Sementes de hortaliças resistentes ao frio ganham destaque em meio à onda de pedidos
Testes de campo em regiões frias permitem a seleção de cultivares mais adaptadas às condições climáticas adversas
Com a intensificação da onda de frio que atingiu o Brasil em junho, alcançando seu auge nesta quarta-feira (25), diversas cidades das regiões Sul e Sudeste enfrentaram vítimas que impactaram diretamente a produção agrícola, inclusive a horticultura. No campo, hortaliças tolerantes às baixas temperaturas e outras adversidades climáticas são mostradas cada vez mais importantes para garantir produtividade e qualidade aos produtores rurais, mesmo em desafios.
De acordo com o coordenador da Estação Experimental da Agristar do Brasil de Ituporanga (SC), Rubens Deuttner, o clima do Sul impõe condições bastante distintas das observadas em outras áreas produtoras do país, como é o caso das regiões Centro-Oeste e Nordeste. “Os principais obstáculos climáticos que enfrentamos no Sul são o frio rigoroso, a baixa luminosidade e o volume excessivo de chuvas. Esses fatores interferem diretamente no desempenho das culturas”, afirma.
As variações ambientais, como explica o especialista, deixam os materiais com hábitos de crescimento, além de alterar o ciclo das plantas, sua aparência e até mesmo a sanidade dos cultivos. “Um mesmo material que tem um desenvolvimento padrão em outras regiões, pode ter o ciclo prolongado no Sul, devido ao frio e à falta de luminosidade, ou apresentar formato diferente e coloração de fruto alterado, por exemplo”, explica Deuttner.
Para enfrentar esses desafios, a Agristar aposta análises em estratégias que consideram as particularidades de cada localidade. Algumas cultivares possuem rusticidade elevada e resistência genética a doenças foliares provocadas por umidade excessiva, como bactérias, míldio e botrytis. “Avaliamos essas características em culturas como a cebola, por exemplo, selecionando materiais com tolerância natural”, detalhes Rubens Deuttner.
Segundo ele, os ensaios de campo, especialmente em ambientes com clima controlado ou monitorado, têm papel decisivo nesse processo. Nesses experimentos, é possível identificar cultivares com maior capacidade de adaptação. “Comparamos variedades tradicionais e novos híbridos, e quando um lançamento demonstra desempenho superior, ele passa a ser acompanhado com mais atenção”, enfatizou o coordenador da estação experimental de Ituporanga.
Deuttner destaca ainda a vantagem das sementes híbridas em comparação às variedades ocasionais: “Trabalhamos com um banco genético extenso e realizamos seleção regional. Buscamos híbridos que apresentem menor estiolamento na ausência de luz, maior vigor e bom rendimento mesmo em condições climáticas adversas.”
Essas análises colaboram diretamente com a rotina do agricultor. Na prática, os resultados indicam quais materiais oferecem mais segurança em diferentes cenários climáticos, sejam eles desenvolvidos ou desafiadores. A prioridade é fornecer sensações com resistência genética, produtividade e excelência. Embora algumas cultivares exijam manejos nutricionais ou fisiológicos específicos, os técnicos acompanham cada introdução ao mercado. “Dependendo da cultura, podem existir orientações adicionais, mas isso é tratado pontualmente com o auxílio da nossa equipe especializada”, completa Rubens Deuttner.
O investimento contínuo da Agristar em estações experimentais é apontado por ele como um diferencial competitivo. “Enquanto outras empresas não dispõem de estrutura em regiões de clima especificamente para analisar esses desafios, nós temos estações em diversos pontos do Brasil, justamente para testar os materiais sob diversas condições. Isso reforça nosso compromisso com o produtor, especialmente em regiões onde os imprevistos climáticos são frequentes”, finaliza.