Novo robô autônomo, que auxilia no transporte dentro das indústrias, tem abordagem humanizada
Robios Cargo, da Human Robotics, é um robô de transporte de carga com capacidade de interação fabricado no Brasil. Ele conversa e sorri para os humanos
Imagine um futuro próximo em que profissionais de diversos setores compartilham seus espaços de trabalho com robôs. Juntos, colaboram em uma variedade de atividades, tornando-as mais eficientes e ágeis. O que soa como um enredo de ficção científica está se tornando uma realidade cada vez mais comum no Brasil.
Uma das últimas novidades nesse cenário é o robô desenvolvido pela Human Robotics. Trata-se do Robios Cargo, projetado para tornar o transporte de cargas seguro e rápido, principalmente em ambientes fabris.
A Human, sediada em Curitiba, é também responsável pelo primeiro robô brasileiro de autoatendimento e telepresença, totalmente interativo. Ele pode conversar, piscar e sorrir, proporcionando uma experiência humanizada. Agora, essa abordagem se estende à funcionalidade de transporte dentro das fábricas.
Equipado com inteligência artificial e sensoriamento por meio de câmeras de profundidade e visão computacional, o Robios Cargo apresenta precisão em seus deslocamentos. Pode ser chamado e enviado para qualquer ponto de uma indústria, seja por controle manual ou através de integração de sistema, permitindo o monitoramento em tempo real de seu trajeto.
Com capacidade de carga de até 40 quilos, sua estrutura integrada possui um layout de transporte configurável, adaptando-se às diferentes formas de cargas que precisam ser transportadas.
Dentre suas funcionalidades, destacam-se a navegação natural que o permite andar sozinho no mapa da empresa, bem como um leitor de código 2D que permite a leitura de códigos de barras e QR Codes para conferência em tempo real. Além disso, possui uma API aberta para integração com softwares e uma estação de recarga automática, para onde o Robios Cargo retorna quando necessário.
Em uma aplicação prática em um laboratório farmacêutico, o Robios Cargo assumiu o transporte de amostras de sangue, antes feito por pessoas que percorriam até 54 quilômetros por dia. Isso aliviou a carga dos funcionários, proporcionando precisão e segurança, reduzindo significativamente o risco de danos, e aumentando produtividade.
Olivier Smadja, fundador e CEO da Human Robotics: empresa também é responsável pelo primeiro robô brasileiro de autoatendimento e telepresença, totalmente interativo
Olivier Smadja, fundador e CEO da Human Robotics, destaca o impacto positivo dessa automação: “Com menos tarefas de transporte, os profissionais puderam concentrar sua expertise em diagnósticos ainda mais precisos, elevando a qualidade do serviço prestado. Agora, imagine esse potencial em um cenário em que 8 milhões de amostras médicas são transportadas mensalmente dentro de uma planta fabril. O impacto recai sobre a produtividade e competitividade de mercado, diretamente”.
E, além de suas funcionalidades, os robôs interativos e simpáticos conquistam a equipe, tornando o trabalho diário dos profissionais mais fácil e até mesmo mais divertido.
Olivier destaca, ainda, que toda a implementação do Robios Cargo é conduzida pela Human Robotics, incluindo configuração, suporte e treinamento. “Oferecemos atendimento personalizado em todo o território brasileiro. Ao contrário daqueles que adquirem robôs de fora e enfrentam desafios ao buscar assistência, em nossa empresa isso não acontece. Contamos com profissionais capacitados para fornecer todo o suporte necessário. E como os robôs são fabricados no Brasil, não há problema com peças de reposição e manutenção, caso precise”, explica.
Mercado da Robótica
O Brasil figura entre os 20 países com maior estimativa de receita proveniente da venda de robôs. Em 2016, esse mercado movimentou 225 milhões de dólares no país, e a expectativa é que esse valor ultrapasse 390 milhões em 2027, colocando o Brasil na 18ª posição no ranking de países com previsão de maiores receitas no mercado de robótica.
Globalmente, as projeções indicam que o mercado de robótica crescerá de US$25 bilhões em 2021 para até US$260 bilhões em 2030, segundo a empresa de consultoria BCG (Boston Consulting Group). Esse crescimento será impulsionado por mudanças no perfil do consumidor, crescimento econômico global e avanços tecnológicos, especialmente relacionados à inteligência artificial, internet das coisas e inteligência de máquina.
O uso de robôs está em ascensão tanto na indústria quanto nos serviços. De acordo com dados do Statista, site de inteligência de mercados, projeta-se um crescimento anual de 5,5% no faturamento mundial com robótica até 2027. A maior parte dessa receita será gerada nos Estados Unidos, na China e na Alemanha. Em 2023, esse mercado movimentou quase 45 bilhões de dólares com a produção de 4 milhões de robôs em todo o mundo.
Sabemos que o Brasil enfrenta desafios na corrida da automação industrial, tendo ficado para trás durante dez anos entre 2008 e 2017. Ao comparar esse movimento internacionalmente, percebemos a dificuldade de ingressar na quarta revolução industrial, e um dos motivos é a quantidade limitada de robôs industriais.
Para reverter esse cenário, a Human Robotics promove a tecnologia robótica acessível no Brasil. “Acreditamos que ao incentivar a fabricação local, desde o projeto até a fabricação e montagem, os custos de produção podem ser potencialmente reduzidos a longo prazo”, completa.