Seminário MBCBrasil apresenta estudo que reforça o papel dos biocombustíveis como solução imediata para a descarbonização dos transportes
Trabalho liderado pela Profa. Dra. Glaucia Souza aponta que o Brasil pode reduzir até 800 milhões de toneladas de CO₂ até 2030, sem comprometer a produção de alimentos
A partir da esq. Erasmo Battistella (Be8); Evandro Gussi (UNICA); José Eduardo Luzzi (MBCB); Prof. Glaucia Souza; Priscilla Cortezze (Copersucar); Dep. Fed. Arnaldo Jardim
A descarbonização dos transportes foi o tema central do seminário “Brasil em Movimento: Segurança Energética e Alimentar – As rotas para o sucesso dos biocombustíveis e da bioeletrificação”, promovido pelo Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCBrasil), realizado em 16 de junho, em São Paulo. O encontro reuniu representantes do setor público, Governo, iniciativa privada e academia, e marcou a apresentação do estudo “Biocombustíveis como solução imediata e eficaz para a descarbonização do transporte”, conduzido pela Professora Doutora Glaucia Souza, da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa BIOEN da FAPESP, que recebeu no mês passado o mais alto nível de reconhecimento do Governo Brasileiro, o título de Comendadora da Ordem de Rio Branco, pelas mãos do Presidente, por sua notável contribuição à diplomacia científica e ao avanço da sustentabilidade.
O estudo apresentado trouxe uma mensagem clara de que o Brasil não precisa esperar por inovações tecnológicas futuras para reduzir suas emissões no transporte. O documento, produzido com o apoio da Be8, revela que a bioenergia já corresponde a 50% dos recursos renováveis globais e que os biocombustíveis são vitais para conter o aquecimento global, com necessidade de expansão de 2,5 vezes até 2030. Isso representaria um corte de quase 800 milhões de toneladas de CO2 fóssil, ou 10% das emissões globais atuais do transporte.
Durante a abertura do Seminário, José Eduardo Luzzi, coordenador do Conselho de Administração do MBCBrasil, destacou a importância do encontro. “Este seminário é um marco para o debate sobre a mobilidade sustentável no país. Nosso objetivo é apresentar soluções concretas, baseadas em ciência e reforçar que o Brasil tem um potencial imenso para liderar a descarbonização do transporte. Temos a tecnologia, a capacidade produtiva e um histórico de sucesso no uso de biocombustíveis. Transformar esse potencial em ação, tanto no campo dos biocombustíveis quanto na bioeletrificação, é uma questão de estratégia e compromisso”, declarou.
A professora Glaucia Souza, em sua apresentação, destacou o potencial transformador dos biocombustíveis em um dos maiores mercados de transporte do mundo. “Os biocombustíveis são muito mais do que uma alternativa, mas uma realidade que o Brasil já domina. Eles desempenham um papel essencial na transformação do setor de transporte, não só pela redução de emissões de CO₂, mas também pela possibilidade de integração com tecnologias existentes, proporcionando um impacto direto na mitigação das mudanças climáticas e desenvolvimento socioeconômico”, afirmou a professora.
O estudo também rebate uma das críticas mais comuns ao uso de biocombustíveis: a suposta competição com a produção de alimentos. Segundo Glaucia, os dados analisados mostram que essa correlação não se sustenta cientificamente.
A pesquisa reforça que a agricultura pode, em paralelo, prover biomassa para vários produtos, por exemplo, alimentos, biocombustíveis, bioeletricidade, outros usos e reciclar os resíduos. Além disso, práticas agrícolas como o cultivo duplo têm mostrado que a agricultura pode contribuir para chegarmos à neutralidade de carbono, melhorando a eficiência do uso da terra e promovendo co-benefícios como a biodiversidade e o sequestro de carbono no solo. “Desmistificar essa falsa competição entre alimentos e bioenergia é essencial. Os biocombustíveis, quando produzidos de forma sustentável, podem ser um motor de desenvolvimento e potencializar a sustentabilidade do setor agrícola, abrindo novos mercados e valorando a nossa produção”, destacou a professora Glaucia Souza.
O debate também contou com a participação de Erasmo Carlos Battistella, CEO da Be8; Evandro Gussi, presidente e CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) e membro do conselho do MBCBrasil; Arnaldo Jardim, deputado federal, relator do combustível do futuro e foi comandado por Priscilla Cortezze, Diretora de Comunicação da Copersucar. De acordo com o executivo da Be8, os biocombustíveis representam uma oportunidade de modernização e fortalecimento da indústria brasileira, especialmente no campo da bioenergia. “Nossa missão é defender o uso dos biocombustíveis como ferramenta de descarbonização, além de promover o fortalecimento do setor agrícola e da cadeia produtiva nacional”, afirmou Erasmo Battistella.
Gussi complementou sobre a necessidade de um arcabouço regulatório favorável, com políticas públicas consistentes e de longo prazo. “É preciso haver alicerce para que o setor de biocombustíveis continue inovando e expandindo sua contribuição para a matriz energética brasileira e para o cumprimento das metas ambientais. O diálogo fomentado pelo MBCBrasil é essencial para construir essas pontes entre o setor e o poder público, garantindo previsibilidade e segurança para os investimentos necessários”.
O estudo também coloca os biocombustíveis como um dos pilares para a formação de uma ‘economia verde’ no Brasil. Com o aumento da demanda global por soluções de baixo carbono, as projeções apontam que, até 2030, o Brasil poderia ampliar significativamente sua participação no mercado global de biocombustíveis, posicionando-se como líder mundial no setor e gerando milhares de novos empregos sustentáveis.
“Juntos, podemos transformar o Brasil em um exemplo mundial de como os biocombustíveis serão uma das soluções para a descarbonização. Combinando nosso conhecimento, tecnologia e capacidade produtiva, temos condições de mostrar ao mundo que é possível aliar produção agrícola e sustentabilidade. O MBCBrasil está na linha de frente dessa transformação, promovendo a integração entre biocombustíveis e bioeletrificação como caminhos complementares para uma mobilidade de baixo carbono. Este seminário é mais um passo concreto nessa direção”, concluiu Luzzi.
Clique aqui para acessar o estudo na íntegra