Regulação hídrica é destaque no último dia do Summit Agenda SP + Verde

Regulação hídrica é destaque no último dia do Summit Agenda SP + Verde

Painel reuniu SP Águas, ANA, Arsesp, Secretaria de Agricultura e setor privado para discutir segurança hídrica, uso racional, fiscalização e inovação no contexto das mudanças climáticas

Regulação hídrica é destaque no último dia do Summit Agenda SP + Verde

No segundo dia de encontros do Summit Agenda SP+Verde, realizado no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, o painel “Regulação e Gestão Climática dos Recursos Hídricos” reuniu especialistas para discutir como o país pode se preparar para um cenário de eventos extremos, escassez e enchentes crescentes tendo a regulação como instrumento estratégico para garantir segurança hídrica.

O debate foi mediado por Thiago Mesquita Nunes, diretor-presidente da Arsesp, que abriu a conversa questionando como o Brasil pode assegurar disponibilidade hídrica para todos os usos, da população às indústrias, da agricultura ao meio ambiente em um contexto de mudanças climáticas.

Legado do DAEE, segurança hídrica e nova regulação

A diretora-presidente da SP Águas, Camila Viana, ressaltou que o Estado de São Paulo entra em uma nova fase da gestão da água, combinando o legado de mais de 70 anos do antigo DAEE com uma agenda regulatória estruturada para o futuro.

“Estamos construindo uma institucionalidade voltada à segurança hídrica, somando a experiência histórica do DAEE ao novo olhar regulatório da SP Águas. Quanto mais estruturada for a regulação, maior será nossa capacidade de enfrentar o cenário de incertezas climáticas.”

Camila destacou que a SP Águas nasce com atribuições de fiscalização técnica sobre captações, outorgas e segurança de barragens, além da responsabilidade de consolidar normas dispersas em um único marco regulatório, sempre com a participação social.

“Não podemos tolerar a captação clandestina de água. Nosso papel é regular, fiscalizar e também incluir o usuário irregular no sistema, para que todos joguem sob as mesmas regras.”

Ela apresentou também os seis eixos da Agenda Regulatória da SP Águas, que envolve governança, outorga, cobrança pelo uso da água, monitoramento hidrológico, segurança de barragens e sustentabilidade dos recursos hídricos. Um dos investimentos em curso é a criação da Sala de Situação, hub de dados para monitoramento em tempo real de eventos climáticos, reservatórios e disponibilidade hídrica.

ANA alerta: mudanças climáticas já afetam o abastecimento no país

A diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Veronica Sánchez, reforçou que a crise climática se manifesta primeiro e de forma direta na água — seja em forma de escassez ou de cheias.

“As mudanças do clima são sentidas antes de tudo na água, porque ela impacta o que é essencial: a vida das pessoas. A escassez e as enchentes já são realidade, e a resposta precisa ser rápida, técnica e cooperativa.”

Veronica destacou que o Brasil precisa avançar simultaneamente na redução de perdas no sistema de abastecimento, na garantia de reservas hídricas para múltiplos usos e na integração de dados entre União, Estados e Agências Reguladoras.

“Nenhum ente da federação vai vencer essa agenda sozinho. Monitoramento, compartilhamento de informações e atuação conjunta são indispensáveis.”

Agricultura defende irrigação técnica e redução de perdas

O secretário-executivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Alberto Amorim, afirmou que o país vive hoje o efeito reverso da antiga crença de que a água era um recurso infinito.

“O Brasil nunca teve problema de excesso, e agora a falta nos obriga a rever o uso da água. O pior desperdício não está só no consumo, mas nas perdas — e elas ainda são muito altas.”

Ele enfatizou que irrigação não é simplesmente “molhar”, mas uma técnica que exige planejamento e eficiência, citando manuais técnicos elaborados pela CATI e USP. Amorim também mencionou a importância da integração contínua entre órgãos públicos para tornar disponíveis os dados hidrológicos necessários à gestão.

Inovação, reuso e água positiva: visão global sobre o futuro

O painel também trouxe a perspectiva da iniciativa privada com o fundador da Aqua Positive e secretário-geral do Water Positive Think Tank, Alejandro Sturniolo, que defendeu que o Brasil não precisa importar modelos de gestão hídrica, pois ainda possui uma das maiores disponibilidades de água doce do mundo.

“O conceito de ‘water positive’ significa devolver mais água ao meio ambiente do que se consome. Isso passa por eficiência, reuso, dessalinização, captação de chuva e revitalização de aquíferos. É possível, é viável e já está acontecendo em vários países.”

Para ele, o país precisa acelerar soluções que combinem tecnologia, redução de consumo e regeneração de mananciais.

O debate reforçou que o enfrentamento da crise climática exigirá não só obras e infraestrutura, mas sobretudo governança, integração institucional, regulação moderna e gestão baseada em dados.

O Summit Agenda SP+Verde encerra com a mensagem de que a política de recursos hídricos deixa de ser apenas um tema ambiental e passa a ocupar o centro da agenda climática, regulatória e econômica do Estado — um passo essencial rumo à universalização do acesso, ao saneamento completo e ao uso racional da água em tempos de incerteza.

Sobre o evento

O Summit Agenda SP+Verde é um evento internacional pré-COP promovido pelo Governo de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e USP. O encontro reúne especialistas, lideranças e representantes da sociedade para debater desenvolvimento sustentável e economia verde.

A estrutura montada no Parque Villa-Lobos conta com cinco palcos, rodada de negócios, área de inovação, Casa da Circularidade, espaço gastronômico e atrações culturais.

Os debates estão organizados em quatro eixos temáticos: Finanças Verdes, Resiliência e o Futuro das Cidades, Justiça Climática e Sociobiodiversidade e Transição Energética e Descarbonização. Uma trilha de economia circular também conecta todos os palcos e se estende à Casa da Economia Circular, com vivências e workshops sob curadoria do Movimento Circular.

Na área de inovação, universidades e institutos tecnológicos discutem o papel da pesquisa e da tecnologia na transformação climática de São Paulo. No palco principal, a economia verde é o centro das discussões, com presença de lideranças políticas e convidados nacionais e internacionais.

O Summit é resultado de uma ampla mobilização pelo desenvolvimento sustentável e conta com patrocínio de Cosan, Comgás, Edge, Rumo, Sabesp, Itaú, Amazon, Votorantim Cimentos, EcoUrbis, Solví, Loga, Motiva, EDP, Veolia, CPFL Energia, Metrô, Stellantis, Ecovias, Toyota, JHSF, TetraPak, Aena, Scania, AstraZeneca, Weg e Bracell; além de apoio institucional da Fiesp, Senai, Única, Aesabesp, Abrainc, Secovi-SP, Associação Comercial de São Paulo, Pateo 76, Abiogás, SP Águas, Cetesb, DER-SP, Fundação Florestal, Arsesp, SPTrans, Prefeitura de Campinas, B3, The Nature Conservancy, CEBDS, Pacto Global, SOS Mata Atlântica, Movimento Circular, União BR, Circular Brain, CET-SP, Dia da Terra, Instituto de Conservação Costeira, Inovaclima, IPT, Zeros, Ideia Sustentável, Kearney, Instituto Baccarelli, Zero Summit, Parque Villa-Lobos, NEOOH, Global Renewables Alliance (GRA) e Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), MBRF, White Martins e Microsoft.

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