Nova usina de Rio Urucuia, da norueguesa Scatec, será monitorada remotamente 24/7 a partir do Centro Global de Operações na África do Sul

Nova usina de Rio Urucuia, da norueguesa Scatec, será monitorada remotamente 24/7 a partir Centro Global de Operações na África do Sul

O Centro Global de Operações da Scatec atualmente monitora e prevê falhas de 37 projetos de energia renovável ao redor do mundo – boa parte deles de energia solar e um sistema híbrido de energia solar com armazenamento em baterias (BESS) -, otimizando a geração de eletricidade. Milhares de sensores em campo, sistemas inteligentes de análise de dados e uma equipe de monitoramento remoto 24/7 são elementos-chave dessa história de sucesso

Nova usina de Rio Urucuia, da norueguesa Scatec, será monitorada remotamente 24/7 a partir do Centro Global de Operações na África do Sul

 

A futura usina Rio Urucuia, de geração solar centralizada da norueguesa Scatec, já em construção em Minas Gerais, contará em seu projeto com um monitoramento 24 por 7, com o que há de mais avançado no setor elétrico internacional.

O empreendimento da Scatec, de 142 MW, no município de Pintópolis, entrará em funcionamento no primeiro semestre de 2026 com uma infraestrutura tecnológica e gama de equipamentos para monitorar toda a operação.

Serão 6 transformadores de potencial, para medir a tensão; 5 transformadores de corrente, para fornecer dados para o cálculo de energia; 4 estações meteorológicas, para a coleta de dados de temperatura ambiente, velocidade e direção do vento, bem como a temperatura dos painéis solares, a radiação solar no plano horizontal e nos planos inclinados das estruturas que sustentam os painéis solares, também conhecidas como trackers.

Rio Urucuia terá, ainda, pluviômetros, sensores capazes de detectar a radiação que é refletida a partir do solo, na parte de baixo do módulo, e de soiling, para aferir o grau de sujeira depositado sobre os painéis, que prejudica geração de energia.

Todos os sistemas de trackers na usina usarão comunicação wireless. Já, os demais equipamentos adotarão um sistema de fibra óptica na sua interligação. Do ar, um drone com câmeras especializadas, de última geração, fará inspeções visuais e térmicas dos painéis solares, das linhas de transmissão que compõem a usina, bem como de seus principais equipamentos, a fim de avaliar se há pontos de sobreaquecimento, ou trincas e micro trincas nos painéis.

Mas, talvez, o grande diferencial do monitoramento e da gestão da futura usina seja, também, o que está por trás dessa infraestrutura, em locais tão distantes quanto a África do Sul e Oslo, na Noruega.

Nova usina de Rio Urucuia, da norueguesa Scatec, será monitorada remotamente 24/7 a partir do Centro Global de Operações na África do Sul
Usina de Apodi, no Ceará

Centro na África do Sul

A Scatec possui, na África do Sul, um Centro Global de Operações que monitora 37 usinas solares e as usinas híbridas com baterias ao redor do mundo, para que possam operar em sua máxima capacidade de geração de energia e de armazenamento. Sua infraestrutura também é capaz de prever e responder a incidentes no local como ventos fortes, tempestades de areia, incêndios, enchentes, curtos-circuitos ou danos a equipamentos críticos causados por bombardeios — sem, ou ao menos, com impacto mínimo na geração.

Jaco De Jager, chefe do Centro Global de Operações (GOC) da Scatec na Cidade do Cabo, África do Sul, um engenheiro eletricista e eletrônico, lidera o monitoramento remoto de quase 5.000 MW de geração ao redor do mundo — incluindo países como o Brasil (lar da usina Mendubim de 531 MW), Ucrânia (onde três usinas produzem 329,9 MW em meio a uma guerra) e África do Sul (com plantas híbridas de 540 MW solar + 225 MW BESS.

O centro de operações consolida e processa dados de milhões de sensores instalados nas usinas da Scatec em cinco continentes. Algumas usinas, como Mendubim e Kenhardt, possuem cada uma, mais de um milhão de painéis solares e mais de 2.500 inversores. Esses são os maiores projetos da Scatec, em operação.

 Um Sensor para Cada Disjuntor

“Não importa o quão complexo seja esse vasto sistema espalhado por 19 países, temos um sensor em cada linha de painéis solares — e até mesmo em cada um dos nossos disjuntores. É mais caro, mas nos permite identificar a localização exata de qualquer problema a milhares de quilômetros de distância”, explica de Jager.

“Daqui da Cidade do Cabo, conseguimos geolocalizar a fileira específica de painéis solares que está com baixo desempenho — possivelmente atingida por um raio. Em seguida, usamos tecnologia de sensores infravermelhos para escanear todas as fileiras e localizar rapidamente os painéis danificados, garantindo uma disponibilidade de geração de 99,5%”, diz ele.

