impactar a formação de profissionais nos próximos anos
Fischer prevê que as tendências de digitalização, como BIM, automação e uso de inteligência artificial, transformarão a formação de profissionais, exigindo habilidades tecnológicas.
“A sustentabilidade e a construção verde também precisarão de competências específicas com soluções seguidas a risco, porque hoje muito se fala em arquitetura sustentável, mas que, às vezes, não passa de uma estratégia superficial de marketing”, analisa.
“Além disso, a capacitação deve se adaptar ao aumento do trabalho remoto e híbrido, promovendo maior flexibilidade. Essas mudanças moldarão uma força de trabalho mais inovadora, eficiente e alinhada às demandas do setor”, finaliza.