Setor bioenergético ganha rota estruturada para transformação digital e inovação com possibilidade de aporte de até R$ 1 milhão em soluções escaláveis
- Programa Rota Inova Rural parte de dores reais do setor para desenvolver soluções com aplicação direta e potencial de escala
- Idealizado e desenvolvido pela Treesales, programa conta com apoio de empresas, universidades e startups
- Iniciativa foi criada em Ribeirão Preto e envolve diversas entidades do setor de bioenergia e da região
O setor bioenergético passa a contar com um novo programa estruturado para estimular a transformação digital e a inovação aplicada e a busca por soluções tecnológicas para desafios concretos da cadeia produtiva. O Rota Inova Rural, iniciativa liderada pela Treesales, desenvolvida em Ribeirão Preto (SP) e anunciada nesta semana, propõe uma nova abordagem para resolver problemas complexos do segmento bioenergético por meio da articulação entre empresas, universidades e startups.
A iniciativa parte de um modelo reverso em que as empresas apontam as dores reais da operação, e a partir disso são acionados estudantes universitários e startups com capacidade técnica para desenvolver soluções para os desafios do setor. O processo é estruturado em etapas como imersão, mentoria, validação e testes de aplicabilidade, com possibilidade de aportes diretos entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão em soluções que demonstrarem potencial de escala, mediante alinhamento e interesse das empresas participantes.
De acordo com o CEO da Treesales, Luciano Fernandes, o Rota Inova Rural nasce como uma estratégia para organizar o ecossistema de inovação do setor bioenergético em torno de desafios concretos. “A proposta é conectar quem tem o problema com quem tem o conhecimento e a tecnologia para resolver, criando um ambiente estruturado para uma transformação digital com retorno real”, explica o executivo.
Modelo estruturado
A estrutura do programa prevê o envolvimento de empresas madrinhas, que orientam os temas estratégicos, participam da validação das soluções e contribuem para a viabilidade das propostas. Universidades da região mobilizam grupos de estudos e startups são selecionadas conforme aderência técnica e maturidade das soluções a serem aplicadas nas empresas.
Antes mesmo do lançamento oficial do programa, o Rota Inova Rural já contava com quatro empresas madrinhas e as inscrições para demais empresas interessadas seguem abertas até o final de junho.
Para o Diretor de Inovação da Treesales, Julio Mila, o diferencial do programa está na logística reversa, em que se parte das dores reais das empresas e, a partir delas, mobiliza-se o ecossistema. “O objetivo é gerar soluções aplicáveis, validadas e com potencial de escala. Desta maneira, as empresas madrinhas são as protagonistas no direcionamento do que realmente importa resolver”, afirma o executivo.
O programa também oferece um espaço na “Área 51”, situada no hub de inovação Dabi Business Park, além de formações em inteligência antecipatória para que as empresas madrinhas consigam projetar cenários de futuro e tomar decisões estratégicas com base em dados e tendências.
Região com vocação para inovação aplicada
A escolha de Ribeirão Preto como sede do programa não é casual. A cidade é considerada um dos principais polos de bioenergia do mundo, e está situada no centro de uma das regiões mais industrializadas do interior brasileiro. A Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), com 34 municípios e cerca de 1,7 milhão de habitantes, reúne um ecossistema consolidado de inovação com mais de 80 ambientes de apoio, entre incubadoras, aceleradoras, laboratórios e hubs.
Levando em consideração o contexto regional, a importância do programa foi destacada pela Secretária Municipal de Desenvolvimento e Inovação de Ribeirão Preto, Suely Vilela. “Ao integrar todos esses players com foco em resultados, o Rota Inova Rural transforma a maneira como enfrentamos os gargalos do setor. Estamos diante de um novo modelo de colaboração entre diferentes atores da cadeia e temos orgulho em ser parceiros de um programa que posiciona a nossa região como protagonista na transformação digital, inovação aberta e na conexão entre empresas, universidades e startups”, destaca.
Relevância do setor bioenergético
Segundo o mapeamento mais recente conduzido pelo SUPERA Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, a RMRP abriga atualmente 348 startups ativas, sendo 51 delas do segmento de agtechs. Esse grupo, que representa 14,6% do total e ocupa a segunda colocação entre os diferentes setores de startups da região, tem mostrado crescimento constante nos últimos anos, o que reforça o papel do agronegócio para o desenvolvimento regional.
Para Rosana Amadeu, Presidente do CEISE BR e madrinha do programa, a iniciativa dialoga com as raízes do setor e com o momento de transição energética vivido pelo país. “O DNA da cana-de-açúcar está presente em tudo o que fazemos. Cresci dentro de uma usina, e ver esse movimento articulado pela inovação me emociona. O Rota Inova Rural canaliza a energia coletiva da região para transformar o setor. Acreditamos que colaboração, ousadia e inteligência coletiva são essenciais para essa nova fase da bioenergia”, afirma.
Além do potencial do agronegócio e da presença de grandes grupos bioenergéticos, a região abriga universidades, hubs de inovação e eventos internacionais ligados ao setor, como a Fenasucro & Agrocana, maior feira de bioenergia do mundo, realizada em agosto, em Sertãozinho (SP). O evento reúne visitantes de mais de 60 países e serve como vitrine para soluções inovadoras do setor.
De acordo com o Diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone, o Rota Inova Rural confere a oportunidade de desenvolver soluções aplicáveis que podem transformar o futuro das próximas gerações. “A inovação que o setor precisa já está aqui. O Rota Inova ativa o conhecimento do território e conecta agentes que muitas vezes não se encontram no dia a dia. Esse programa é o início de um novo ciclo, e a Fenasucro será o espaço para ampliar sua visibilidade e escala”, afirma o executivo.
O Rota Inova Rural é uma realização da Treesales, com correalização do Imma e apoio de diversas instituições como Área 51, Dabi Business Park, Prefeitura de Ribeirão Preto (Secretaria de Inovação e Desenvolvimento), Fenasucro & Agrocana, CEISE Br, NEP Bio, FAESP, AEAARP, Harven Agribusiness School, Fatec Taquaritinga, Fatec Sertãozinho, Centro Universitário Barão de Mauá, SENAR, Supera Parque, Inova.Jab, Sebrae for Startups, Arara Seed, Udop e Instituto Agronômico de Campinas (IAC).