Semicondutores – NOTA SAE BRASIL
O cenário atual do mercado de semicondutores está afetando a produção mundial de veículos automotores. Frente aos impactos que a indústria nacional vem sofrendo, a SAE BRASIL busca analisar o contexto vivenciado pelo setor e contribuir, através de conhecimento estruturado, que compartilhamos aqui.
A crise de abastecimento de semicondutores afeta todos os setores da economia e ocorre em escala global. As fábricas que se dedicam à produção destes componentes se desenvolveram convergindo para uma concentração de unidades fabris na Ásia. Essa concentração fez com que países como o Brasil ficassem dependentes de uma complexa logística.
A fragilidade do abastecimento e os impactos na cadeia produtiva suscitaram intenso debate, provendo informações que levam a rever se processos Just-in-Time são os mais adequados para este tipo de insumo.
A grande variedade de componentes e o ciclo de vida cada vez mais curto dos produtos intensificam o desafio. Agregado a estes fatores, reconhece-se que no caso do Brasil os volumes demandados são pequenos quando comparados aos volumes globais, impactando diretamente na priorização de abastecimento pelos fabricantes.
O fluxo de processos, desde a prospecção de matérias-primas até a aplicação final dos semicondutores, envolve uma alta complexidade tecnológica, elevados investimentos e longo tempo de implementação. Devido a estas condições, o desenvolvimento desta indústria para aplicação automotiva não se tornou viável no Brasil até o momento. No entanto, diante do cenário da escassez de semicondutores, as premissas assumidas nas análises passadas podem não ser mais válidas.
Há uma variedade de mecanismos de incentivo que permeiam a temática dos semicondutores e podem ser bem aproveitados para estimular o desenvolvimento local buscando o fortalecimento da indústria nacional.
Um elemento fundamental para a alavancagem da indústria é a qualificação de mão de obra e o Brasil possui uma sólida e ampla estrutura de formação de profissionais.
A matriz SWOT apresentada ao final deste documento correlaciona os pontos discorridos acima e apresenta uma maior riqueza de detalhes. Na matriz podem-se identificar oito elementos (referenciados pelas letras de A a H).
Cada um destes elementos possui diferentes aspectos. Quando estes aspectos se referem ao ambiente interno, o elemento (A-H) se enquadra como uma Fortaleza, quando os aspectos forem favoráveis ao tema, ou como Fraqueza, quando os aspectos forem desfavoráveis. E quando os aspectos se referem ao ambiente externo, o elemento (A-H) se enquadra como uma Oportunidade ou Ameaça, se os aspectos forem favoráveis ou desfavoráveis respectivamente.
Avaliando-se os aspectos levantados, recomenda-se o mapeamento da cadeia de valor da indústria de semicondutores, juntamente com o mapeamento dos recursos disponíveis, assim como a identificação das potencialidades e prioridades locais.
Estes pontos fomentam a reflexão para a tomada de decisão de como o Brasil pode tratar estrategicamente o tema semicondutores para fortalecer sua atuação e reduzir a dependência global, viabilizando o desenvolvimento direto e indireto de diversos setores da economia e da ciência e tecnologia, dentre eles, o setor da mobilidade.
A crescente utilização de semicondutores na digitalização, nas tecnologias de conectividade e no uso doméstico de eletrônicos, além dos aspectos próprios da transformação corrente das tecnologias de mobilidade, ratificam a relevância deste debate para a indústria brasileira.
Essa simples contribuição através da matriz SWOT é uma parte do debate que temos feito. Estamos de portas abertas para acolher a todos que queiram se juntar a nós para continuarmos buscando soluções para a carência de semicondutores para nossa indústria.
S FORÇAS |
W FRAQUEZAS |
O OPORTUNIDADES |
T AMEAÇAS |
A – Capacidade profissional
Potencial perfil do profissional brasileiro
B – Mercado Interno Forte em celulares e notebooks
C – Matéria-prima Reservas de Terras Raras
F – Incentivos Leis da Informática, Rota 2030, Programa PADIS e ex-tarifário
G – Capacidade produtiva Estatal, fábricas locais, etapas do processo disponíveis e matriz energética
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A – Capacidade profissional
Baixa disponibilidade de profissional brasileiro
D – Custo Custo Brasil
E – Logística Distância dos fornecedores pela falta de opções locais e dependência dos globais
F – incentivos Política Industrial
G – Capacidade produtiva Protagonismo para a criação de parcerias
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A – Capacidade profissional
Formação/capacitação e parceria academia-indústria
B – Mercado Interno Digitalização do agronegócio, eletrificação, 5G, padronização de componentes
C – Matéria-prima Matéria-prima local e desenvolvimento de novos materials
D – Custo Melhoria de processos e controle de Draw Back
E – Logística Descentralização estimulada pela pandemia e repensar Jus-in-Time para certos itens
F – incentivos Política de longo prazo e incentivo a design houses
G – Capacidade produtiva Priorização de itens, consórcios e parcerias, diferenciação
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A – Capacidade profissional
Exportação de mão-de- obra
B – Mercado Interno Demanda local relativa ao mundo, grande variedade de componentes, ciclo de vida curto
C – Matéria-prima Dependência de insumos importados
D – Custo Protecionismo fiscal
E – Logística Concentração e escala da Ásia e aceleração tecnológica de “novos emergentes”
F – incentivos Baixo investimento em Ciência e Tecnologia
G – Capacidade produtiva Investimento alto, tempo de implementação, desindustrialização local
H – Cenário político Mudança constante de leis e política
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(Fonte: Assessoria de imprensa)