 Sob Bombardeio

A modularização é fundamental para a Scatec. Ela permitiu que a empresa mantivesse 70% de uma usina na Ucrânia operando mesmo após dois bombardeios durante a guerra com a Rússia — graças ao gerenciamento remoto do projeto.

Segundo de Jager, o GOC opera 24 horas por dia, todos os dias do ano. O prédio é energeticamente eficiente, conta com infraestrutura verde e possui redundância dupla para energia e dados. “Trabalhamos em três turnos de 8 horas para sempre apoiar as equipes de campo. Frequentemente alertamos as equipes sobre um problema com os rastreadores (as estruturas motorizadas que giram os painéis solares para seguir o sol) antes mesmo que percebam”, acrescenta.

A operação conta com servidores locais com 5 anos de dados armazenados por segundo e está conectada a um servidor em nuvem na Noruega com 20 anos de dados. Esse “mar de dados” é essencial para análise e previsão de falhas.

Análise e Previsão de Falhas

A equipe de De Jager é composta por engenheiros qualificados que colaboram com especialistas em análise de dados na sede da Scatec em Oslo, na Noruega. Eles analisam anomalias globais nos dados para resolver problemas específicos em campo. Um desafio recente envolveu um transformador em uma das usinas. “As falhas no transformador foram detectadas remotamente e a equipe foi enviada especificamente àquele equipamento com problema, o que minimizou as perdas”, acrescenta.

Outros problemas também são resolvidos a partir da Cidade do Cabo. Em um caso, uma fileira de rastreadores estava projetando sombra sobre a fileira seguinte durante o inverno, reduzindo a produção de energia. “Nossa equipe conseguiu reconfigurar os rastreadores para otimizar o nivelamento e eliminar o problema de sombreamento.”

O GOC da Scatec processa dados que disparam alarmes e procedimentos automáticos quando ações imediatas são necessárias tanto pela equipe da Cidade do Cabo quanto pelas equipes de campo. Por exemplo, em ventos fortes, os painéis são inclinados contra o fluxo de ar para evitar que se soltem e causem danos.

 150 MW Por Dia

Para De Jager, tecnologia nunca é suficiente. “As exigências do setor de energia estão em constante crescimento”, observa. O projeto Kenhardt na África do Sul, em operação desde dezembro de 2023, tem capacidade de 540 MW, além de um sistema de baterias de 225 MW/1.140 MWh. É uma das maiores instalações híbridas de energia solar mais armazenamento de energia do mundo. O projeto tem 9 quilômetros de extensão e três usinas solares de 180 MW que entregam 150 MW de energia despachável diariamente das 5h às 21h30, sob contrato de 20 anos com a Eskom, concessionária pública da África do Sul.

“Mas essa entrega é exigida todos os dias, no verão ou inverno — mesmo em dias nublados ou durante frequentes tempestades de areia”, enfatiza. As penalidades por falhas na entrega de energia são severas. “Precisamos saber se uma tempestade vai atingir a usina em um raio de 10 quilômetros para nos prepararmos e despachar energia das baterias, garantindo fornecimento ininterrupto.”

De Jager acrescenta que modelar a usina de Kenhardt foi um grande esforço, pois sua geração no verão é o dobro da do inverno. No dia mais curto do ano, durante o solstício de inverno, a planta gera apenas energia suficiente para carregar as baterias e exportar energia durante as 16,5 horas — exigindo até 7 horas de uso das baterias. “No inverno, as baterias têm dificuldade para carregar totalmente devido aos dias curtos. No verão, estão totalmente carregadas até as 11h30.” Essas variáveis são modeladas e simuladas para garantir que cada usina cumpra seu contrato.

 Sistemas de Informação

Infraestruturas robustas de software são essenciais para modelagem preditiva e integração de dados. O principal sistema de gerenciamento das usinas da Scatec (Supervisory Control and Data Acquisition – SCADA), o Prediktor, foi desenvolvido sob medida para o modelo operacional da empresa. O GOC também utiliza um CMMS (Sistema Computadorizado de Gerenciamento de Manutenção), além de sistemas para gestão de ordens de compra, controle de horas trabalhadas por técnicos de campo, estoque de peças sobressalentes e logística para garantir operações otimizadas e ininterruptas. A operação também utiliza banco de dados SQL da Microsoft e ferramentas de análise do Azure.

Embora sediado na Cidade do Cabo, De Jager enfatiza que a tecnologia proporciona à sua equipe um conhecimento profundo de todas as usinas da Scatec no mundo. “Estamos sempre conectados — 100% do tempo. Esse é o nosso trabalho”, conclui.

 

 

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