Seguro Rural se torna vital para cafeicultores do Rio em meio ao avanço do semiárido

Seguro Rural se torna vital para cafeicultores do Rio em meio ao avanço do semiárido

Com 70% da produção estadual concentrada no Noroeste Fluminense, mudanças climáticas e estiagens severas colocam em risco a sustentabilidade da cadeia do café e pressionam por mais investimentos em proteção agrícola

Seguro Rural se torna vital para cafeicultores do Rio em meio ao avanço do semiárido

O agravamento das mudanças climáticas e a intensificação de eventos extremos, como secas prolongadas, têm imposto novos desafios à produção cafeeira no Brasil. Nesse cenário, o Seguro Rural se consolida como um instrumento indispensável para a sustentabilidade da atividade agrícola, especialmente para os cafeicultores das regiões Sudeste e Sul do país.

Entre janeiro e abril de 2025, o setor segurador, de acordo com dados da Confederação Nacional das Seguradoras, desembolsou cerca de R$ 2 bilhões em indenizações no âmbito do Seguro Rural, alta de 8% em relação ao ano anterior, demonstrando a importância dessa proteção para mitigar perdas em lavouras atingidas por adversidades climáticas. O café, cultura de alta sensibilidade a variações de temperatura e precipitação, está entre as mais impactadas, e, por isso, entre as que mais demandam cobertura.

A urgência do tema se intensifica diante da recente inclusão das regiões Norte e Noroeste Fluminense no Mapa do Semiárido, oficializada pelo Governo Federal. O clima semiárido é marcado por baixa precipitação, altas temperaturas, chuvas irregulares e longos períodos de estiagem.

“Nos últimos anos, estas regiões vêm experimentando menos chuva, temperaturas médias mais altas e maior evaporação, aumentando o risco climático para qualquer atividade agrícola”, alertou Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). O Noroeste Fluminense é o principal polo cafeeiro do Rio de Janeiro, responsável por cerca de 70% a 80% da produção estadual, composta majoritariamente por café arábica de alta qualidade. Há destaque crescente para cafés especiais, reconhecidos por premiações nacionais e internacionais.

O Senado Federal aprovou, nesta semana, o Projeto de Lei 1.440/2019, que amplia a delimitação do Semiárido brasileiro, incluindo os 22 municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense na área reclassificada. Com a mudança, agricultores dessas regiões passam a ter direito ao Benefício Garantia-Safra, mecanismo de proteção contra perdas ocasionadas por estiagens e outros eventos climáticos adversos.

Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a iniciativa terá um impacto econômico de R$ 22 milhões por ano, destravando o acesso ao crédito rural e estimulando investimentos na cadeia produtiva agroindustrial nas duas áreas geográficas. O PL se baseia em critérios técnicos apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Toyama acredita que, a proteção de riscos climáticos, através de seguros, proporciona mais tranquilidade para o sistema, e os agricultores podem investir em tecnologia, insumos, infraestrutura e práticas agrícolas resilientes, elevando a produtividade e reduzindo riscos. “A cadeia produtiva agroindustrial envolve todos os segmentos ligados ao agronegócio: desde o plantio e manejo agrícola até a indústria de processamento, armazenagem, transporte e comercialização dos produtos. A iniciativa cria um ambiente mais atraente e seguro para investidores, acionando um ciclo virtuoso: mais crédito leva a mais investimentos, que aumentam o valor agregado dos produtos e geram novos negócios”.

“O Seguro Rural deixa de ser uma alternativa e se torna uma necessidade diante das volatilidades climáticas que estamos enfrentando. Ele assegura a continuidade da produção e protege o cafeicultor da quebra total em anos de intempéries”, destaca Glaucio Toyama. Além de proteger o patrimônio do produtor, o seguro é também uma ferramenta de estabilidade econômica, evitando o colapso de cadeias produtivas inteiras e reduzindo a pressão por renegociação de dívidas ou auxílios emergenciais.

Com a perspectiva de um futuro climático mais incerto, ampliar o acesso ao Seguro Rural e garantir recursos estáveis para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) se torna ainda mais urgente para que o café brasileiro continue sendo referência mundial, mesmo em tempos de solo seco e clima imprevisível. Até setembro deste ano, antes do início do plantio da próxima safra, o Governo Federal apresentará um novo modelo de seguro rural.

A decisão, respaldada por dados da Embrapa e da Sudene, reconhece o avanço da aridez em municípios tradicionalmente produtores de café e outras culturas de base familiar. A nova classificação permitirá que os agricultores dessas localidades tenham acesso a políticas públicas voltadas ao semiárido, mas também acende um alerta sobre a necessidade de fortalecer os mecanismos de gestão de risco, como o seguro rural.

O deputado federal Wladimir Garotinho (PP-RJ) também reforçou essa pauta no Congresso ao apresentar o PL 1.440/2024, que trata de incentivos ao desenvolvimento sustentável em áreas atingidas por estiagens severas. A proposta menciona o seguro rural como peça estratégica para manter a renda do agricultor e garantir segurança alimentar no campo.

 

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