Relatório oficial conclui que geração solar não causou apagão na Europa
Documento técnico aponta combinação de fatores que provocou sobrecarga de tensão no sistema elétrico da Espanha, com reflexos em Portugal e na França
O relatório oficial sobre as causas do apagão na Europa concluiu que a geração solar não foi a causa dos eventos que provocaram a queda de eletricidade que atingiu Espanha, Portugal e França no último dia 28 de abril. Publicado recentemente pelas autoridades espanholas, o documento técnico, com mais de 180 páginas, aponta para uma combinação de fatores que provocou sobrecarga de tensão no sistema elétrico da Espanha, com reflexos em Portugal e na França.
Em declarações públicas, a ministra da Transição Ecológica da Espanha, Sara Aagesen, afirmou que “houve falhas na resposta de outros operadores e distribuidores de energia na Espanha, com suspeitas de descumprimento dos protocolos previstos para situações de sobrecarga de tensão. Havia parque gerador suficiente para responder, deixando claro que o problema não foi a falta de geração, mas sim o fato de a Red Eléctrica não ter programado toda a energia que deveria no dia anterior ou nas horas que antecederam o incidente.”
Diversas entidades do setor de renováveis soltaram comunicado conjunto sobre o relatório técnico oficial. Assinada pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), a União Espanhola Fotovoltaica (UNEF), a SolarPower Europe (SPE), o Global Solar Council (GSC) e o Global Renewables Alliance (GRA), a carta destaca que “a energia solar fotovoltaica não foi a causa do apagão. A investigação confirma que a gestão de um sistema elétrico é uma tarefa complexa, multifacetada e de grande importância para a sociedade e que o apagão ibérico deve ser um momento de aprendizado.”
Segundo as entidades, a energia solar fotovoltaica já possui capacidade de controle de tensão, mas as regulamentações não permitiam que exercesse essa função. E acrescentam: “este é um chamado para acelerar os investimentos em resiliência da rede e flexibilidade do sistema – especialmente por meio de inversores com formação de rede (grid-forming inverters) e armazenamento em baterias. Essas tecnologias já estão disponíveis e são fundamentais para sustentar níveis estáveis de tensão, lidar com a variabilidade e garantir segurança energética com fontes renováveis.”
Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR ), Rodrigo Sauaia, a fonte solar contribui para diversificar e aumentar a robustez das matrizes elétricas, sem renunciar à competividade e sustentabilidade. Além, disso, é altamente versátil, possuir ágil implantação e oferecer rápida recomposição da operação. “Quando combinada com baterias, torna-se ainda mais flexível para operação segura e sustentável de um sistema elétrico”, esclarece.
“A transição energética precisa avançar com mais ambição e visão estratégica. Investir em resiliência e flexibilidade é parte deste processo. A tecnologia fotovoltaica é madura e competitiva”, conclui Sauaia
Veja comunicado das associações na íntegra:
Sejamos claros: a energia solar fotovoltaica (PV) não foi a causa do apagão. A investigação confirma que a gestão de um sistema elétrico é uma tarefa complexa, multifacetada e de grande importância para a sociedade.
O apagão ibérico deve ser um momento de aprendizado. A energia solar fotovoltaica já possui capacidade de controle de tensão, mas as regulamentações não permitiam que ela exercesse essa função.
Este é um chamado para acelerar os investimentos em resiliência da rede e flexibilidade do sistema – especialmente por meio de inversores com formação de rede (grid-forming inverters) e armazenamento em baterias. Essas tecnologias já estão disponíveis e são fundamentais para sustentar níveis estáveis de tensão, lidar com a variabilidade e garantir segurança energética com fontes renováveis.
No ano passado, a Espanha ficou em 14º lugar na Europa em termos de instalação de baterias, com menos de 250 MWh de novas baterias, comparado a 9 GW de nova capacidade solar. Quase todas as novas instalações eram de baterias de pequeno porte, não em escala de concessionárias. Mesmo antes do apagão, o mercado espanhol já respondia a essa necessidade clara de mais armazenamento e flexibilidade.
Em 2025, espera-se que a Espanha suba para o top 5 do mercado europeu de baterias, graças à retomada do segmento de baterias em escala de concessionária. Agora cabe às autoridades garantir que o setor consiga entregar os resultados.
A energia solar é a tecnologia energética de crescimento mais rápido da história. É também a fonte de energia mais barata na maior parte do mundo e representa uma tábua de salvação para a indústria europeia e global, que enfrenta custos estruturais elevados de energia. A energia solar não é um recurso que possa ser simplesmente desligado – e, por isso, apoia intrinsecamente a nossa segurança energética.
Segundo a Agência Internacional de Energia, a energia solar será a maior fonte de eletricidade do mundo até 2033. A energia solar, as renováveis e a eletrificação continuam sendo o caminho a seguir para a Europa – e para o mundo.
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